Cristina Figueiredo
– Expresso – foto Alberto Frias
"Ter os pés
bem assentes na terra" é a "primeira condição" para o PS chegar
ao Governo, disse António José Seguro no encerramento do XIX Congresso do PS.
"Podemos perder votos, mas não vendemos ilusões", garantiu.
Num discurso virado sobretudo para o elencar das "propostas
concretas" do PS para a saída da crise, o secretário-geral do PS avisou os
socialistas de que não têm pela frente "um caminho fácil, uma passadeira
vermelha". E quis deixar claro que a luta pelo poder não autoriza um
discurso facilitista: "O rigor, os sacrifícios e a contenção orçamental
não desaparecerão" do léxico socialista, mesmo que isso signifique perda
de votos: "Podemos perder votos, mas não vendemos ilusões".
É uma questão,
acrescentou, "de não prometer nada que não tenhamos a certeza de vir a
fazer quando formos Governo" - um princípio que repete amiúde nas suas
intervenções.
"Honrar as
promessa feitas é o melhor contributo que podemos dar para aumentar a confiança
das pessoas nos partidos políticos", disse, numa referência indirecta à
carta aberta que vários socialistas lhe tinham dirigido no início da semana,
solicitando que o Congresso debatesse várias propostas de abertura do PS à
sociedade, como forma de ajudar a reconciliar os cidadãos com o partidos.
"O problema está mais na atitude de políticos e de governantes do que nas
regras institucionais", concluiu.
"Não
descartarei coligações, mesmo com maioria absoluta"
Pedindo "com
clareza" uma maioria absoluta - "não para nós, mas para Portugal.
Porque na situação em que estamos não pode haver atrasos" -, o líder
socialista não quis, porém, excluir ninguém de um diálogo que, quis frisar em
implícita crítica ao atual Governo, deve continuar a ser mantido, mesmo com
maioria absoluta: "Não descartarei coligações, mesmo com maioria absoluta;
não desistirei de acordos de incidência parlamentar; tudo farei para procurar
contributos das organizações sociais mais significativas".
Antes recusara
"casamentos de conveniência, falsos entendimentos", enfatizara que
"a aliança natural do PS é com os portugueses". Perante uma plateia
onde se encontravam representações não só de todos os partidos com assento
parlamentar como também da Renovação Comunista, garantiu: "O Estado de
emergência do país não dispensa ninguém". E anunciou a realização, sem
dizer quando, de uma Convenção para um Novo Rumo, aberta a todos quantos
queiram dar o seu contributo para a a elaboração do programa de Governo
socialista.
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