quinta-feira, 28 de março de 2013

JOSÉ SÓCRATES CHEGOU E DISSE - CAVACO SILVA: NÃO-PARIDO, MAS SIM VOMITADO




António Veríssimo

Chegou a oposição do estado do sítio laranja a que Portugal ficou entregue por iniciativa de Cavaco Silva. Essa oposição chama-se José Sócrates. Foi o que permitiu perceber durante cerca de uma hora e meia a entrevista ao ex-primeiro-ministro José Sócrates que há poucas horas a RTP transmitiu. Cavaco Silva foi o bombo da festa. Justificadamente. Faltou dizer a Sócrates que Cavaco não nasceu por ter sido parido, mas sim vomitado.

Na verdade, recuando ao tempo em que Cavaco ascendeu a maioral do PSD e posteriormente a primeiro-ministro, o sujeito caiu de pára-quedas como que por encomenda de um lobie qualquer e num lá-vai-disto que deixou quase todos patarecos (perpelxos) foi guindado ao estrelato político injustificado com todos os seus odores a bolor, a cinzento e a Salazar. Curioso é que depois desse “crime” de se manter no primado de capataz (PM) por quase 11 anos – desistiu a meio do terceiro mandato com muitos portugueses a padecerem de desemprego, de miséria e fome – conseguiu fazer a reprise e ser eleito como presidente da República, enganando tudo e todos. Talvez até a ele próprio porque naquele cargo têm sido muito mais notórios as suas tendências e vícios. Tem sido evidente o seu desapego à importância, atenção e respeito, que os portugueses merecem. Assenta-lhe na perfeição a alcunha de “múmia” que lhe é dada popularmente, porque Cavaco não vai além de uma “coisa velha” que mantêm os mesmos odores de quando primeiro-ministro com os agravantes inerentes à putrefacção gerada pelo tempo que não perdoa. Prova disso ficou quando fez o discurso que deu origem à demissão de José Sócrates, então PM e maioral do PEC-4, para conduzir ao estrelato um imberbe e incapaz, um mentiroso mordaz, um Chico-Esperto de nome Pedro Passos Coelho. Coisita formada na juventude do partido laranja de Cavaco e da carga lobista que os tem sustentado nos poderes.

Contra ventos e marés a cegonha, desta vez, não trouxe de França bebés mas sim a oposição a Cavaco – que tem sido o malabarista no Palácio de Belém que tem mantido Passos Coelho no cargo de primeiro-ministro, assim como toda a trupe apaniguada do costume, incluindo banqueiros e empresários de pacotilha e construção cavaquista.

Sócrates chegou e disse. Compreende-se agora a razão do receio da chegada de José Sócrates a Portugal e à faculdade de palavra na RTP. Ele não disse mas subentende-se que Portugal está entregue a uns quantos parasitas de um bando alaranjado que ocupa Belém e São Bento. O mesmo é dizer que têm nas mãos praticamente todo o poder político e mais o que têm arrebanhado ao longo de décadas. Isso traduzido em milhões de euros de falcatruas é imenso. Isso traduzido em prejuízos de Portugal e dos portugueses é demais. Demais e insuportável.

Sócrates chegou e disse. Leia-se nos jornais – para quem não escutou por hora e meia o ex-PM – que só faltou a Sócrates dizer que Cavaco é um sacana de primeira-apanha. Politicamente um não-parido mas sim vomitado. Já o sabemos, não seria novidade para muitos dos portugueses. Além disso não será por Sócrates não o ter dito explicitamente que no quotidiano não é dito e se escuta isso da boca de qualquer um quando Cavaco aparece neste ou naquele episódio de reportagem nas televisões. Talvez seja por isso que aquele múmia bafiento (como diz a vox populi) anda quase sempre escondido, encolhido, mas viciosamente a “mamar” a coisa pública que lhe tem proporcionado boa-vida e fartazana de excepcionais oportunidades.

Sócrates chegou e disse… Foi diplomático (lá terá de ser), mas arrasou Cavaco e o grupelho que levou ao governo de sua estima (para não dizer mais) mas que mais não tem representado do que o desgoverno de Portugal e dos portugueses. Lá voltaram os portugueses ao desemprego, à miséria e à fome, como acontece sempre que Cavaco está nos poderes.

Não se induza de toda a retórica constante acima que José Sócrates está isento de responsabilidades dos males que têm caído sobre os portugueses e sobre Portugal. Nada disso. Raios o partam, como tantos dizem.

Mas então que responsabilidades tem Cavaco Silva ao contestar o PEC 4, o PS e José Sócrates, quando depois conduziu e deu posse ao poder governativo a um grandessíssimo mentiroso das suas cores partidárias que mais não tem feito de instalar miséria e mais miséria à grande maioria da população, destruindo a classe média e engordando os que acrescentam milhões aos milhões que já possuíam. Pode não ser uma máfia mas, quem quiser, que lhes dê um nome por definição…

Sócrates chegou e disse…

Use-se, com grande vénia, a TSF para melhor saber.

Sócrates não reconhece a Cavaco "autoridade para dar lições de lealdade"

TSF - com foto

Em entrevista à RTP, José Sócrates acusou Cavaco de nunca ter tido interesse em evitar a crise política e ter feito «discurso de oposição ao Governo» na sua posse.

Em entrevista à RTP, José Sócrates acusou Cavaco de nunca ter tido interesse em evitar a crise política e ter feito «discurso de oposição ao Governo» na sua posse.

José Sócrates disse, esta quarta-feira, que não reconhecia a Cavaco Silva «nenhuma autoridade para dar lições de lealdade institucional».

Em entrevista à RTP, este ex-primeiro-ministro acusou o Presidente da República de ser a «mão no arbusto» que provocou a crise política que levou à demissão do Governo PS.

«Se queria evitar uma crise política teve esse tempo todo para o fazer», acrescentou Sócrates, que se mostrou convicto de que Cavaco Silva nunca teve esse interesse.

Na opinião deste ex-primeiro-ministro, Cavaco Silva na sua posse como Presidente da República fez um «discurso de oposição ao Governo».

«A verdade é que o Presidente da República fez tudo para haver uma crise política e foi, digamos assim, a mão escondida atrás dos arbustos da crise política, que foi, de certa forma, despoletada por aquele discurso», acrescentou.

Para Sócrates, com o discurso de posse, Cavaco «colocou-se numa posição de dar um sinal evidente político à oposição que podia, sem a intervenção ao Presidente da República, provocar essa crise política».

«Vejo muita gente questionar-se porque o Presidente da República não faz nada e porque o Presidente da República não faz nada e a razão é que o Presidente da República esteve na origem desta solução política», explicou.

Sócrates considerou ainda que Cavaco «sempre usou dois pesos e duas medidas para tratar com este e com o anterior Governo» e lembrou que o chefe de Estado «teve conhecimento do PEC ao mesmo tempo que todos os outros portugueses».

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