A Semana (cv)
O Ministro da
Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa, afirma que agora a acção e o tempo
verbal é oficializar o crioulo de Cabo Verde e que o futuro da escrita, a
padronização e o ensino dependem desta oficialização. O Ministro defendeu
também que uma homenagem e um reconhecimento profundo deviam ser rendidos ao
crioulo na primeira carta magna do país independente.
Mário Lúcio falou
na abertura do Fórum Parlamentar “Por um bilinguismo social efectivo: a
oficialização da Língua Cabo-verdiana”, que arrancou esta sexta-feira, 17, na
Praia. "O desconforto é maior porque estamos a falar do nosso primeiro
património. Quando ainda não éramos um povo, os povos já conheciam a nossa
língua, quando ainda não tínhamos pátria, éramos conterrâneos pela língua,
quando ainda não tínhamos bandeira éramos nação pela língua, quando ainda não
tínhamos hino éramos cantados pela língua, tivemos língua antes de termos
constituição”, diz o Ministro completando que, por essa lógica, uma homenagem e
um “reconhecimento profundo” deviam ser rendidos ao crioulo na primeira carta
magna do país independente.
Mário Lúcio
reconhece que tudo tem o seu tempo e que a própria língua como língua, como
verbo, também tem o seu tempo. Mas deseja que o tempo da língua crioula de Cabo
Verde, que clama por ser reconhecida como património mor da cultura e riqueza
destas ilhas, seja este. “Oficializar o crioulo de Cabo Verde é sim tirá-lo da
sua longa e injusta clandestinidade constitucional, é plasmá-lo património
nacional na mais alta lei da nação cabo-verdiana”, arremata Mário Lúcio.
“A oficialização
institui a inclusão social económica e cultural “sobretudo daqueles
cabo-verdianos que só falam o crioulo e são tratados como reservas nos serviços
públicos, vistos com piedade nos documentos públicos e às vezes com
intelectuais exóticos na arte e na arte de comunicação”, diz o titular da pasta
da Cultura, para quem a oficialização faz uma justa homenagem e uma justiça
histórica aos combatentes pela cultura e responsabiliza os detractores.
“O caminho é esse e
é necessário que falemos numa só língua sobre essa matéria, que cantemos a uma
só voz para que o povo perceba que a língua que ele sempre falou, a língua que
expressou as suas mágoas, saudades e euforias, a língua na qual pensa e sonha é
também mundialmente língua entre as línguas e está no pódio junto com o nome da
República com o Escudo o Hino e a Bandeira Nacional”, diz Mário Lúcio.
“E no plano global,
reconhecer constitucionalmente a língua crioula de Cabo Verde é dar um sinal de
respeito e de solidariedade para com as línguas crioulas do Mundo”, afirma o
governante, completando que se pode estar a começar com este fórum um processo
novo, harmónico, altivo e exemplar para as grandes questões nacionais.
Por sua vez, o
Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso Ramos entende que a Língua
Cabo-verdiana é a trave mestre da cabo-verdianidade e o alicerce da Nação e do
Estado. Mosso Ramos diz ainda que o crioulo é o traço maior da identidade
cabo-verdiana e um símbolo da unidade nacional e que por isso deve ser
prestigiada e acarinhada, uma vez que aspira também uma maior dignificação, com
toda legitimidade, através de outro estatuto e maior protagonismo.
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