António Veríssimo
Chegou a oposição
do estado do sítio laranja a que Portugal ficou entregue por iniciativa de
Cavaco Silva. Essa oposição chama-se José Sócrates. Foi o que permitiu perceber
durante cerca de uma hora e meia a entrevista ao ex-primeiro-ministro José Sócrates
que há poucas horas a RTP transmitiu. Cavaco Silva foi o bombo da festa.
Justificadamente. Faltou dizer a Sócrates que Cavaco não nasceu por ter sido
parido, mas sim vomitado.
Na verdade,
recuando ao tempo em que Cavaco ascendeu a maioral do PSD e posteriormente a
primeiro-ministro, o sujeito caiu de pára-quedas como que por encomenda de um
lobie qualquer e num lá-vai-disto que deixou quase todos patarecos (perpelxos)
foi guindado ao estrelato político injustificado com todos os seus odores a
bolor, a cinzento e a Salazar. Curioso é que depois desse “crime” de se manter
no primado de capataz (PM) por quase 11 anos – desistiu a meio do terceiro
mandato com muitos portugueses a padecerem de desemprego, de miséria e fome – conseguiu
fazer a reprise e ser eleito como presidente da República, enganando tudo e
todos. Talvez até a ele próprio porque naquele cargo têm sido muito mais notórios
as suas tendências e vícios. Tem sido evidente o seu desapego à importância,
atenção e respeito, que os portugueses merecem. Assenta-lhe na perfeição a
alcunha de “múmia” que lhe é dada popularmente, porque Cavaco não vai além de
uma “coisa velha” que mantêm os mesmos odores de quando primeiro-ministro com
os agravantes inerentes à putrefacção gerada pelo tempo que não perdoa. Prova
disso ficou quando fez o discurso que deu origem à demissão de José Sócrates,
então PM e maioral do PEC-4, para conduzir ao estrelato um imberbe e incapaz,
um mentiroso mordaz, um Chico-Esperto de nome Pedro Passos Coelho. Coisita
formada na juventude do partido laranja de Cavaco e da carga lobista que os tem
sustentado nos poderes.
Contra ventos e
marés a cegonha, desta vez, não trouxe de França bebés mas sim a oposição a
Cavaco – que tem sido o malabarista no Palácio de Belém que tem mantido Passos
Coelho no cargo de primeiro-ministro, assim como toda a trupe apaniguada do
costume, incluindo banqueiros e empresários de pacotilha e construção
cavaquista.
Sócrates chegou e
disse. Compreende-se agora a razão do receio da chegada de José Sócrates a
Portugal e à faculdade de palavra na RTP. Ele não disse mas subentende-se que
Portugal está entregue a uns quantos parasitas de um bando alaranjado que ocupa
Belém e São Bento. O mesmo é dizer que têm nas mãos praticamente todo o poder
político e mais o que têm arrebanhado ao longo de décadas. Isso traduzido em
milhões de euros de falcatruas é imenso. Isso traduzido em prejuízos de
Portugal e dos portugueses é demais. Demais e insuportável.
Sócrates chegou e
disse. Leia-se nos jornais – para quem não escutou por hora e meia o ex-PM –
que só faltou a Sócrates dizer que Cavaco é um sacana de primeira-apanha. Politicamente
um não-parido mas sim vomitado. Já o sabemos, não seria novidade para muitos
dos portugueses. Além disso não será por Sócrates não o ter dito explicitamente
que no quotidiano não é dito e se escuta isso da boca de qualquer um quando
Cavaco aparece neste ou naquele episódio de reportagem nas televisões. Talvez seja
por isso que aquele múmia bafiento (como diz a vox populi) anda quase sempre
escondido, encolhido, mas viciosamente a “mamar” a coisa pública que lhe tem proporcionado
boa-vida e fartazana de excepcionais oportunidades.
Sócrates chegou e
disse… Foi diplomático (lá terá de ser), mas arrasou Cavaco e o grupelho que
levou ao governo de sua estima (para não dizer mais) mas que mais não tem
representado do que o desgoverno de Portugal e dos portugueses. Lá voltaram os
portugueses ao desemprego, à miséria e à fome, como acontece sempre que Cavaco
está nos poderes.
Não se induza de
toda a retórica constante acima que José Sócrates está isento de responsabilidades
dos males que têm caído sobre os portugueses e sobre Portugal. Nada disso. Raios
o partam, como tantos dizem.
Mas então que
responsabilidades tem Cavaco Silva ao contestar o PEC 4, o PS e José Sócrates,
quando depois conduziu e deu posse ao poder governativo a um grandessíssimo
mentiroso das suas cores partidárias que mais não tem feito de instalar miséria
e mais miséria à grande maioria da população, destruindo a classe média e engordando
os que acrescentam milhões aos milhões que já possuíam. Pode não ser uma máfia
mas, quem quiser, que lhes dê um nome por definição…
Sócrates chegou e
disse…
Use-se, com grande
vénia, a TSF para melhor saber.
Sócrates não reconhece
a Cavaco "autoridade para dar lições de lealdade"
TSF - com foto
Em entrevista à
RTP, José Sócrates acusou Cavaco de nunca ter tido interesse em evitar a crise
política e ter feito «discurso de oposição ao Governo» na sua posse.
Em entrevista à
RTP, José Sócrates acusou Cavaco de nunca ter tido interesse em evitar a crise
política e ter feito «discurso de oposição ao Governo» na sua posse.
José Sócrates disse,
esta quarta-feira, que não reconhecia a Cavaco Silva «nenhuma autoridade para
dar lições de lealdade institucional».
Em entrevista à
RTP, este ex-primeiro-ministro acusou o Presidente da República de ser a «mão
no arbusto» que provocou a crise política que levou à demissão do Governo PS.
«Se queria evitar
uma crise política teve esse tempo todo para o fazer», acrescentou Sócrates,
que se mostrou convicto de que Cavaco Silva nunca teve esse interesse.
Na opinião deste
ex-primeiro-ministro, Cavaco Silva na sua posse como Presidente da República
fez um «discurso de oposição ao Governo».
«A verdade é que o
Presidente da República fez tudo para haver uma crise política e foi, digamos
assim, a mão escondida atrás dos arbustos da crise política, que foi, de certa
forma, despoletada por aquele discurso», acrescentou.
Para Sócrates, com
o discurso de posse, Cavaco «colocou-se numa posição de dar um sinal evidente
político à oposição que podia, sem a intervenção ao Presidente da República,
provocar essa crise política».
«Vejo muita gente
questionar-se porque o Presidente da República não faz nada e porque o
Presidente da República não faz nada e a razão é que o Presidente da República
esteve na origem desta solução política», explicou.
Sócrates considerou
ainda que Cavaco «sempre usou dois pesos e duas medidas para tratar com este e
com o anterior Governo» e lembrou que o chefe de Estado «teve conhecimento do
PEC ao mesmo tempo que todos os outros portugueses».
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