Partido Verde
reforça foco em temas sociais e renova apoio aos social-democratas para
derrotar a atual coalizão liderada pela chanceler federal Angela Merkel nas
próximas eleições da Alemanha.
Os verdes estão
decididos a deixar a oposição e vencer a coalizão liderada pela chanceler
federal Angela Merkel nas eleições legislativas na Alemanha, marcadas para
setembro. Durante os três dias de convenção em Berlim, que terminou no domingo
(28/04), os líderes da legenda discutiram as estratégias de campanha, que já
não focam tanto no discurso ambiental e reforçam uma aliança com o Partido
Social Democrata (SPD).
Já no início do
congresso, a líder dos verdes, Cláudia Roth, atacou os adversários e descreveu
as promessas da União Democrata Cristã (CDU) como “superficiais e cheias de
surpresas desagradáveis”. Roth ainda criticou Merkel por, segundo ela, não
assumir responsabilidade nas decisões relativas à proteção ambiental e oscilar
na adoção de medidas: primeiro era a favor da produção de energia nuclear, mas
mudou de opinião depois do acidente nuclear de Fukushima, em 2011.
“O próximo governo
será verde e vermelho”, afirma a líder, aplaudida de pé pelos delegados do
partido, em referência às cores da aliança entre verdes e social-democratas.
A pergunta agora é
como os verdes vão fazer isso. O extenso programa de governo do partido, de 150
páginas, tenta responder essa questão, levando em conta que o discurso
ambiental já não é mais a principal bandeira.
Igualdade de
direitos
Um dos principais
temas dos verdes, além da tradicional preocupação ambiental, é a justiça
social. Muitas pessoas, argumenta o partido, dizem se sentirem excluídas da
sociedade alemã devido a baixos salários, escassez de serviços públicos e
incertezas sobre o sistema de seguridade social.
Os verdes dizem que
a coalizão de Merkel falhou em aliviar esses problemas e citam, como exemplo, o
fato de parte da parcela rica da população ter conseguido sonegar impostos ao
depositar dinheiro no exterior.
"Nas questões
sociais, algo deve ser mudado”, disse o delegado Alexander Maul, da cidade de
Saarlouis. "É uma mentira que está tudo bem e que a Alemanha é o motor da
Europa. Quem olhar atentamente para a estrutura, para as ruas e os trilhos do
país, vai ver que muito dinheiro ainda deve ser investido. A chanceler esconde
isso da população“, protesta Maul.
Para Jutta Bruns,
candidata a deputada pelos verdes, o direito das mulheres também deve ser
discutido. "Com essa imagem ultrapassada da mulher, não temos boas chances
de futuro”, contesta.
O partido tem o
mesmo número de cadeiras no Parlamento para homens e mulheres e, durante a
conferência, os delegados ironizaram o fato de o movimento de Merkel querer
estabelecer uma cota feminina apenas em 2020.
Ressalvas sobre
aliança
Nos corredores da convenção,
a aliança dos verdes com os social-democratas ainda é vista com alguma
desconfiança. O bávaro Johann Mayer, por exemplo, defendeu uma campanha mais
independente e menos ligada às ideias do SPD.
Mas, embora alguns
verdes, como Mayer, não sejam grandes fãs do SPD, sabem que sem uma aliança as
chances de vitória não existem. Na convenção, uma aliança com o partido de
Merkel – por ser considerada prejudicial para os princípios do partido – não
foi sequer debatida publicamente.
Prova disso foi
que, ao chegar à convenção para discursar como convidado, o líder do SPD,
Sigmar Gabriel, foi recebido com aplausos e abraços. Ao mesmo tempo, Katrin
Göring-Eckhardt, uma das principais candidatas verdes, deixou claro que a
campanha do partido não ficaria à sombra dos social-democratas. Os eleitores,
segundo ela, devem saber porém que uma aliança está em pauta.
A baixa
popularidade do candidato do SPD a chanceler, Peter Steinbrück, parece não ser
um empecilho. “Não é segredo para ninguém que Steinbrück tem cometido algumas
gafes nos últimos seis meses”, comentou Maul durante a convenção. Mas isso,
afirma, é um problema do SPD. O delegado acredita que, no geral, as plataformas
dos dois partidos são compatíveis e suficientes para uma chance real de vitória
na eleição.
Apesar da
popularidade do SPD, no momento, não estar muito em alta, os verdes não
consideram isso um problema. “Enquanto os social-democratas conseguirem
mobilizar as pessoas, serei otimista”, comenta Robert Klein, do Partido Verde
de Hamburgo. “Se o verde-vermelho não funcionar, então o vermelho-verde pode
dar certo.”
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