sexta-feira, 15 de março de 2013

UM MOVIMENTO QUE VEM DE LONGE

 


Martinho Júnior, Luanda
 
Desde que as veias de África e da América foram abertas nos alvores do capitalismo, que um movimento telúrico emerge, geração post-geração, até aos nossos dias.
 
A luz e a sombra são integrantes desse movimento, que por vezes se eclipsa, para depois ressurgir com toda a plenitude e esperança.
 
Os escravos, os oprimidos da colonização e do “apartheid”, os oprimidos das tão vulneráveis nações do sul, tiveram toda a legitimidade nas revoltas, nas revoluções e no movimento de libertação que desencadearam na sua ânsia de liberdade, de justiça, de solidariedade e de dignidade.
 
No princípio foi a escravatura e o tráfico negreiro, as feitorias nas costas dos dois continentes e as torrentes de riqueza que a Europa foi acumulando em função do seu poderio redundante das conquistas, da exploração desenfreada, da colonização, da morte…
 
O colonialismo, como o “apartheid”, como todas as suas sequelas, tiveram nesse húmus o seu berço e, mesmo depois do içar das bandeiras da independência há mais de 200 anos na América e há mais de 50 anos em África, a soberania das nações do sul tem sido deliberadamente esvaziada pelos processos neo coloniais, que deram sequência à brutalidade da opressão que advinha do passado!
 
Quantas guerras de rapina não ocorreram e têm hoje seu curso em África?
 
Quantas elites e oligarquias não foram arregimentadas em África e na América, para que o sinal do poder ilimitado das potências do norte perdure dominante sobre os povos, uma vez mais oprimidos e votados a um subdesenvolvimento crónico que como um anátema pende sobre a esmagadora maioria dos seres humanos das nações do sul?
 
Quanto a natureza tem sido afectada pela exploração desenfreada das riquezas e pela rapina sem escrúpulos?
 
As torrentes de capitalismo neo liberal, exacerbadas hoje na globalização que são o resultado da hegemonia do império, refinaram seus métodos de domínio arregimentando os mais atraentes e subtis argumentos, processos e métodos.
 
A democracia “representativa” (que no fundo só “representa” as elites, excluindo a esmagadora maioria), os “direitos humanos” (que valorizam, num duplo sentido o que é sempre a favor dos interesses dos poderosos da Terra), o “direito a proteger” (que é uma alucinação que abre espaço à ingerência, à manipulação, aos conflitos, às guerras e a regimes retrógrados com ideologias conservadoras) e tantas outras farsas, estão hoje aí, a coberto desse capitalismo neo liberal, que de tanto garantir o exercício dos poderosos, chegou ao extremo da especulação financeira e aos mercados envenenados pelos mais profundos desequilíbrios e injustiças!
 
A impunidade tem sido tanta que até algumas velhas nações Europeias estão a sentir na carne e no sangue de seus povos as crises artificiosas desencadeadas pela ganância do capital acumulado nas grandes potências, que está à mercê de um punhado de poderosos que correspondem a 1% da humanidade!
 
Por isso é legítimo que em função das heranças do passado e das hecatombes do presente, em nome do futuro os povos se levantem e continuem a saga alimentada por sua ânsia de liberdade, de justiça, de solidariedade e de dignidade.
 
Hugo Chavez foi um dos homens que compreendeu esse movimento telúrico que advém do passado de 500 anos, um dos homens que se identificou por inteiro com os povos e as maiorias marginalizadas e oprimidas da Terra, perscrutando um futuro garante de mais equilíbrio, justiça, democracia e paz, com o maior respeito para com a Mãe Terra!
 
Identificou-se por inteiro com a América constituída em Pátria Grande e com África, passando meteoricamente pela vida nestes últimos 14 anos em que com ele enquanto timoneiro se fizeram sentir todas as energias acumuladas pelos oprimidos da Terra!
 
Foi exuberante, por que percebeu como ninguém que o poder só tem ética e moral quando efectivamente adopta a lógica com sentido de vida, que é um fluxo que vindo do passado, constitui-se no resgate das capacidades da esmagadora maioria!
 
Foi carismático por que soube objectiva e subjectivamente assumir-se na trilha da identidade para com a vida!
 
Foi um exemplo que galvaniza milhões e milhões para um caminho em que todas as sombras se esvaem inexoravelmente!
 
Aqueles que viveram o 25 de Abril e o movimento de libertação em África contra o colonialismo e o “apartheid”, perfilam-se hoje perante um dos seus maiores, que soube dar continuidade à luta comprometendo-se, em nome da vida, com o aprofundamento da democracia e identificando-se com a frente das organizações sociais mais representativas do seu povo e da América!
 
Neste momento tão decisivo, saudamos com esperança a revolução na Venezuela, a construção da Pátria Grande e os continuadores de Simon Boliver e de Hugo Chavez!
 
Sabemos de onde viemos, por onde passámos, o valor do que fizemos e, mais do que nunca, o futuro que se pode erigir com determinação e coragem, em função da ânsia de liberdade, de solidariedade, de justiça e de dignidade no resgate dos oprimidos constituídos em esmagadora maioria!
 
É esse o caminho que nos ensina o Comandante Hugo Chavez!!!
 

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