Jornal i - Lusa
O PCP considerou
hoje que perante o cenário traçado pelo ministro das Finanças não pode haver
outra hipótese senão pedir a demissão do Governo, repudiando o profundo cinismo
com que Vítor Gaspar se refere ao desemprego.
"Perante este
cenário não pode haver nenhuma hesitação em relação a pedir a demissão, a
convocação de eleições e o rompimento com este memorando, este compromisso de
agressão que foi assinado com a ‘troika'", afirmou o líder parlamentar do
PCP, Bernardino Soares, em declarações aos jornalistas no Parlamento, após a
conferência de imprensa do ministro das Finanças sobre a sétima revisão do
programa de ajustamento pela 'troika' (composta pelo Fundo Monetário
Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu).
Repudiando o
"profundo cinismo e hipocrisia" com que o ministro das Finanças se
referiu ao desemprego e aos desempregados, Bernardino Soares considerou
"chocante" que Vítor Gaspar tenha feito aquelas declarações.
"O desemprego
com os números que hoje foram anunciados atingirá em sentido lato certamente
mais do um milhão e meio de desempregados em 2014, o objetivo do Governo é
manter um elevado desemprego estrutural porque isso permite pressionar o
abaixamento dos salários e a degradação dos direitos e a verdade é que o Governo
que se diz preocupado com o desemprego está a cortar nos apoios aos
desempregados e está a diminuir o apoio a quem está no desemprego",
frisou.
Bernardino Soares
notou ainda que a intervenção ministro das Finanças mostra que "tudo
falhou e tudo piorou", com uma recessão "sempre pior" e com as
dificuldades do país a agravarem-se.
Apesar disso,
continuou, "não se vê nenhuma perspetiva, nenhuma medida, nenhuma linha
para contrariar a recessão económica e o aumento do desemprego".
O ministro das
Finanças anunciou hoje uma revisão da recessão de um por cento para 2,3 por
cento este ano, além de admitir uma taxa de desemprego de mais de 18 por cento,
com tendência a aumentar até 2014.
"O Governo o
que quer é tornar permanente o programa de cortes, o programa de agressão ao
país e ao povo, uma forma de cortar ainda mais nos serviços, de despedir pessoas
da administração pública, porque é disso que se trata, e de criar condições
para que o país fique cada vez pior", enfatizou o líder da bancada
comunista.
Recusando a
política seguida pelo Governo, que está "a matar a economia",
Bernardino Soares sublinhou ainda que aqueles que não têm como primeiro
objetivo pedir a demissão do atual Governo de maioria PSD/CDS-PP "está a
ser cúmplice do caminho de destruição".
Questionado se se
referia ao PS, o líder parlamentar do PCP respondeu apenas que "cada um
assumirá as suas responsabilidades".
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