JSD – SO - Lusa
Cidade da Praia, 16
mar (Lusa) - O julgamento do processo "Lancha Voadora", ligado à
maior operação de apreensão de droga registada no país, começa a segunda-feira
no Tribunal da Comarca da Cidade da Praia, no meio de excecionais medidas de
segurança.
O volume e a
complexidade do processo levou a que as autoridades judiciais cabo-verdianas
optassem por um tribunal com um coletivo de três juízes, caso inédito na
história da justiça local, com os 15 suspeitos acusados de pertencerem a uma
rede que se dedicava ao tráfico de drogas, lavagem de capitais e associação
criminosa.
Juízes,
procuradores e o próprio Tribunal da Cidade da Praia têm já assegurado um
reforço da segurança, nalguns casos individual, durante todas as audiências de
um julgamento que se prevê longo e que é considerado o maior de sempre em Cabo
Verde.
A operação
"Lancha Voadora" veio a público a 08 de outubro de 2011, quando a
Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana fez a maior apreensão de sempre de drogas
no arquipélago de Cabo Verde, ao apreender tonelada e meia de cocaína em estado
de elevada pureza, entretanto já incinerada numa cerimónia pública.
Na ocasião, a PJ
apreendeu também milhares de euros e outras moedas sul-americanas e milhões de
escudos cabo-verdianos em notas, confiscando ainda cinco viaturas topo de gama,
três jipes, duas "pick-up", uma "moto-quatro" e várias
armas e munições.
Na sequência das
investigações, o Tribunal da Comarca da Cidade da Praia decretou a prisão
preventiva do então presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde, Veríssimo
Pinto, que se juntou a mais quatro pessoas entretanto já em prisão preventiva
na Cadeia Central da capital cabo-verdiana.
A lista de supostos
envolvidos no caso foi crescendo e, neste momento, são 15 os arguidos formais
deste "mega processo", todos com delitos puníveis com um mínimo de
oito anos de prisão efetiva, segundo o Código do Processo Penal cabo-verdiano.
Além de Veríssimo
Pinto, são arguidos Paulo Pereira, Quirino dos Santos, Carlos Gomes Silva,
António "Totony" Semedo, Ernestina "Nichinha" Pereira e
Ivone de Pina Semedo, que se encontram sob prisão preventiva na Cadeia de São
Martinho, arredores da capital cabo-verdiana.
Luís Ortet, Nilton
Jorge, Sandro Spencer, Nerina Rocha, José "Djoy" Gonçalves, Jacinto
Mariano, José Teixeira e José Alexandre Oliveira são os restantes arguidos, que
aguardam julgamento em liberdade.
Além dos arguidos,
estão sob investigação várias empresas cabo-verdianas ligadas direta ou
indiretamente aos acusados - Editur, ImoPraia, AutoCenter, Aurora Internacional
e TecnoLage, todas com sede na Cidade da Praia
O julgamento
começará de manhã e é aberto ao público, sendo a primeira fase, na presença de
todos os arguidos, constituída pela leitura das acusações. Os arguidos serão
posteriormente interrogados, individualmente, por juízes, procuradores da
República e advogados de defesa.
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