Erika Nunes - Dinheiro
Vivo
Promover a
produtividade em Portugal deverá ser através do aumento do conhecimento e da
inovação e não a descida dos salários
As entidades
portuguesas no estrangeiros funcionam sem ligação, segundo o antigo ministro da
Economia, Augusto Mateus. Organização e estratégia, desde o Governo até às
empresas, incluindo as universidades, são a chave – apontou, nas “Exit Talks”,
na Universidade de Aveiro – para o crescimento da economia portuguesa.
“Estamos como
estamos porque governam sem saber o que fazem. Há uma conversa permanente sobre
generalidades, mas não têm uma palavra sobre como se estimula o emprego e o
crescimento”, criticou o ex-governante, conhecido pelo “Plano Mateus” que, nos
anos 90, perdoou dívidas das empresas ao Estado.
Professor de
"Política Económica" na Universidade Técnica de Lisboa, Augusto
Mateus considerou essencial mudar o paradigma dos apoios às empresas em Portugal.
"Parece haver um consenso nacional sobre apoios às PME, por quê? Uma
política sectorial seria pateta. Agora estamos numa política ainda mais parva,
que é dimensional", referiu. "Temos de apoiar, sim, por pouco tempo,
quando estão a inovar, a trabalhar com universidades", explicou, apoiando
a ideia lançada por António Barreto. O cientista social, presente nas conversas
sobre exportação sugeriu que os próximos fundos estruturais do QREN
"discriminem positivamente os projetos que envolvem universidades e
empresas".
Promover a
produtividade em Portugal, segundo Augusto Mateus, não será conseguido através
da redução de custos, nomeadamente salariais, mas da intervenção nos "não
custos": "É através da mistura de competências (técnicas ou
científicas) com a inovação e a diferenciação".
"O nível
salarial em Portugal já é de apenas 55% da média da Europa alargada e mesmo os
países que entraram mais recentemente chegam aos 46% ou 47%. Só a Bulgária está
nos 140€. Mas o caminho para Portugal não é descer salários até chegar à
Bulgária, é subir o valor", considerou Augusto Mateus.
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