quarta-feira, 17 de abril de 2013

Augusto Mateus: "Estamos como estamos porque governam sem saber o que fazem"




Erika Nunes - Dinheiro Vivo

Promover a produtividade em Portugal deverá ser através do aumento do conhecimento e da inovação e não a descida dos salários

As entidades portuguesas no estrangeiros funcionam sem ligação, segundo o antigo ministro da Economia, Augusto Mateus. Organização e estratégia, desde o Governo até às empresas, incluindo as universidades, são a chave – apontou, nas “Exit Talks”, na Universidade de Aveiro – para o crescimento da economia portuguesa.

“Estamos como estamos porque governam sem saber o que fazem. Há uma conversa permanente sobre generalidades, mas não têm uma palavra sobre como se estimula o emprego e o crescimento”, criticou o ex-governante, conhecido pelo “Plano Mateus” que, nos anos 90, perdoou dívidas das empresas ao Estado.

Professor de "Política Económica" na Universidade Técnica de Lisboa, Augusto Mateus considerou essencial mudar o paradigma dos apoios às empresas em Portugal. "Parece haver um consenso nacional sobre apoios às PME, por quê? Uma política sectorial seria pateta. Agora estamos numa política ainda mais parva, que é dimensional", referiu. "Temos de apoiar, sim, por pouco tempo, quando estão a inovar, a trabalhar com universidades", explicou, apoiando a ideia lançada por António Barreto. O cientista social, presente nas conversas sobre exportação sugeriu que os próximos fundos estruturais do QREN "discriminem positivamente os projetos que envolvem universidades e empresas".

Promover a produtividade em Portugal, segundo Augusto Mateus, não será conseguido através da redução de custos, nomeadamente salariais, mas da intervenção nos "não custos": "É através da mistura de competências (técnicas ou científicas) com a inovação e a diferenciação".

"O nível salarial em Portugal já é de apenas 55% da média da Europa alargada e mesmo os países que entraram mais recentemente chegam aos 46% ou 47%. Só a Bulgária está nos 140€. Mas o caminho para Portugal não é descer salários até chegar à Bulgária, é subir o valor", considerou Augusto Mateus.

Sem comentários:

Mais lidas da semana