UNITA disponível
para "diálogo abrangente" e MPLA quer "cultura de paz e
tolerância"
04 de Abril de
2013, 11:28
Luanda, 04 abr
(Lusa) - Os dois maiores partidos angolanos, adversários na guerra civil cujo
fim há 11 anos se celebra hoje, manifestaram disponibilidade para o diálogo e
consolidação da paz e tolerância.
A posição da UNITA,
maior partido da oposição, foi expressa na quarta-feira pelo seu líder, Isaías
Samakuva, em conferência de imprensa, em que garantiu estar o partido do Galo
Negro disponível para um diálogo "estruturado e abrangente, sem
pré-condições", com os "adversários de ontem".
Isaías Samakuva considerou
que a paz alcançada a 04 de abril de 2002 permitiu construir estradas, prédios
e centralidades, mas não conseguiu ainda edificar "nas mentes e nos
espíritos das pessoas as defesas da paz".
"Temos leis no
papel que consagram os valores e a cultura da paz. Ouvimos nas televisões e na
rádio, um discurso aparentemente moralizador, apelando ao diálogo. Mas, na
prática, temos a intolerância, a exclusão, as gritantes desigualdades, a
impunidade e as constantes agressões à Constituição e à lei", criticou.
Segundo o líder da
UNITA, "as armas calaram-se há 11 anos", todavia ainda convivem com
os angolanos "muitos sentimentos de hostilidade, amargura, desconfiança,
ressentimento e até de ódio".
Isaías Samakuva
reafirmou o compromisso "irreversível e incondicional" da UNITA com a
paz, a "rejeição absoluta" da luta armada e violência política como
"formas de competir pelo poder" e a "absoluta fidelidade às
regras democráticas universalmente aceites e praticadas".
"Somente a
experiência de uma prática política democrática terá o poder de completar a
obra inconclusa da construção da nação, da constituição de uma sociedade civil
forte e autónoma e da própria consolidação da democracia", acentuou.
A posição do MPLA
foi divulgada em comunicado de imprensa do Bureau Político, com uma declaração
sobre o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, em que manifesta a
disponibilidade do partido no poder para "continuar a contribuir na
educação política e patriótica das novas gerações, como garantes do
futuro", para que sejam formadas "numa autêntica cultura de paz e de
tolerância".
"Neste dia, o
Bureau Político do MPLA reitera a sua convicção de que a paz obtida em 2002 é,
seguramente, o maior bem público que Angola conquistou, como resultado da
vontade e dedicação do povo angolano e da confiança deste na liderança do
Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que, de modo inteligente,
firme, estratégico e sereno, está a conduzi-lo para a obtenção de superiores
patamares da vida em sociedade", lê-se no documento.
Na declaração, o
Bureau Político do MPLA considera que a obtenção da paz permitiu que fossem
dados "passos significativos" na consolidação da estabilidade
política, reforço da democracia, reconciliação e coesão nacionais.
"Sendo a paz a
condição indispensável para a obtenção do progresso, da justiça, da igualdade
de oportunidades e do respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos, o
Bureau Político do MPLA acredita que, terminada a fase de reabilitação e
construção das infraestruturas que estão a alavancar o desenvolvimento, o país
comece a produzir, cada vez mais, permitindo uma partilha equilibrada dos seus
benefícios, já num contexto de uma Angola a crescer mais e a distribuir
melhor", destaca.
O dia da Paz
assinala a assinatura, a 04 de abril de 2002, do Memorando de Entendimento
Complementar ao Protocolo de Lusaca, entre o Governo angolano e a União
Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
O acordo, rubricado
no Palácio dos Congressos, em Luanda, e assistido por José Eduardo dos Santos e
por representantes da comunidade nacional e internacional, simbolizou o fim da
guerra civil, só possível com a morte em combate, a 22 de fevereiro de 2002 de
Jonas Savimbi, fundador e líder histórico da UNITA.
NME/EL // MLL
Abel Chivukuvuku
sai do parlamento para preparar futuros combates eleitorais em Angola
04 de Abril de
2013, 19:08
Luanda, 04 abr
(Lusa) - O líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação
Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, disse hoje em Luanda que vai renunciar
ao mandato de deputado, depois dum périplo por alguns países europeus e Estados
Unidos.
Em declarações à
imprensa no final do primeiro congresso extraordinário da CASA-CE, que terminou
hoje, Abel Chivukuvuku justificou a renúncia ao mandato para se concentrar na
"construção" da coligação.
"Vou acertar
rapidamente com Portugal, França, Alemanha, Reino Unido e os EUA os calendários
dessa visita", afirmou, acrescentando que a delegação da coligação
incluirá outros dirigentes.
Abel Chivukuvuku,
antigo dirigente da UNITA, mantém-se na liderança da terceira maior força
política angolana até à realização do próximo congresso ordinário, em que será
eleito um novo líder.
Sobre a
transformação da coligação em partido, os congressistas decidiram que será
feita através da fusão de todas os partidos que integram aquela força política,
fundada há um ano e que ficou em terceiro lugar nas eleições gerais de agosto
de 2012.
Outra certeza é que
o processo deverá estar concluído antes de abril de 2016.
"Neste momento
vamos estabelecer um calendário para que os partidos constitutivos da CASA-CE
façam os seus eventos, onde têm que formalizar a vontade de transformação, vão
exarar as suas atas e depois vamos formalizar junto do Tribunal
Constitucional", frisou Chivukuvuku.
Coma passagem a
partido, a formação adotará a sigla CASA.
Relativamente à
revisão dos estatutos, foram feitas alterações, uma das quais altera a atual
escolha por consenso do líder da organização, passando a acontecer por escolha
de múltiplas candidaturas.
O I congresso
extraordinário deliberou lançar o desafio e propor a todas as forças políticas
da oposição genuína angolana a criação de uma opção de agenda autárquica comum,
para garantir "o fim do domínio hegemónico do poder local pelo
regime".
No seu discurso de
encerramento, Abel Chivukuvuku disse que a CASA-CE como oposição pretende
trazer à cena política angolana uma "visão diferente".
"Vamos
criticar o sistema, se for necessário, se o regime assim implicar, se não
permitir o jogo democrático aberto, se tivermos que ir à rua, também iremos à
rua, porque também é democrático", garantiu.
"Contrariamente
ao que diz o regime, como prenderam os miúdos ainda esta semana, manifestar,
exigir, reclamar é um direito democrático. Fazem com os miúdos, porque connosco
não o farão", alertou.
A CASA-CE elegeu
oito deputados nas eleições gerais de agosto de 2012.
NME // APN
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