FP – JMR - Lusa
Bissau, 07 mai
(Lusa) - O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, propõe mais um ano
de mandato para o escritório da ONU na Guiné-Bissau mas sugere uma reformulação
que contempla a abertura de delegações regionais e um segundo representante
especial.
O Escritório
Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau
(UNIOGBIS) termina o mandato no final de maio mas no relatório que Ban Ki-Moon
enviou ao Conselho de Segurança, a que a Agência Lusa teve hoje acesso,
sugere-se que o mandato seja revisto e prorrogado até 31 de maio de 2014.
Tal permitirá que a
missão da ONU tenha mais tempo para dar "apoio estratégico" às
autoridades nacionais, em cooperação com outros parceiros internacionais, nota
o documento, no qual se pede também a manutenção no país e mais apoio para o
escritório das Nações Unidas contra o tráfico de droga.
No documento
enviado ao Conselho de Segurança a propósito da próxima reunião sobre a
Guiné-Bissau, o secretário-geral faz um resumo dos últimos acontecimentos no
país desde 28 de fevereiro (altura do relatório anterior, quando o Conselho de
Segurança prorrogou o mandato da UNIOGBIS até 31 de maio deste ano) e fala de
ajustamentos no mandato, embora sem aumentar o orçamento.
"Para dar
maior eficácia e efetividade à implementação" do mandato da UNIOGBIS, o
secretário-geral propõe que o Conselho de Segurança aprove as propostas saídas
de uma missão técnica da ONU que esteve na Guiné-Bissau entre 18 e 27 de março,
uma delas a de criar um "pilar político" na UNIOGBIS centrado em
questões como paz, segurança ou direitos humanos.
Esse pilar seria
chefiado por um representante do secretário-geral, mantendo-se José
Ramos-Horta, atual representante especial de Ban Ki-Moon, no cargo, mas com
mais tempo para a diplomacia e para a mobilização de apoios para a
Guiné-Bissau.
Ban Ki-Moon defende
que o processo político na Guiné-Bissau deve de ser visto numa perspetiva ampla
e em duas fases, uma até às eleições e outra depois, para a implementação de
reformas chave, o que tem de requerer um acordo pós-eleitoral.
No relatório Ban
Ki-Moon diz que a situação política na Guiné-Bissau continua tensa, devido às
contínuas discordâncias entre políticos para acertar um roteiro que leve à
restauração da ordem constitucional, e que a em termos de segurança a situação
é de calma ainda que "volátil".
Ban Ki-Moon pede
aos "atores" da Guiné-Bissau para que trabalhem de boa-fé para um
novo pacto de regime e um mapa de transição consensual, que inclua um bem
definido calendário eleitoral e a formação de um governo inclusivo, e reafirma
o empenho da ONU em ajudar o país.
No documento Ban
Ki-Moon centra-se essencialmente no relatório da missão da ONU de março
passado, que fala da necessidade referida por parceiros internacionais de
melhorar a situação dos direitos humanos e do "clima de medo"
resultante de restrições à liberdade de expressão e manifestação.
Fraco é também,
diz, o acesso à justiça, com muitos crimes a não serem reportados, investigados
e julgados, continuando a haver uma "cultura de impunidade", com os
militares e as elites políticas a imiscuírem-se no sistema judicial.
Ban Ki-Moon
reconhece que apesar da fraqueza do Estado e dos críticos indicadores
socioeconómicos a Guiné-Bissau não caiu num conflito aberto e diz que só com
uma política de estabilidade e segurança é possível aproveitar os abundantes
recursos.
"Tal
estabilidade requer um genuíno empenho dos atores nacionais para mudar o ciclo
político-militar de conflitos em nome de interesses pessoais" e também o
empenho dos parceiros internacionais para, com a Guiné-Bissau, trabalharem numa
paz duradoura, segurança e desenvolvimento, diz o secretário-geral da ONU.
No documento o
responsável considera importante que a ONU e os parceiros trabalhem em conjunto
para apoiar um responsável, legitimo e efetivo Estado da Guiné-Bissau, devendo
a UNIOGBIS centrar-se numa estratégia de conselheiro e guia mas também de apoio
técnico e de facilitador de diálogo e reconciliação nacional.
E que apoie um
ambiente propício a eleições transparentes e credíveis, o fortalecimento das
instituições, uma estratégia para as áreas da justiça, defesa e segurança, e as
autoridades no combate ao tráfico de droga e crime transnacional.
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