PR moçambicano
reage a confrontos com Renamo dizendo que "o povo não pode viver
assustado"
05 de Abril de
2013, 07:22
Maputo, 05 abr
(Lusa) - O Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, reagiu na noite de
quinta-feira aos confrontos, nesse dia, ente polícia e Renamo, no centro de
Moçambique, que causaram, pelo menos, cinco mortos, afirmando que "o povo
não pode viver assustado".
Na madrugada de
quinta-feira, um grupo de homens da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana)
assaltou um posto da polícia em Muxunguè, no centro do país, matando quatro
agentes, e sofrendo a baixa do seu comandante.
Esta ação foi um
ato de represália a ações policiais registadas nos últimos dias contra sedes do
maior partido da oposição e detenções de seus militantes.
"Obviamente
que esta situação me preocupa", disse Guebuza, falando em Lilongué,
capital do Malaui, onde se encontra em visita oficial.
"Mas há outra
coisa que não podemos ignorar: a população não pode continuar a viver
assustada", disse Guebuza, falando aos jornalistas que cobrem a primeira
visita oficial que efetua ao país vizinho.
"Na verdade, é
o que acontece pelo menos em algumas regiões do nosso país. Os seus habitantes
sempre vivem assustados e não sabem o que lhes pode acontecer a qualquer
momento", prosseguiu o chefe de Estado de Moçambique, citado pela agência
de notícias do país, AIM.
"Ora, não é
correto que o nosso povo fique sempre assustado. Temos que encontrar uma
solução", disse Guebuza, que, interpelado por um jornalista sobre uma
eventual opção militar contra os homens armados da Renamo, respondeu:
"Essa pode ser a sua conclusão", mas, "o que não é correto, é o
nosso povo viver sempre assustado".
LAS // MLL
Ex-número dois da
Renamo receia "todas as condições para eclosão de nova guerra"
05 de Abril de
2013, 08:08
Maputo, 05 abr
(Lusa) - O ex-número dois da Renamo, principal partido da oposição moçambicana,
Raul Domingos, disse hoje acreditar que "há todas as condições para a
eclosão de uma nova guerra no país", se continuar a faltar o diálogo e a
tolerância.
"Esta tensão
no centro do país é o resultado da falta de diálogo, da intolerância e da
prepotência entre o Governo e a Renamo. E se isso continuar há todas as condições
para a eclosão de uma nova guerra", disse à Lusa Raul Domingos, expulso da
Renamo, em 2000, na sequência de divergências com o líder, Afonso Dhlakama.
Quatro membros da
Força de Intervenção Rápida (FIR), a unidade antimotim da polícia moçambicana,
morreram e 10 ficaram feridos na quinta-feira na sequência de confrontos com
antigos guerrilheiros da Renamo na província de Sofala, centro de Moçambique.
Os incidentes terão
sido provocados pela tentativa da FIR de desalojar os antigos guerrilheiros da
Renamo da delegação do partido em Chibabava, no quadro do reagrupamento de
ex-guerrilheiros que o movimento está a fazer, em preparação do boicote das
próximas eleições autárquicas e gerais.
Os confrontos no
centro do país seguem-se a ameaças da Renamo de estar preparada para a guerra,
caso o Governo avance com o processo eleitoral, que o partido de Afonso
Dhlakama contesta por alegadamente já ter um vencedor antecipado, a Frente de
Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Para Raul Domingos,
que chefiou a delegação do ex-movimento guerrilheiro nas negociações com o
Governo conducentes à paz em 1992, os interesses à volta dos recursos naturais
que estão a ser descobertos no país podem capitalizar a tensão e empurrar o
país para uma nova guerra.
"Há quem pense
que desestabilizar o país pode facilitar o saque dos recursos naturais e estar
por isso interessado na guerra. O facto de o país poder pagar com os recursos
naturais um esforço de guerra também pode atiçar a cobiça dos vendedores de
armas para fornecer material bélico às duas partes", afirmou o agora
presidente do extraparlamentar Partido para a Democracia e Desenvolvimento
(PDD).
Raul Domingos
afirmou que o Governo deve aceitar negociações genuínas com a Renamo, mostrando
a boa vontade de chegar a um consenso com o principal partido da oposição.
"A Renamo deve
sentir que também ganha com o diálogo e não se sentir condenada à derrota como
acontece na Assembleia da República, onde o Governo se impõe através da maioria
que a Frelimo detém", disse Raul Domingos.
