sexta-feira, 5 de abril de 2013

Angola: UNITA QUER DIÁLOGO E MPLA QUER PAZ, CHIVUKUVUKU SAI DO PARLAMENTO




UNITA disponível para "diálogo abrangente" e MPLA quer "cultura de paz e tolerância"

04 de Abril de 2013, 11:28

Luanda, 04 abr (Lusa) - Os dois maiores partidos angolanos, adversários na guerra civil cujo fim há 11 anos se celebra hoje, manifestaram disponibilidade para o diálogo e consolidação da paz e tolerância.

A posição da UNITA, maior partido da oposição, foi expressa na quarta-feira pelo seu líder, Isaías Samakuva, em conferência de imprensa, em que garantiu estar o partido do Galo Negro disponível para um diálogo "estruturado e abrangente, sem pré-condições", com os "adversários de ontem".

Isaías Samakuva considerou que a paz alcançada a 04 de abril de 2002 permitiu construir estradas, prédios e centralidades, mas não conseguiu ainda edificar "nas mentes e nos espíritos das pessoas as defesas da paz".

"Temos leis no papel que consagram os valores e a cultura da paz. Ouvimos nas televisões e na rádio, um discurso aparentemente moralizador, apelando ao diálogo. Mas, na prática, temos a intolerância, a exclusão, as gritantes desigualdades, a impunidade e as constantes agressões à Constituição e à lei", criticou.

Segundo o líder da UNITA, "as armas calaram-se há 11 anos", todavia ainda convivem com os angolanos "muitos sentimentos de hostilidade, amargura, desconfiança, ressentimento e até de ódio".

Isaías Samakuva reafirmou o compromisso "irreversível e incondicional" da UNITA com a paz, a "rejeição absoluta" da luta armada e violência política como "formas de competir pelo poder" e a "absoluta fidelidade às regras democráticas universalmente aceites e praticadas".

"Somente a experiência de uma prática política democrática terá o poder de completar a obra inconclusa da construção da nação, da constituição de uma sociedade civil forte e autónoma e da própria consolidação da democracia", acentuou.

A posição do MPLA foi divulgada em comunicado de imprensa do Bureau Político, com uma declaração sobre o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, em que manifesta a disponibilidade do partido no poder para "continuar a contribuir na educação política e patriótica das novas gerações, como garantes do futuro", para que sejam formadas "numa autêntica cultura de paz e de tolerância".

"Neste dia, o Bureau Político do MPLA reitera a sua convicção de que a paz obtida em 2002 é, seguramente, o maior bem público que Angola conquistou, como resultado da vontade e dedicação do povo angolano e da confiança deste na liderança do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que, de modo inteligente, firme, estratégico e sereno, está a conduzi-lo para a obtenção de superiores patamares da vida em sociedade", lê-se no documento.

Na declaração, o Bureau Político do MPLA considera que a obtenção da paz permitiu que fossem dados "passos significativos" na consolidação da estabilidade política, reforço da democracia, reconciliação e coesão nacionais.

"Sendo a paz a condição indispensável para a obtenção do progresso, da justiça, da igualdade de oportunidades e do respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos, o Bureau Político do MPLA acredita que, terminada a fase de reabilitação e construção das infraestruturas que estão a alavancar o desenvolvimento, o país comece a produzir, cada vez mais, permitindo uma partilha equilibrada dos seus benefícios, já num contexto de uma Angola a crescer mais e a distribuir melhor", destaca.

O dia da Paz assinala a assinatura, a 04 de abril de 2002, do Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaca, entre o Governo angolano e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

O acordo, rubricado no Palácio dos Congressos, em Luanda, e assistido por José Eduardo dos Santos e por representantes da comunidade nacional e internacional, simbolizou o fim da guerra civil, só possível com a morte em combate, a 22 de fevereiro de 2002 de Jonas Savimbi, fundador e líder histórico da UNITA.

NME/EL // MLL

Abel Chivukuvuku sai do parlamento para preparar futuros combates eleitorais em Angola

04 de Abril de 2013, 19:08

Luanda, 04 abr (Lusa) - O líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, disse hoje em Luanda que vai renunciar ao mandato de deputado, depois dum périplo por alguns países europeus e Estados Unidos.

Em declarações à imprensa no final do primeiro congresso extraordinário da CASA-CE, que terminou hoje, Abel Chivukuvuku justificou a renúncia ao mandato para se concentrar na "construção" da coligação.

"Vou acertar rapidamente com Portugal, França, Alemanha, Reino Unido e os EUA os calendários dessa visita", afirmou, acrescentando que a delegação da coligação incluirá outros dirigentes.

Abel Chivukuvuku, antigo dirigente da UNITA, mantém-se na liderança da terceira maior força política angolana até à realização do próximo congresso ordinário, em que será eleito um novo líder.

Sobre a transformação da coligação em partido, os congressistas decidiram que será feita através da fusão de todas os partidos que integram aquela força política, fundada há um ano e que ficou em terceiro lugar nas eleições gerais de agosto de 2012.

Outra certeza é que o processo deverá estar concluído antes de abril de 2016.

"Neste momento vamos estabelecer um calendário para que os partidos constitutivos da CASA-CE façam os seus eventos, onde têm que formalizar a vontade de transformação, vão exarar as suas atas e depois vamos formalizar junto do Tribunal Constitucional", frisou Chivukuvuku.

Coma passagem a partido, a formação adotará a sigla CASA.

Relativamente à revisão dos estatutos, foram feitas alterações, uma das quais altera a atual escolha por consenso do líder da organização, passando a acontecer por escolha de múltiplas candidaturas.

O I congresso extraordinário deliberou lançar o desafio e propor a todas as forças políticas da oposição genuína angolana a criação de uma opção de agenda autárquica comum, para garantir "o fim do domínio hegemónico do poder local pelo regime".

No seu discurso de encerramento, Abel Chivukuvuku disse que a CASA-CE como oposição pretende trazer à cena política angolana uma "visão diferente".

"Vamos criticar o sistema, se for necessário, se o regime assim implicar, se não permitir o jogo democrático aberto, se tivermos que ir à rua, também iremos à rua, porque também é democrático", garantiu.

"Contrariamente ao que diz o regime, como prenderam os miúdos ainda esta semana, manifestar, exigir, reclamar é um direito democrático. Fazem com os miúdos, porque connosco não o farão", alertou.

A CASA-CE elegeu oito deputados nas eleições gerais de agosto de 2012.

NME // APN

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