António
Capalandanda – Voz da América
Violações de
direitos humanos ocorrem em todos os aspectos, diz relatório
Abusos de poder
pela polícia, prisões ilegais, presos que cumprem as suas penas e continuam
detidos, demolições de casas e falta de resposta do governo aos desalojados que
ele próprio causou. Isto são algumas das violações de direitos humanos
registadas pela Amnistia Internacional num relatório publicado Quinta-feira em
que a polícia angolana é também acusa de "continuar a fazer um uso
excessivo da força, incluindo contra manifestantes pacíficos”, existindo
suspeitas de que a polícia cometeu execuções extrajudiciais.
No relatório sobre o estado dos direitos humanos no mundo em 2012, a organização
não-governamental, que visitou Angola em Abril de 2012, diz que as
manifestações contra o governo que começaram em Março de 2011 prosseguiram em
2012 e ocorreram, principalmente, em Luanda, Benguela e Cabinda.
Assim como aconteceu em 2011,
a polícia não só deixou de intervir para impedir a
violência contra os manifestantes pacíficos, como ainda teria usado força
excessiva contra eles, alguns dos quais foram presos e detidos de modo
arbitrário, diz o documento.
A Amnistia internacional lamenta que “ninguém tenha sido responsabilizado por
uso excessivo da força e detenções arbitrárias nas manifestações de 2011” .
A organização condena a presença de “um número não identificado de
infiltrados" nos protestos pacíficos, suspeitos de estarem colaborarem com
a polícia para provocar os manifestantes.
“Embora as autoridades policiais tenham assegurado que estavam em curso
investigações às ameaças e aos ataques exibidos na televisão, ninguém foi
responsabilizado até final do ano”, critica o relatório que menciona ainda que,
o uso excessivo da força policial estende-se aos detidos, mencionando uma morte
e pelo menos sete “casos suspeitos de execuções extrajudiciais”.
O documento refere também que a liberdade de associação e de expressão
continuam sujeitas a restrições e alega que a liberdade de expressão continuou
a ser suprimida, sobretudo na imprensa e que ocorreram tentativas de impedir a
publicação de jornais ou de artigos considerados potencialmente contrários ao
governo.
A Amnistia internacional cita como exemplo a operação que levou 15 agentes
policiais aos escritórios do jornal Folha 8, dirigido por William Tonet, que
resultou na confiscação de 20 computadores e na inquirição de jornalistas.
A organização internacional refere igualmente dois casos de possíveis
“desaparecimentos forçados" nomeadamente os casos respeitantes a António
Alves Kamulingue e Isaías Sebastião Cassule, envolvidos na organização de um
protesto de veteranos de guerra e ex-guardas presidenciais que exigiam o
pagamento de pensões e salários em atraso e que foram dados como
desaparecidos há um ano.
Estes dois casos têm sido recordados em protestos cívicos, estando agendado um
para a próxima segunda-feira, em Luanda.
O documento denuncia a existência de prisioneiros de consciência, tendo citado
o caso de dois integrantes da Comissão do Manifesto Jurídico Sociológico do
Protectorado da Lunda Tchokwe (CMJSP-Lunda), Mário Muamuene e Domingos Capenda,
que permaneciam na penitenciária de Kakanda apesar de suas sentenças terem
expirado em 9 de Outubro de 2011 mas que só foram libertados no dia 17 de
Janeiro de 2012.
Embora o Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenções Arbitrárias tenha concluído
suas deliberações em Novembro de 2011 pedindo a libertação dos membros da
Comissão detidos entre 2009 e 2011, cinco deles – Sérgio Augusto, Sebastião
Lumani, José Muteba, António Malendeca e Domingos Henrique Samujaia –
permaneceram presos, lê-se no documento.
A AI diz ainda ter indicações de “despejos forçados” em Angola, alegando que
apesar dos discursos governamentais sobre a melhoria do acesso ao alojamento, prosseguem
os despejos forçados de pequena escala e milhares de pessoas permanecem em
risco.
A organização recorda que o Governo angolano se comprometeu, em Junho de 2011, a realojar "mais
de 450 famílias", cujas casas foram demolidas em Luanda, mas nenhuma
estava realojada até final de 2012.
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