NATÁLIA FARIA - Público
Em Portugal, o
desemprego já afecta mais de 35% dos jovens, segundo o relatório da Organização
Internacional do Trabalho Uma Geração em Risco.
O desemprego jovem
não descerá abaixo dos 17% antes de 2016 nos países desenvolvidos e na União
Europeia. A previsão é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo
relatório de 2013 sobre as tendências globais do desemprego volta a alertar
para os riscos das actuais taxas de desemprego entre os jovens: a desconfiança
no sistema social e político já presente nos protestos contra a austeridade em
Portugal, Espanha e Grécia.
Sintomaticamente
designado Uma Geração em Risco, o relatório de 161 páginas arranca com a
sentença: “Não é fácil ser jovem no actual mercado de trabalho”. Percebe-se
porquê: 73 milhões de jovens (15-24 anos de idade) em todo o mundo estão
desempregados. Dá uma taxa global de 12,6%. Na soma da União Europeia e países
desenvolvidos, o desemprego jovem aumentou 24,9% entre 2008 e 2012. Na prática,
mais dois milhões de jovens ficaram desempregados.
Actualmente,
naquela região do globo, o desemprego afecta 18,1% dos jovens, a taxa mais alta
dos últimos 20 anos. E mesmo entre os que trabalham, no que à Europa diz
respeito, 25% fazem-no em regime de part-time forçado e 40,5%
com contratos temporários.
Na análise dos
diferentes países há, claro, fortíssimas disparidades a assinalar: entre os
portugueses, a taxa de desemprego jovem já ultrapassa os 35%, segundo o
relatório. Acima disso, só a Espanha e a Grécia (acima dos 50%).
De acordo com as
projecções citadas pela OIT, a taxa de desemprego jovem “não descerá abaixo dos
17% antes de 2016”
nos países desenvolvidos, União Europeia incluída. Não surpreende, por isso,
que cada vez mais jovens estejam a desistir de procurar emprego. Se à taxa de
desemprego somarmos aquilo a que a OIT chama “a taxa de desânimo”, o desemprego
jovem no mundo desenvolvido sobe dos 18,1% para os 21,2%.
As consequências a
longo prazo serão tanto mais fundas quanto mais tempo durar esta crise de
emprego entre os jovens. A OIT refere um estudo que demonstrou que, nos Estados
Unidos, cada aumento de um ponto percentual na taxa de desemprego entre os
jovens resultou numa diminuição de entre 6 a 7% na taxa de licenciatura.
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