quinta-feira, 18 de abril de 2013

MEDIDAS DE AUSTERIDADE NA EUROPA DEVEM A ERRO DE EXCEL




Jornal i - Lusa

Paper contestado é um dos pilares das políticas de austeridade

Um dos trabalhos académicos que sustentam a política de austeridade, que encontrou um efeito negativo entre endividamento e crescimento económico, está a ser posto em causa depois de terem sido encontrados erros nos cálculos de Excel. De acordo com um trabalho académico desenvolvido pelo estudante de doutoramento Thomas Herndon e pelos seus professores Michael Ash e Robert Pollin, da Universidade do Massachusetts, o trabalho apresentado em 2010 por Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff (“Crescimento em tempos de dívida”) errou ao concluir que um elevado nível de dívida condena uma economia a um crescimento lento. Segundo o estudo, elaborado por estes dois académicos da Universidade de Harvard (Estados Unidos), os países com um rácio de dívida pública acima dos 90% do produto interno bruto (PIB) assistem a uma contracção média das suas economias de cerca de 0,1% por ano. Agora, Herndon, Ash e Pollin recriaram os cálculos feitos para 20 economias desenvolvidas no período pós-Segunda Guerra Mundial e, num paper de revisão do trabalho de Reinhart e Rogoff, concluíram que os países com um rácio da dívida pública daquela dimensão tiveram um crescimento do PIB de 2,2%, apenas um ponto percentual abaixo da taxa de crescimento observada em países com menores rácios da dívida.

O paper agora criticado de Rogoff e Reinhart é, segundo o Nobel da economia Paul Krugman, um dos dois que sustentam o “edifício intelectual da economia da austeridade”. O outro, refere no seu blogue, é o apresentado em 2009 por Alberto Alesina e Silvia Ardagna, sobre os efeitos macroeconómicos da austeridade. Segundo Krugman, também este trabalho falhou ao não saber distinguir entre episódios em que a política monetária estava ou não disponível.

Sem comentários:

Mais lidas da semana