Grupo de defensores
anti-corrupção angolanos está a pedir à justiça de Angola e da Suíça para
voltar a investigar um contrato que terá gerado lucros de dezenas de milhões de
dólares a altas figuras da política angolana.
Há mais de doze
anos que Andrew Feinstein investiga histórias de corrupção. Mas a história que
o director da organização britânica Corruption Watch UK tem, neste momento, em
mãos é um caso particular. "Este é um dos casos mais chocantes que já vi,
em que políticos, membros do Governo e empresários duvidosos tiram proveito do
tesouro do próprio país", afirma o especialista.
Esta terça-feira (16.04), juntamente com a associação angolana Mãos Livres, a
organização de Feinstein publicou um relatório intitulado "Fraude em Altas Posições ".
Ambas as organizações dizem ter novos detalhes sobre o contrato que Angola
assinou em 1996 com a Rússia para pagar 1,5 mil milhões de dólares de uma
dívida inicial de 5 mil milhões de dólares que remontava à era soviética.
Presidente angolano
beneficiou do caso de corrupção
"Em vez de pagar este dinheiro directamente, acreditamos que o Governo de
Angola, incluindo altos funcionários que beneficiaram do contrato, arranjou
forma de introduzir no acordo uma empresa intermediária, criada exclusivamente
para esse objectivo". Mas uma grande parte da dívida não terá sido paga à
Rússia, diz Andrew Feinstein. Segundo o director da Corruption Watch UK, uma
das pessoas que beneficiou do dinheiro foi o Presidente angolano. "O
presidente dos Santos beneficiou de mais de 36 milhões de dólares, segundo os
registos que conseguimos reunir", diz Feinstein.
Estas e outras informações levaram a que um grupo de defensores anti-corrupção
angolanos apresentasse uma queixa-crime na Procuradoria-Geral Federal Suíça, em
Berna, para reabrir uma anterior investigação ao contrato da dívida de Angola à
Rússia. A justiça suíça tinha posto de lado a investigação em 2004.
"Caso foi
encerrado", dizem autoridades angolanas
Segundo o advogado angolano David Mendes, "em 2004", quando depuseram
a queixa em Genebra "e também posteriormente em Luanda, os dados não eram
muito conclusivos. Mas nesta altura, os dados são mais conclusivos."
David Mendes foi um dos signatários da queixa-crime apresentada em Berna e de
uma outra apresentada também esta terça-feira em Luanda, sobre o mesmo
processo.
A DW África contactou a embaixada de Angola na Suíça, para ouvir uma reacção à
queixa-crime apresentada pelo grupo de angolanos à justiça suíça. Mas, por
telefone, a embaixada recusou comentar o assunto, dizendo que teve conhecimento
do mesmo através da imprensa. Segundo a embaixada, o caso foi encerrado em 2004.
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