Paulo Alexandre
Amaral, RTP – foto Thomas Peter, EPA
As queixas da
prática de dumping endereçadas a Bruxelas por membros da União Europeia estão a
atravessar-se nas relações económicas entre a Alemanha e a China, o que terá
provocado irritação em Berlim e levado a chanceler Angela Merkel a agir por
conta própria. Com os olhos postos num mercado que se mede na escala dos
milhares de milhões de euros, no momento em que recebe a visita do
primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, a chanceler pede aos parceiros europeus
que contenham os riscos de abrir uma guerra aduaneira com Pequim. Para já, terá
conseguido que 18 membros da UE rejeitassem a imposição de sanções aos chineses
para proteger a indústria europeia dos painéis solares.
Na prática, o que
está em causa é uma relação entre a União Europeia e a China construída ao
longo de duas décadas, que substituiu o que era então uma balança de trocas
quase residual em termos comerciais.
No ano passado, as exportações dos 27 para o gigante asiático atingiram os 144 mil milhões de euros, enquanto as importações provenientes da China foram de 290 mil milhões (principalmente em bens manufacturados, matérias-primas e serviços). O mercado europeu é o principal destino dos produtos chineses primeiro, seu principal parceiro comercial; já a Europa conta como principal parceiro os Estados Unidos, mas os chineses estão logo a seguir na lista.
Outro dado entra também em jogo: nos últimos seis meses de 2012, Berlim foi o principal exportador para a China (seguiram-se a França e o Reino Unido), destino essencial para o desembarque da indústria automóvel e de maquinaria da Alemanha. Trata-se portanto de uma relação proveitosa que ambos os lados - Alemanha e China - não querem deitar a perder. Talvez seja por isso que Berlim é o único ponto no mapa da União Europeia marcado com uma visita de Li Keqiang, que agendou outras duas deslocações: Berna e Zurique.
Em vista, está a assinatura de dezassete contratos no montante de4 a 5 mil milhões de euros para
marcas alemãs, entre elas BMW, Volkswagen, BASF e Siemens.
No ano passado, as exportações dos 27 para o gigante asiático atingiram os 144 mil milhões de euros, enquanto as importações provenientes da China foram de 290 mil milhões (principalmente em bens manufacturados, matérias-primas e serviços). O mercado europeu é o principal destino dos produtos chineses primeiro, seu principal parceiro comercial; já a Europa conta como principal parceiro os Estados Unidos, mas os chineses estão logo a seguir na lista.
Outro dado entra também em jogo: nos últimos seis meses de 2012, Berlim foi o principal exportador para a China (seguiram-se a França e o Reino Unido), destino essencial para o desembarque da indústria automóvel e de maquinaria da Alemanha. Trata-se portanto de uma relação proveitosa que ambos os lados - Alemanha e China - não querem deitar a perder. Talvez seja por isso que Berlim é o único ponto no mapa da União Europeia marcado com uma visita de Li Keqiang, que agendou outras duas deslocações: Berna e Zurique.
Em vista, está a assinatura de dezassete contratos no montante de
Bruxelas recebeu queixas de dumping chinês
São montantes que poderão vir a condicionar várias iniciativas levadas à Comissão Europeia no sentido de desencadear processos de investigação a alegadas práticas de dumping por parte dos chineses e que deram origem a uma guerra de palavras em que Berlim e Pequim se colocaram no mesmo lado da barricada.
Um dos exemplos é a
luta em torno da indústria fotovoltaica, com Bruxelas a fazer marcha atrás
depois de ter falado em taxas aduaneiras na ordem dos 47% para as importações
de painéis solares fabricados na China. Outros casos em análise são os produtos
de telecomunicações da Huawei e ZTE.
Pequim apressou-se a retaliar, escolhendo um ataque aos laboratórios Solvay e o grupo Vallourec, exemplos de alegado dumping reportados a Bruxelas em apenas quinze dias. O alvo de Pequim é neste caso o percloroetileno, molécula de importância vital na limpeza a seco, mas há ainda os tubos sem soldadura. A China responde na mesma moeda aos dezoito processos relativos a alegadas violações das regras comerciais por parte de empresas chinesas.
São impasses que não agradam nem a Merkel nem a Keqiang. Depois de há uma semana o seu ministro da Economia ter assinalado o “grave erro” que constituía a imposição de taxas alfandegárias aos painéis solares, Merkel avisa agora que tudo fará “para encontrar uma solução para esta discussão e não cair numa espécie de confrontação que acabe na imposição recíproca de taxas aduaneiras”.
De qualquer forma, a chanceler estava já sob enorme pressão dos industriais do país, que a 19 deste mês libertaram um comunicado apelando a uma saída negocial para o problema que envolvia os painéis solares. Ulrich Grillo, presidente da Federação dos Industriais Alemães (BDI na sigla original), reforçaria o apelo à via da negociação para pedir “o envolvimento vigoroso do governo alemão no seio da EU”.
“Os direitos aduaneiros penalizam as duas partes”, sublinhava o presidente da BDI, posição que encontrou eco na Federação do Comércio Externo da Alemanha (BGA na sigla original).
O mesmo recado voltou a ser passado de forma subtil pelo primeiro-ministro chinês na sua deslocação à Suíça. Li Keqiang acaba de assinar um acordo de livre comércio com aquele país, o que poderá valer de avanço um corte de 60% nas taxas alfandegárias aplicadas aos relógios suíços.
Pequim apressou-se a retaliar, escolhendo um ataque aos laboratórios Solvay e o grupo Vallourec, exemplos de alegado dumping reportados a Bruxelas em apenas quinze dias. O alvo de Pequim é neste caso o percloroetileno, molécula de importância vital na limpeza a seco, mas há ainda os tubos sem soldadura. A China responde na mesma moeda aos dezoito processos relativos a alegadas violações das regras comerciais por parte de empresas chinesas.
São impasses que não agradam nem a Merkel nem a Keqiang. Depois de há uma semana o seu ministro da Economia ter assinalado o “grave erro” que constituía a imposição de taxas alfandegárias aos painéis solares, Merkel avisa agora que tudo fará “para encontrar uma solução para esta discussão e não cair numa espécie de confrontação que acabe na imposição recíproca de taxas aduaneiras”.
De qualquer forma, a chanceler estava já sob enorme pressão dos industriais do país, que a 19 deste mês libertaram um comunicado apelando a uma saída negocial para o problema que envolvia os painéis solares. Ulrich Grillo, presidente da Federação dos Industriais Alemães (BDI na sigla original), reforçaria o apelo à via da negociação para pedir “o envolvimento vigoroso do governo alemão no seio da EU”.
“Os direitos aduaneiros penalizam as duas partes”, sublinhava o presidente da BDI, posição que encontrou eco na Federação do Comércio Externo da Alemanha (BGA na sigla original).
O mesmo recado voltou a ser passado de forma subtil pelo primeiro-ministro chinês na sua deslocação à Suíça. Li Keqiang acaba de assinar um acordo de livre comércio com aquele país, o que poderá valer de avanço um corte de 60% nas taxas alfandegárias aplicadas aos relógios suíços.
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