Henrique Monteiro –
Expresso, opinião
"Sei que só a
história me julgará convenientemente e com distância", disse Miguel Relvas
ao demitir-se. Há pessoas, que mesmo de saída têm uma grande
autoconfiança. Acham que, passados anos, alguém se lembrará deles e se
preocupará com a razão que tinham ou não tinham.
Num ápice, consigo
dizer nomes de governantes que proclamaram coisas do género depois de serem
apanhados num passo em falso. De Lopes da Neta e Custódio Simões (quem se
lembra?) ao mais recente Martins da Cruz muitos foram os que sonharam com isso.
Mas políticos do nosso tempo que ficarão na História (por bons e maus motivos,
mas sem favor) serão pessoas como Otelo, Cunhal, Soares, Sá Carneiro, Eanes e
Cavaco (como primeiro-ministro). Talvez Sampaio, Freitas, Guterres, Barroso,
Sócrates e Balsemão consigam umas referências. Mas Relvas? Meu Deus! Dos Relvas
não reza a história.
De tudo isto,
talvez apenas nos fique este facto: pela primeira vez uma investigação de um
organismo público foi contra um ministro. Pela primeira vez, um ministro concordou
com conclusões que afetam um colega do Governo. Se Relvas tiver lugar na
História não será pelo que fez, mas porque a justiça se exerceu sobre ele,
quando estava no poder.
Porque a história
de Relvas é esta - uma história triste.
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