JSD – APN - Lusa
Cidade da Praia, 03
mai (Lusa) - A falta de regulação no setor da comunicação social em Cabo Verde
é uma das principais preocupações da Associação Sindical dos Jornalistas
Cabo-Verdianos (AJOC), afirmou hoje a presidente da instituição na Cidade da
Praia.
Carla Lima, também
jornalista da Rádio de Cabo Verde (RCV) e colaboradora da agência Lusa em Cabo
Verde, discursava na sessão de abertura do ciclo de conferências "Fale Sem
Medo: Garantir a Liberdade de Expressão em Todos os Media", que assinala
hoje o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa no arquipélago.
A presidente da
AJOC salientou que o panorama em Cabo Verde poderia evoluir para melhor caso já
tivessem sido nomeados os membros da Alta Autoridade para a Comunicação Social
(AACS), criada em 2010 mas que está ainda no Parlamento, onde não há consenso
em relação a quem a deve integrar.
Salientando a
"boa qualidade" do jornalismo feito em Cabo Verde, Carla Lima
defendeu, porém, que há um longo caminho ainda a percorrer, destacando a
necessidade de maior especialização, mais condições de trabalho, cumprimento e
melhoria salarial e a precariedade dos contratos de trabalho.
Na sessão de
abertura, o presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, saudou os esforços
feitos pelos profissionais da comunicação social em Cabo Verde para um maior
rigor e objetividade no jornalismo, realçando que a informação livre e isenta
"é um bem público" e um elemento "estruturante" da
sociedade.
Fonseca realçou,
porém, que o acesso à informação, sobretudo junto das entidades públicas, é um
fator "essencial" para a seriedade no jornalismo, que tem de evitar
algumas impunidades que ainda grassam, nomeadamente no anonimato quer das
fontes quer dos comentários nas edições "online" dos diferentes
órgãos.
"O anonimato
pode ter efeitos perversos na Comunicação Social, quer na utilização das fontes
quer nos comentários, área que deve ser alvo de uma regulação atenta e
urgente", frisou o chefe de Estado cabo-verdiano.
Por seu lado, Rui
Semedo, ministro dos Assuntos Parlamentares de Cabo Verde, que tutela também a
comunicação social, também presente, admitiu que a comunicação social no país
"ainda tem fragilidades", mas destacou o lugar cimeiro do arquipélago
nos índices de liberdade de imprensa elaborados pelas organizações do setor.
"Cabo Verde
está na lista de países em que a imprensa é totalmente livre, mas isso implica
também mais responsabilidades, sobretudo na qualidade da informação. Ter mais
rádios, mais jornais, mais televisões implica haver mais opções e maior
pluralidade. Mas a qualidade da infirmação deve prevalecer", sublinhou Rui
Semedo.
Hoje, o relatório
do Índice de Liberdade de Imprensa, divulgado pela organização Repórteres Sem
Fronteiras (RSF), indicou que Cabo Verde perdeu 16 posições no
"ranking" de 179 países, descendo de 9.º para o 25.º lugar, à frente
dos restantes Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).
O ciclo de
conferências da AJOC prolonga-se hoje por todo o dia, estando em discussão
temas como "Mecanismos de Combate à Impunidade dos Crimes contra a
Liberdade de Imprensa", "Especialização de Jornalistas e a Liberdade
de Imprensa", "Regulação e Auto-Regulação na Comunicação
Social".
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