PMA // MLL
Confronto armado
entre polícia e Renamo destacado na imprensa moçambicana
05 de Abril de
2013, 08:15
Maputo, 05 abr
(Lusa) - O confronto armado de quinta-feira entre a polícia e a Renamo, maior
partido da oposição em Moçambique, faz hoje as primeiras páginas da imprensa do
país, que varia entre a estrita cobertura e os apelos à calma.
Na madrugada de
quinta-feira, um grupo de homens da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana)
assaltou um posto da polícia em Muxunguè, no centro do país, matando quatro
agentes, e sofrendo a baixa do seu comandante.
Esta ação seguiu-se
às operações policiais registadas nos últimos dias contra sedes do maior
partido da oposição e detenções de seus militantes.
O Notícias, diário
de Maputo, pró-governamental e o mais importante jornal do país, dedica a
manchete aos incidentes de Muxungué, no centro de Moçambique, sob o título
"Tiroteio deixa mortos e feridos".
No entanto, no
pouco habitual editorial, também na primeira página, o jornal destaca apenas
"a nova era nas relações" entre Malaui e Moçambique, no âmbito da
visita que o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, efetua àquele país
vizinho.
Já o Mediafax,
diário do grupo Mediacoop, reparte as "culpas" por Governo da Frelimo
e Renamo, maior partido da oposição, considerando que "O fósforo foi aceso
e a bomba de facto rebentou ou está prestes a rebentar".
Em editorial, o
jornal conclui: "Caso não se procure com a maior urgência corrigir o atual
estado de guerra declarado, estamos perante uma situação que pode degenerar na
destruição, num ápice, de muita coisa boa construída com sacrifício nestes 20
anos de paz".
O Savana, igualmente
detido pela Mediacop, atribui toda a primeira página ao caso, com o título
"Tensão no centro do país", sobre fotos de agentes feridos.
No entanto, as três
páginas de opinião do jornal que sai à sexta-feira passam ao lado dos
acontecimentos.
O diário eletrónico
Canal de Moçambique, com uma equipa de reportagem em Muxungué, que assistiu ao
confronto, publica uma foto "do cadáver do comandante da Renamo Rasta
Mazembe", cuja morte fora desmentida na quinta-feira pelo seu partido.
LAS // VM
Frelimo disposta ao
diálogo face às ameaças da Renamo de regresso à guerra em Moçambique
05 de Abril de
2013, 09:34
Maputo, 05 abr
(Lusa) - A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder,
repudiou hoje a "ameaça de retorno à violência" e reiterou a
disponibilidade para o diálogo face às afirmações da Renamo de estar preparada
para a guerra.
Mais de 20 anos
após o fim da guerra civil moçambicana, o país volta a reviver as memórias do
conflito, após a morte de quatro membros da polícia e o ferimento de outros 10,
em confrontos com antigos guerrilheiros da Renamo (Resistência Nacional de
Moçambique), principal partido da oposição.
Nos confrontos terá
morrido também um elemento da Renamo, mas o partido desmentiu esta informação.
Os confrontos terão
sido provocados pela tentativa da polícia de desalojar ex-guerrilheiros da
Renamo da sede do partido em Muxúngué, província de Sofala, centro de
Moçambique.
A
"reunião" dos ex-combatentes da Renamo, nas palavras do partido, mas
"aquartelamento", de acordo com a polícia, é parte do reagrupamento
que o movimento está a fazer no âmbito da sua ameaça de boicotar as próximas
eleições gerais e autárquicas, alegando que serão fraudulentas.
Em declarações,
hoje, à Lusa, o porta-voz da Frelimo, Damião José, afirmou que o seu partido
"repudia a ameaça de retorno à violência", manifestando-se aberto ao
diálogo.
"Num quadro de
funcionamento de instituições democráticas, não há lugar à guerra. Repudiamos e
condenamos veementemente discursos de ameaça de retorno à violência",
afirmou o porta-voz da Frelimo.
Para o partido no
poder, assinalou o porta-voz, em democracia os diferendos políticos devem ser
resolvidos através do diálogo, para permitir que o país se concentre nos
objetivos de desenvolvimento de criação de prosperidade para todos.
Antes da atual
crise entre o Governo da Frelimo e a Renamo, as duas partes realizaram uma
série de conversações para ultrapassar os litígios em torno das exigências do
principal partido da oposição, mas a força de Afonso Dhlakama retirou-se do
processo.
PMA // VM
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