MMT – MLL - Lusa
Maputo, 17 abr
(Lusa) - O representante da ONU na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, considerou
hoje, em Maputo, que o país está a "um passo" de se tornar um
"Estado falhado", caso a instabilidade não tenha uma solução nos
próximos tempos.
Falando aos
jornalistas no final de uma audiência com o chefe de Estado moçambicano,
Armando Guebuza, presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), José Ramos-Horta descreveu a situação guineense como sendo
de "extrema precariedade".
"Se o Estado
existe para dar segurança, tranquilidade, saúde, educação, justiça às
populações, então aí vemos que há extrema precariedade na Guiné-Bissau, daí
para um Estado falhado é um passo", disse.
Ramos-Horta e
Armando Guebuza discutiram a crise guineense.
Segundo José
Ramos-Horta, o presidente da CPLP "prometeu estudar e encontrar formas de,
no quadro da CPLP e da União Africana, tentar contribuir mais ainda do que já
tem feito para ajudar a resolver o problema da Guiné-Bissau".
O antigo Presidente
timorense acrescentou que a situação da Guiné-Bissau "continua
extremamente delicada pela ausência de um roteiro político por parte da
Assembleia Nacional, do Presidente interino, Governo e todos os intervenientes
que indiquem luz ao fim do túnel visando à formação de um Governo mais incluso,
com a participação do PAIGC".
"Não há nada
em vista que nos garanta que esta situação vai ser resolvida nos próximos
tempos", até porque, "por exemplo, não há data para a realização de
recenseamento eleitoral, eleições presidenciais e legislativas até ao fim do
ano, como foi prometido pelos guineenses aos chefes de Estado da CEDEAO",
disse o responsável pelas Nações Unidas na Guiné-Bissau.
Contudo, referiu
Ramos-Horta, "há razões para otimismo", até porque "a
Guiné-Bissau não é uma Somália, não é Congo, é de muito menor dimensão, há
apenas um impasse político. O Estado existe nominalmente e, por outro lado, há
um povo magnífico, que, apesar de multiétnico, multilinguístico,
multirreligioso, nunca houve guerras por causa destas diferenças".
De resto, disse,
"o povo da Guiné-Bissau tem dado grande exemplo de civismo e é triste por
quase vive alheio e desconetado com a elite política e militar", pelo que
"as Forças Armadas têm que ser totalmente reorganizadas".
José Ramos-Horta
garantiu que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, está "totalmente
sensível ao problema e está muito bem informado", sobre a crise guineense.
"O que é
necessário agora é sensibilizar o Conselho de Segurança a fazer muito mais para
evitar o pior na Guiné-Bissau", apelou.
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