sexta-feira, 15 de março de 2013

BOICOTE ATIVO AO “OUTRAS PALAVRAS”. O QUE É DEMAIS CHEIRA MAL

 


Tem acontecido sistematicamente perante a passividade da justiça e seus operadores no Brasil. Os sites de Outras Palavras vêm sendo vítimas de invasão e boicote ativo por energúmenos que se dão ao desplante de o silenciar quando bem lhes apetece. Melhor que nós tudo é devidamente explicado nas palavras da sua Redação.
 
Por aqui pelo PG o que temos para oferecer ao Outras Palavras e a todos os seus sites é solidariedade e boca no trombone na indignação e reprovação total pelo seu silenciamento. Passamos às outras palavras de António Martins. Não sem antes usar o ditado “o que é demais cheira mal”. Basta de boicotes e de ações que visam atingir a liberdade de ideias e de expressão, a democracia de facto. Basta de impunidade. Apurem-se responsabilidades!
 
Pelo visto, nazi-fascistas é o que também não falta. Que não haja ilusões. "Eles" andam e agem por este mundo. Apesar de não passarem de uma minoria demonstram ter poderes bastantes na justiça e nos seus operadores de mão (polícias). 
 
A nossa solidariedade igual para Carta Capital. (Redação PG)
 
Outras Palavras de novo no ar
 
Ataques ao site foram interrompidos logo depois de denunciados. Rede de agressores permanece ativa: ministério da Justiça não pode permanecer omisso
 
Por volta das 20h30 de ontem (13/7), começou a ser desmobilizado o ataque que derrubou e manteve fora do ar, por quase 24 horas, os sites de Outras Palavras. O recuo ocorreu logo depois de difundirmos, pelo Facebook e por boletim de atualização disparado para 20 mil assinantes, a denúncia da agressão. Mais ou menos no mesmo horário, também o site da revista Carta Capital, que fora atingido de modo semelhante, voltou a ser acessível. A ameça, porém persiste. A rede que atacou os dois sites permanece ativa, e pode ser acionada a qualquer momento. Por sua natureza, só é possível neutralizá-la de modo eficaz se houver ação do ministério da Justiça e da Polícia Federal – algo que inexplicavelmente tarda, como revela Luís Nassif neste post em seu blog.
 
O gráfico acima revela o que ocorreu com os servidores que hospedam Outras Palavras, e confirma nossas hipóteses de ontem. Sofremos um Ataque de Negação de Serviço, ou DDoS [veja Wikipedia, em português ou inglês (mais detalhado)]. A curva indica o consumo de memória do servidor, ao longo do dia. O horário é o de San Francisco (EUA), quatro horas a menos que em Brasília.
 
O volume de memória contratado pelo site é 3,5 Mb, compatível com cerca de 10 mil textos lidos ao dia. Durante a quarta-feira, porém, o consumo ultrapassou frequentemente os 20 Mb, chegando a um pico de mais de 50 Mb e provocando uma sucessão interminável de quedas. Programado para religar automaticamente, o servidor era de novo derrubado, sempre que o fazia. Relatamos o ataque às 19h (15h em San Francisco). Logo em seguida, a agressão refluiu.
 
DDoS é um ataque de enorme poder que, no entanto, deixa rastros. Tornou-se mundialmente conhecido quando empregado, em dezembro de 2010, pelo coletivo Annonymous, em favor da liberdade de expressão e de Julian Assange (leia nossa matéria a respeito). Em resposta a uma ação do governo norte-americano, que ordenou o congelamento das doações feitas ao Wikileaks, cerca de 1500 ativistas do Annonymous derrubaram, por DDoS, sites de mega-organizações financeiras como Visa e Mastercard (que ajudaram no bloqueio financeiro). Nosso texto de então revela: para participar de um ataque deste tipo, basta baixar um programa e colocar o próprio computador na artilharia. No caso do Annonymous, os alvos são escolhidos em reuniões via internet, em linguagem cifrada e, segundo o grupo, sempre em favor das liberdades e direitos.
 
Mas e se uma organização criminosa usar a mesma arma com objetivos opostos? Surge, neste caso, uma ameaça extremamente grave à liberdade de expressão. A partir de 7/3, foram sistematicamente derrubados os sites que se referiam a um golpe financeiro, de tipo “pirâmide”, possivelmente praticado pela empresa TelexFree, cuja propriedade é nebulosa. Caíram o blog Acerto de Contas (o primeiro a tratar do tema), o blog de Nassif, Outras Palavras, Carta Capital, jornais regionais que reproduziram as matérias. No caso de Nassif, a agressão estendeu-se por quase uma semana, durante a qual o blog alternava momentos de atividade com outros em que era derrubado. Tudo indica, portanto, que o esquema permanece ativo, mobilizando-se ou refluindo segundo escolhas táticas.
 
Nesse ponto, torna-se decisiva a ação das autoridades responsáveis por defender a liberdade de expressão na internet – ou seja, ministério da Justiça, Polícia Federal e polícias estaduais. Seu trabalho não é fácil, mas é perfeitamente possível. Há profusão de indícios segundo os quais uma empresa procura silenciar quem aponta suas ilegalidades – em particular, as “pirâmides”, tipificadas há décadas como estelionato. O modus operandi da empresa baseia-se em mobilização de pessoas que atuam fundamentalmente na rede. Estas pessoas podem perfeitamente ter recebido, como parte de um pacote de aplicativos “de trabalho” um programa que alista suas máquinas no ataque contra os sites visados pelo esquema.
 
Há, portanto, rastros, possíveis provas, um claro caminho de investigação. Mas, conforme frisa Nassif, o aspecto mais desconcertante do caso é a paralisia do ministério da Justiça, num episódio em que lhe caberia articular a defesa de direitos e liberdades.
 
Haverá viés político no ataque aos sites? Nada autoriza a afirmar que sim, mas certos fatores permitem suspeitar. Por que os grandes grupos que dominam a velha mídia não tratam do caso?
 
Quem são os reais controladores da TelexFree? Haverá ligações entre eles e, por exemplo, os poderosos esquemas de difamação, via internet, que tentaram bombardear a então candidata Dilma Roussef, durante a campanha presidencial de 2010, em favor de outro postulante?
 
Só a investigação poderá responder. Por isso, e em nome da democracia, o ministério da Justiça não pode permanecer de braços cruzados.
 
A Redação de Outras Palavras
 

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