Eduardo
Oliveira Silva – Jornal i, opinião
O quarto é Gaspar,
mas todos acham pouco e ainda querem agenciar o PS
Os três
mosqueteiros eram quatro. Com a troika passa-se a mesma coisa. O que era uma evidência que Pacheco Pereira definia já há bastante tempo como uma quadriga
foi agora reconhecido internacionalmente com a proclamação pela própria
televisão estatal da Irlanda de que Vítor Gaspar é o representante da troika, e
não o ministro de um estado soberano em busca de soluções. Pior que isto para a
pátria lusitana só o filme do Algarve com a carroça puxada por um burro ou a
figura da portuguesa que esta semana ganhou o euromilhões no Canadá.
A visita intercalar da troika mantém como único objectivo a política recessiva,
até que, chegados à exaustão, começaremos a crescer.
Sim, porque a
ciência económica reconhece que um pobre que tem um cêntimo no bolso quando
passar a ter dois vê a sua fortuna crescer 100%, o que não quer dizer que não
morra de fome na mesma.
Para que tudo corra
mesmo bem a este grupo dos quatro (que alguns asseguram ser um bando), o ideal
seria juntar o PS como parceiro, criando um movimento envolvendo todos os
partidos do arco da governação.
Como já se conhece
o propósito da visita troikiana de definir mais austeridade para compensar os
cortes do Tribunal Constitucional, todas as formas possíveis de obter a adesão
do PS serão utilizadas, começando pelo apelo à responsabilidade e acabando na
chantagem emocional.
Esta tendência para envolver o PS está a intensificar-se na mesma medida em que
a política recessiva vai falhando, e até o CDS se distancia do parceiro de
coligação.
Assim aumenta o
nervosismo quanto à necessidade de aproximação ao PS. Em poucas horas sabia-se
que a troika se vai encontrar com Seguro e Passos quer fazer o mesmo
urgentemente para discutir novas soluções para manter o “consenso nacional
quanto às nossas obrigações”.
Como diz o povo,
quando a esmola é grande o pobre desconfia. Tamanha simpatia tem subjacente a
ideia de que para persistir no mesmo rumo o PS é indispensável, para evitar a
ruptura social.
Não sendo ingénuo,
Seguro deve ter noção de que os convidantes apenas o querem na fotografia para
embelezar a imagem, ao jeito de uma campanha publicitária com modelos
atractivos.
Se for no engodo, terá de subscrever políticas recessivas. Se não aceitar, tem
de mostrar alternativas concretas e não teóricas. Os encontros e os pontos de
vista que publicamente expressar nas próximas horas são fundamentais e muito
dirão quanto à substância do seu pensamento e das suas opções.
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