Jornal i - Lusa
Paper contestado é
um dos pilares das políticas de austeridade
Um dos trabalhos
académicos que sustentam a política de austeridade, que encontrou um efeito
negativo entre endividamento e crescimento económico, está a ser posto em causa
depois de terem sido encontrados erros nos cálculos de Excel. De acordo com um
trabalho académico desenvolvido pelo estudante de doutoramento Thomas Herndon e
pelos seus professores Michael Ash e Robert Pollin, da Universidade do
Massachusetts, o trabalho apresentado em 2010 por Carmen Reinhart e Kenneth
Rogoff (“Crescimento em tempos de dívida”) errou ao concluir que um elevado
nível de dívida condena uma economia a um crescimento lento. Segundo o estudo,
elaborado por estes dois académicos da Universidade de Harvard (Estados
Unidos), os países com um rácio de dívida pública acima dos 90% do produto
interno bruto (PIB) assistem a uma contracção média das suas economias de cerca
de 0,1% por ano. Agora, Herndon, Ash e Pollin recriaram os cálculos feitos para
20 economias desenvolvidas no período pós-Segunda Guerra Mundial e, num paper
de revisão do trabalho de Reinhart e Rogoff, concluíram que os países com um
rácio da dívida pública daquela dimensão tiveram um crescimento do PIB de 2,2%,
apenas um ponto percentual abaixo da taxa de crescimento observada em países
com menores rácios da dívida.
O paper agora
criticado de Rogoff e Reinhart é, segundo o Nobel da economia Paul Krugman, um
dos dois que sustentam o “edifício intelectual da economia da austeridade”. O
outro, refere no seu blogue, é o apresentado em 2009 por Alberto Alesina e
Silvia Ardagna, sobre os efeitos macroeconómicos da austeridade. Segundo
Krugman, também este trabalho falhou ao não saber distinguir entre episódios em
que a política monetária estava ou não disponível.
Sem comentários:
Enviar um comentário