Jornal i - Lusa
O
constitucionalista Jorge Miranda afirmou hoje à agência Lusa que a diminuição
retroativa de pensões contributivas é "manifestamente inconstitucional e uma "violação do princípio da proteçao da
confiança e do direito de propriedade".
O ministro da
Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, sustentou hoje
que o secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, falou
numa diminuição retroativa das pensões dos funcionários públicos "no plano
das hipóteses".
Na conferência de
imprensa sobre as conclusões do Conselho de Ministros, o ministro da
Presidência disse ter visto a entrevista de Hélder Rosalino à SIC, na
quarta-feira à noite, que hoje suscitou protestos da Frente Comum dos
Sindicatos da Função Pública, da Associação de Aposentados, Pensionistas e
Reformados e do PS.
O professor
catedrático das Faculdades de Direito da Universidade de Lisboa e da
Universidade Católica ressalvou não conhecer a proposta mas sublinhou que
"nas pensões contributivas dos funcionários públicos não se pode admitir
que se venha retirar aquilo que as pessoas deram".
"Qualquer
esquema desse género, de aplicação retroativa aos já aposentados de qualquer
regime restritivo das pensões a que têm direito, é manifestamente
inconstitucional, é violação do princípio da proteção da confiança e até do
direito de propriedade, porque as pessoas contribuiram, deram dinheiro, em
larga medida é dinheiro das pessoas", sustentou.
"Tenho
dificuldade em admitir que o Governo vá para a frente com uma ideia desse
género", acrescentou Jorge Miranda.
Por outro lado, o
professor de Direito criticou "pensões de titulares de cargos
políticos", não contributivas, "que continua a haver e são
escandalosas".
"Aí é que eu
gostaria de ver manifestações de solidariedade com as pessoas a renunciarem a
essas pensões, mas ainda há dias vi um antigo deputado a reclamar por uma
dessas pensões", referiu, numa alusão ao socialista Vítor Baptista, antigo
deputado do PS e governador civil de Coimbra.
Miranda considerou
ainda que a sociedade vive atualmente "uma erosão de valores éticos e de
solidariedade intergeracional".
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