sábado, 4 de maio de 2013

Falta de regulação preocupa associação sindical dos jornalistas de Cabo Verde




JSD – APN - Lusa

Cidade da Praia, 03 mai (Lusa) - A falta de regulação no setor da comunicação social em Cabo Verde é uma das principais preocupações da Associação Sindical dos Jornalistas Cabo-Verdianos (AJOC), afirmou hoje a presidente da instituição na Cidade da Praia.

Carla Lima, também jornalista da Rádio de Cabo Verde (RCV) e colaboradora da agência Lusa em Cabo Verde, discursava na sessão de abertura do ciclo de conferências "Fale Sem Medo: Garantir a Liberdade de Expressão em Todos os Media", que assinala hoje o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa no arquipélago.

A presidente da AJOC salientou que o panorama em Cabo Verde poderia evoluir para melhor caso já tivessem sido nomeados os membros da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), criada em 2010 mas que está ainda no Parlamento, onde não há consenso em relação a quem a deve integrar.

Salientando a "boa qualidade" do jornalismo feito em Cabo Verde, Carla Lima defendeu, porém, que há um longo caminho ainda a percorrer, destacando a necessidade de maior especialização, mais condições de trabalho, cumprimento e melhoria salarial e a precariedade dos contratos de trabalho.

Na sessão de abertura, o presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, saudou os esforços feitos pelos profissionais da comunicação social em Cabo Verde para um maior rigor e objetividade no jornalismo, realçando que a informação livre e isenta "é um bem público" e um elemento "estruturante" da sociedade.

Fonseca realçou, porém, que o acesso à informação, sobretudo junto das entidades públicas, é um fator "essencial" para a seriedade no jornalismo, que tem de evitar algumas impunidades que ainda grassam, nomeadamente no anonimato quer das fontes quer dos comentários nas edições "online" dos diferentes órgãos.

"O anonimato pode ter efeitos perversos na Comunicação Social, quer na utilização das fontes quer nos comentários, área que deve ser alvo de uma regulação atenta e urgente", frisou o chefe de Estado cabo-verdiano.

Por seu lado, Rui Semedo, ministro dos Assuntos Parlamentares de Cabo Verde, que tutela também a comunicação social, também presente, admitiu que a comunicação social no país "ainda tem fragilidades", mas destacou o lugar cimeiro do arquipélago nos índices de liberdade de imprensa elaborados pelas organizações do setor.

"Cabo Verde está na lista de países em que a imprensa é totalmente livre, mas isso implica também mais responsabilidades, sobretudo na qualidade da informação. Ter mais rádios, mais jornais, mais televisões implica haver mais opções e maior pluralidade. Mas a qualidade da infirmação deve prevalecer", sublinhou Rui Semedo.

Hoje, o relatório do Índice de Liberdade de Imprensa, divulgado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), indicou que Cabo Verde perdeu 16 posições no "ranking" de 179 países, descendo de 9.º para o 25.º lugar, à frente dos restantes Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O ciclo de conferências da AJOC prolonga-se hoje por todo o dia, estando em discussão temas como "Mecanismos de Combate à Impunidade dos Crimes contra a Liberdade de Imprensa", "Especialização de Jornalistas e a Liberdade de Imprensa", "Regulação e Auto-Regulação na Comunicação Social".

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