EL – VM - Lusa
Luanda, 03 abr
(Lusa) - O ativista e jornalista angolano Rafael Marques foi hoje constituído
arguido em Luanda, num processo de difamação movido pelos gestores de uma
sociedade mineira, na sequência da publicação do livro "Diamantes de
Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".
Em declarações à
Lusa, Rafael Marques disse ter sido ouvido hoje na Direção Nacional de
Investigação Criminal (DNIC), onde foi informado que os três gestores da ITM
Mining, um britânico, um moçambicano e um angolano, se sentiram difamados na
sua honra.
"O que é
estranho neste processo é que são apenas três queixosos. São os únicos que se
sentem difamados. Os generais angolanos, que me foram processar em Portugal
pelas mesmas razões, não se sentem ofendidos na sua honra em Angola",
comentou.
"O que é muito
estranho. Reclamando eles (generais) grande patriotismo e prestação de serviços
relevantes à pátria, não têm honra a defender em Angola. Apenas em
Portugal", acrescentou.
Em causa estão
alegadas práticas de tortura e morte de trabalhadores da extração mineira na
região diamantífera das Lundas, sobretudo nos municípios do Cuango e Xá-Muteba.
No livro, Rafael
Marques acusou de "crimes contra a humanidade" os generais Hélder
Vieira Dias, mais conhecido como "Kopelipa", ministro de Estado e
chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano; Carlos Vaal da Silva,
inspetor-geral do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA);
Armando Neto, governador de Benguela e ex-Chefe do Estado-Maior General das
FAA; Adriano Makevela, chefe da Direção Principal de Preparação de Tropas e
Ensino das FAA; João de Matos, ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA; Luís
Faceira, ex-chefe do Estado-Maior do Exército das FAA; António Faceira,
ex-chefe da Divisão de Comandos; António dos Santos França "Ndalu",
ex-Chefe do Estado Maior-General das FAA, e Paulo Lara.
O livro, publicado
em Portugal em setembro de 2011, resultou de uma investigação iniciada em 2004.
Na sequência da
publicação da obra, aqueles generais apresentaram em Portugal uma queixa-crime
"por difamação e injúria", mas o Ministério Público português decidiu
pelo arquivamento, tendo os nove oficiais superiores optado pela acusação
particular, que corre os seus trâmites.
Rafael Marques
manifestou-se ainda surpreendido com o facto de a PGR angolana e a DNIC não
investigarem os casos reportados no livro.
"Nem a PGR,
nem a DNIC, que ora toma o caso, cuidaram de investigar os casos reportados no
livro, os casos de homicídio, os casos de tortura, muitos deles acontecidos
dentro da concessão da Sociedade Mineira do Cuango", considerou.
"A DNIC não
cuida deste assunto. A PGR não investiga este assunto. Ultrapassam aquilo que é
essencial, o fundamental deste caso para então processar o autor sobre uma
questão de honra. Honra de quem? As pessoas foram mortas. Agora provem que
estão vivas. Provem que os torturados não foram torturados e então a partir
daí, só a partir daí, se pode falar em difamação", salientou.
Rafael Marques
disse ainda à Lusa que, na sequência da acusação particular apresentada pelos
nove oficiais, apresentará no próximo dia 08 em Lisboa a contestação da
acusação.
Ainda sobre o mesmo
tema, Rafael Marques vai no próximo dia 24 a Bruxelas, a convite da Subcomissão
de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, apresentar o caso, que classificou
como "tragédia", em que as comunidades das Lundas, considerou,
"têm estado a viver devido ao poder arbitrário e abusos de direitos
humanos cometidos, quer pelas autoridades locais, quer pela indústria
diamantífera na Lundas".
1 comentário:
AINDA O VALE DO CUANGO - IV:
...
É nesse húmus que surge o “activista” Rafael Marques de Morais, ao que consta natural do Luremo, que se está a tornar mais resoluto a partir da recepção que teve no Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, até por que tem absorvido financiamentos e prémios a partir de entidades norte americanas ao nível da National Endowment for Democracy, o que nos deixa perceber o valor das intervenções de Theresa Welan ao preparar o terreno para o lançamento do AFRICOM e para a abertura que os norte americanos estão a dar, entre outros, a “activismos” do tipo do Protectorado das Lundas e de Rafael Marques de Morais.
Tudo isso se passa, no que diz respeito a Rafael Marques de Morais, com financiamentos do National Endowment for Democracy, o que evidencia o empenho norte americano sobre o assunto e revela o quanto AFRICOM e Embaixada dos Estados Unidos estão interessados na manipulação, ingerência e desestabilização em Angola!
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http://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/ainda-o-vale-do-cuango-iv.html
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