EL – APN - Lusa
Luanda, 02 abr
(Lusa) - Angola tem uma "democracia de fachada", com um
"autoritarismo caracterizado pelo poder pessoal de um só cidadão",
acusou em Luanda Abel Chivukuvuku, líder da terceira maior força política
angolana.
Chivukuvuku, que
intervinha na abertura do primeiro congresso extraordinário da Convergência
Ampla de Salvação de Angola-Coligação eleitoral (CASA-CE), disse que a reunião
visa lançar as bases que farão daquela força "o fator definidor da agenda
política nacional".
"A história
recente de Angola demonstra que o país está envolvido em três processos de
transição desde 1991, um dos quais culminou razoavelmente e os outros dois
estagnaram e foram desvirtuados", defendeu.
Segundo Abel
Chivukuvuku, antigo dirigente da UNITA, maior partido da oposição, o primeiro
processo, iniciado com os acordos de paz de Bicesse, em 1991, vigorou até abril
de 2002, "graças ao contributo de todos os angolanos", defendeu.
"O segundo
processo de transição visava a transformação do Estado totalitário de partido
único que imperou desde a independência de Angola, até 1991, para um Estado
democrático e de direito", acrescentou.
"Infelizmente
este processo estagnou e foi conscientemente adulterado. Hoje impera em Angola
uma democracia de fachada, quando em verdade se trata de um autoritarismo
caracterizado pelo poder pessoal de um só cidadão", vincou.
O último processo
de transição, iniciado igualmente em 1991, visava, segundo o líder da CASA-CE,
a transformação da economia de planificação central e da propriedade exclusiva
do Estado numa economia de mercado e de livre iniciativa.
Abel Chivukuvuku
sustentou que este processo foi adulterado e hoje o país tem um
"capitalismo anárquico dominado pela oligarquia nepótica e insaciável
predadora dos recursos de todos os angolanos".
"O modelo
económico, conscientemente implantado pelo detentor do poder pessoal, produziu
uma estrutura social de alto risco para a estabilidade que o país
precisa", defendeu.
A recente
divulgação pela revista Forbes de que Isabel dos Santos, filha mais velha do
Presidente angolano, é considerada a mulher mais rica de África, mereceu um
comentário do líder da CASA-CE.
"Orgulhamo-nos
de termos nossos concidadãos ricos e de entre eles a mulher mais rica de África
e apenas uma década. No entanto, entristece-nos a forma como a maioria da
população é relegada para a extrema pobreza, quando todos deveriam ter à
partida direitos iguais e não só para os que tiveram acesso à riqueza por via
paternal ou do exercício de cargos públicos", disse.
Na sua intervenção,
Abel Chivukuvuku abriu as portas aos congressistas para se pronunciarem sobre a
eleição do líder da coligação durante o congresso, que termina quinta-feira e
frisou ser necessário "lançar o processo de transformação
institucional" para que a coligação se transforme num partido político.
Os 1100 delegados
eleitos, um dos quais proveniente de Portugal, vão debater ainda alterações
estatutárias.
A CASA-CE completa
quarta-feira um ano e foi a terceira força política mais votada nas eleições
gerais de agosto de 2012, em que elegeu oito deputados.
Sob o lema:
"Transformar, Crescer e Vencer para Realizar Angola", o congresso
extraordinário da CASA-CE, conta com delegados provenientes das 18 províncias
de Angola e da diáspora: Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Espanha,
França e República Democrática do Congo.
1 comentário:
"DEMOCRACIA DE FACHADA" X "DEMOCRACIA DE FANTOCHADA".
SE ESTA É UMA "DEMOCRACIA DE FACHADA" (ADMITE-SE QUE ELA É IMPERFEITA), COM TANTAS IDAS DE CHIVUKUVUKU À EMBAIXADA DOS EUA,NÃO QUERERÁ ELE PARA ANGOLA UMA "DEMOCRACIA DE FANTOCHADA"!?
SE NÃO, QUEM PROVA O CONTRÁRIO?!
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