Martinho Júnior,
Luanda
Desde que as veias
de África e da América foram abertas nos alvores do capitalismo, que um
movimento telúrico emerge, geração post-geração, até aos nossos dias.
A luz e a sombra
são integrantes desse movimento, que por vezes se eclipsa, para depois
ressurgir com toda a plenitude e esperança.
Os escravos, os
oprimidos da colonização e do “apartheid”, os oprimidos das tão vulneráveis
nações do sul, tiveram toda a legitimidade nas revoltas, nas revoluções e no
movimento de libertação que desencadearam na sua ânsia de liberdade, de
justiça, de solidariedade e de dignidade.
No princípio foi a
escravatura e o tráfico negreiro, as feitorias nas costas dos dois continentes
e as torrentes de riqueza que a Europa foi acumulando em função do seu poderio
redundante das conquistas, da exploração desenfreada, da colonização, da morte…
O colonialismo,
como o “apartheid”, como todas as suas sequelas, tiveram nesse húmus o seu
berço e, mesmo depois do içar das bandeiras da independência há mais de 200
anos na América e há mais de 50 anos em África, a soberania das nações do sul
tem sido deliberadamente esvaziada pelos processos neo coloniais, que deram
sequência à brutalidade da opressão que advinha do passado!
Quantas guerras de
rapina não ocorreram e têm hoje seu curso em África?
Quantas elites e
oligarquias não foram arregimentadas em África e na América, para que o sinal
do poder ilimitado das potências do norte perdure dominante sobre os povos, uma
vez mais oprimidos e votados a um subdesenvolvimento crónico que como um
anátema pende sobre a esmagadora maioria dos seres humanos das nações do sul?
Quanto a natureza
tem sido afectada pela exploração desenfreada das riquezas e pela rapina sem
escrúpulos?
As torrentes de
capitalismo neo liberal, exacerbadas hoje na globalização que são o resultado
da hegemonia do império, refinaram seus métodos de domínio arregimentando os
mais atraentes e subtis argumentos, processos e métodos.
A democracia “representativa”
(que no fundo só “representa” as elites, excluindo a esmagadora maioria), os “direitos
humanos” (que valorizam, num duplo sentido o que é sempre a favor dos
interesses dos poderosos da Terra), o “direito a proteger” (que é uma
alucinação que abre espaço à ingerência, à manipulação, aos conflitos, às
guerras e a regimes retrógrados com ideologias conservadoras) e tantas outras
farsas, estão hoje aí, a coberto desse capitalismo neo liberal, que de tanto
garantir o exercício dos poderosos, chegou ao extremo da especulação financeira
e aos mercados envenenados pelos mais profundos desequilíbrios e injustiças!
A impunidade tem
sido tanta que até algumas velhas nações Europeias estão a sentir na carne e no
sangue de seus povos as crises artificiosas desencadeadas pela ganância do
capital acumulado nas grandes potências, que está à mercê de um punhado de
poderosos que correspondem a 1% da humanidade!
Por isso é legítimo
que em função das heranças do passado e das hecatombes do presente, em nome do
futuro os povos se levantem e continuem a saga alimentada por sua ânsia de
liberdade, de justiça, de solidariedade e de dignidade.
Hugo Chavez foi um
dos homens que compreendeu esse movimento telúrico que advém do passado de 500
anos, um dos homens que se identificou por inteiro com os povos e as maiorias
marginalizadas e oprimidas da Terra, perscrutando um futuro garante de mais
equilíbrio, justiça, democracia e paz, com o maior respeito para com a Mãe
Terra!
Identificou-se por
inteiro com a América constituída em Pátria Grande e com África, passando
meteoricamente pela vida nestes últimos 14 anos em que com ele enquanto
timoneiro se fizeram sentir todas as energias acumuladas pelos oprimidos da
Terra!
Foi exuberante, por
que percebeu como ninguém que o poder só tem ética e moral quando efectivamente
adopta a lógica com sentido de vida, que é um fluxo que vindo do passado,
constitui-se no resgate das capacidades da esmagadora maioria!
Foi carismático por
que soube objectiva e subjectivamente assumir-se na trilha da identidade para
com a vida!
Foi um exemplo que
galvaniza milhões e milhões para um caminho em que todas as sombras se esvaem
inexoravelmente!
Aqueles que viveram
o 25 de Abril e o movimento de libertação em África contra o colonialismo e o “apartheid”,
perfilam-se hoje perante um dos seus maiores, que soube dar continuidade à luta
comprometendo-se, em nome da vida, com o aprofundamento da democracia e
identificando-se com a frente das organizações sociais mais representativas do
seu povo e da América!
Neste momento tão
decisivo, saudamos com esperança a revolução na Venezuela, a construção da
Pátria Grande e os continuadores de Simon Boliver e de Hugo Chavez!
Sabemos de onde
viemos, por onde passámos, o valor do que fizemos e, mais do que nunca, o
futuro que se pode erigir com determinação e coragem, em função da ânsia de
liberdade, de solidariedade, de justiça e de dignidade no resgate dos oprimidos
constituídos em esmagadora maioria!
É esse o caminho
que nos ensina o Comandante Hugo Chavez!!!
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