segunda-feira, 15 de abril de 2013

Vila palco de confrontos entre polícia moçambicana e Renamo volta à normalidade




AYAC – APN - Lusa

Muxúnguè, Moçambique, 15 abr (Lusa) - As escolas reabriram hoje e o comércio já funciona em pleno em Muxúnguè, Sofala, centro de Moçambique, palco de violentos confrontos entre a polícia anti-motim e elementos da Renamo, disse à Lusa um residente local.

"As escolas abriram hoje e as crianças foram estudar. Algumas crianças ainda não voltaram desde que fugiram com os pais, mas muitos professores estão na EPC 1º de Maio", disse à Lusa Tomé Sigauque um morador, que garantiu que "o medo das pessoas já está a passar".

Muxúnguè tornou-se numa "vila fantasma", após um ataque, no início do mês, de ex-guerrilheiros do partido da oposição Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) ao comando da polícia, em retaliação a invasão e ocupação da sua sede, no qual morreram quatro agentes e um atacante.

No dia 06 de abril, na mesma zona, um autocarro de passageiros e um camião de carga foram atacados por homens armados, de que resultaram dois mortos.

"Estávamos a dormir quando a guerra começou. Não pensei em mais nada, acordei, levei minha mulher e dois filhos, minha mãe e meus irmãos e fugimos para o mato, onde nos mantivemos até ao dia 8 de Abril, sem comer e nem beber", contou Mateus Mugadui, um comerciante da região e residente no 4º bairro, um dia depois de regressar à vila.

O governo não revelou estatísticas sobre o abandono da população, mas, em média, duas em cada cinco casas em Muxúnguè estavam desabitadas na semana passada.

Hoje, a castanha e ananás, cartões-de-visita da região, voltaram a ser comercializados na principal estrada que liga o sul, centro e norte.

"A polícia e militares continuam a ser reforçados e têm estado a patrulhar a vila toda", disse Tomé Sigauque.

O hospital de Muxúnguè recebeu o reforço da diretora provincial e distrital de saúde e do médico-chefe distrital, para atenderem serviços de emergência, devido à falta de quadros do setor, precipitadas pelos confrontos de 4 de Abril.

Em declarações à Lusa, Arnaldo Machowe, administrador de Chibabava, assegurou que o calendário escolar na zona afetada não vai alterar-se, mas um programa especial vai ser introduzido para os alunos recuperarem as aulas perdidas.

"Será feito um programa especial, porque nem todas as escolas fecharam. Assim que retomarem as aulas, as direções das escolas farão uma planificação de atividades para recuperação do tempo perdido. Na altura dos ataques os alunos estavam a fazer provas finais do trimestre, então não houve perdas de aulas, mas as provas serão compensadas", disse à Lusa Arnaldo Machowe.

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