PNE – GC - Lusa
Macau, China, 01
mai (Lusa) - Milhares de pessoas saíram hoje à rua em Macau, aproveitando o Dia
do Trabalhador para defender melhores condições de vida, uma imprensa livre, o
sufrágio universal e combate à especulação imobiliária.
Seis associações
organizaram protestos na Região Administrativa Especial chinesa que levaram
milhares de pessoas e percorrerem as principais artérias da cidade, sob um
forte aparato policial com agentes fardados e à paisana que circulavam a pé, em
motos e carros.
Segundo dados facultados
pela Polícia de Segurança Pública (PSP) de Macau à agência Lusa, 1.900 pessoas
participaram nas manifestações e 180 agentes estiveram a patrulhar as ruas.
António Katchi,
jurista, foi dos raros portugueses, senão o único, a participar no protesto, à
semelhança dos anos anteriores e, em declarações à Lusa, disse que faz questão
de sair à rua no 1.º de Maio porque é "trabalhador e a política do Governo
desfavorece os trabalhadores, sendo ditada pela defesa dos interesses dos
capitalistas".
Este português
considera que a manifestação de hoje em Macau "foi mais participada do que
no ano anterior" e constatou a existência de "manobras de intimidação
por parte da polícia, que obrigou, por exemplo, os manifestantes a circularem
pelo passeio".
Esta situação gerou
um incidente na avenida do Palácio do Governo, onde as associações entregaram
petições, que envolveu a organização Juventude Dinâmica, que mobilizou algumas
dezenas de jovens.
Este protesto, o
último a chegar à zona do Palácio do Governo, foi impedido de percorrer a
avenida até à sede do executivo pela polícia, que queria que os manifestantes
seguissem caminho pelo passeio, apesar de a rua estar cortada ao trânsito,
situação que já se tinha verificado no ano passado com o mesmo grupo.
Gino Lei, de 21
anos, membro da Juventude Dinâmica, disse aos jornalistas que a polícia
autorizou inicialmente o percurso, mas que hoje decidiu bloquear o caminho aos
jovens.
"Recentemente
outro grupo manifestou-se mesmo em frente à sede do Governo, porque não podemos
também fazer o mesmo? É injusta esta situação, a polícia mentiu-nos quando
deveria servir-nos e não bloquear-nos a passagem", declarou.
Esta foi a quarta
vez que a Juventude Dinâmica saiu à rua em Macau no 1.º de Maio contra a
injustiça social, a especulação imobiliária e a favor de uma melhor educação e
do sufrágio universal.
"Queremos que
o Governo resolva estes problemas para que o nosso futuro seja melhor",
disse Gino Lei, salientando que "é um direito da população eleger os seus
representantes".
Este membro da
Juventude Dinâmica sublinhou ainda que a "maior parte da imprensa chinesa
em Macau tem autocensura, porque recebe apoios financeiros do Governo e sente a
responsabilidade de defender as suas ideias, o que não devia acontecer".
Jason Chao, que irá
candidatar-se este ano, pela primeira vez, a um assento no hemiciclo local nas
legislativas de setembro, disse, em declarações à Lusa, que participou no
protesto de hoje a favor de uma imprensa livre no território e o atual deputado
do campo pró-democrático Paul Chan Wai Chi para "apoiar a juventude".
Dezenas de pessoas
manifestaram-se também hoje em Macau contra o impedimento à reunião familiar de
pais e filhos originários da China continental, muitos dos quais maiores e já
com família constituída, mas que continuam do outro lado da fronteira sem
autorização para se fixarem em Macau.
Numa receção do Dia
do Trabalhador da Federação das Associações dos Operários de Macau, na
terça-feira, o chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, salientou, num discurso,
que o seu Governo "está sempre disposto a ouvir a população e mantém-se
firme na defesa dos direitos legítimos dos trabalhadores", garantindo que
irá "reforçar a gestão da importação de mão-de-obra para garantir o
direito ao emprego pelos locais".
A Associação dos
Trabalhadores da Função Pública de Macau preferiu assinalar o 1.º de Maio com
atividades desportivas e um jantar de confraternização.
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