quarta-feira, 17 de abril de 2013

Portugal: TAL COMO OS TRÊS MOSQUETEIROS, A TROIKA SÃO QUATRO




Eduardo Oliveira Silva – Jornal i, opinião

O quarto é Gaspar, mas todos acham pouco e ainda querem agenciar o PS

Os três mosqueteiros eram quatro. Com a troika passa-se a mesma coisa. O que era uma evidência que Pacheco Pereira definia já há bastante tempo como uma quadriga foi agora reconhecido internacionalmente com a proclamação pela própria televisão estatal da Irlanda de que Vítor Gaspar é o representante da troika, e não o ministro de um estado soberano em busca de soluções. Pior que isto para a pátria lusitana só o filme do Algarve com a carroça puxada por um burro ou a figura da portuguesa que esta semana ganhou o euromilhões no Canadá.

A visita intercalar da troika mantém como único objectivo a política recessiva, até que, chegados à exaustão, começaremos a crescer.

Sim, porque a ciência económica reconhece que um pobre que tem um cêntimo no bolso quando passar a ter dois vê a sua fortuna crescer 100%, o que não quer dizer que não morra de fome na mesma.

Para que tudo corra mesmo bem a este grupo dos quatro (que alguns asseguram ser um bando), o ideal seria juntar o PS como parceiro, criando um movimento envolvendo todos os partidos do arco da governação.

Como já se conhece o propósito da visita troikiana de definir mais austeridade para compensar os cortes do Tribunal Constitucional, todas as formas possíveis de obter a adesão do PS serão utilizadas, começando pelo apelo à responsabilidade e acabando na chantagem emocional.

Esta tendência para envolver o PS está a intensificar-se na mesma medida em que a política recessiva vai falhando, e até o CDS se distancia do parceiro de coligação.

Assim aumenta o nervosismo quanto à necessidade de aproximação ao PS. Em poucas horas sabia-se que a troika se vai encontrar com Seguro e Passos quer fazer o mesmo urgentemente para discutir novas soluções para manter o “consenso nacional quanto às nossas obrigações”.

Como diz o povo, quando a esmola é grande o pobre desconfia. Tamanha simpatia tem subjacente a ideia de que para persistir no mesmo rumo o PS é indispensável, para evitar a ruptura social.

Não sendo ingénuo, Seguro deve ter noção de que os convidantes apenas o querem na fotografia para embelezar a imagem, ao jeito de uma campanha publicitária com modelos atractivos.

Se for no engodo, terá de subscrever políticas recessivas. Se não aceitar, tem de mostrar alternativas concretas e não teóricas. Os encontros e os pontos de vista que publicamente expressar nas próximas horas são fundamentais e muito dirão quanto à substância do seu pensamento e das suas opções.

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