quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ministra cabo-verdiana refere-se a "golpes de estado" no atraso de pagamento de pensões



CLI – HB - Lusa

Cidade da Praia, 23 mai (Lusa) - A ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, escusou-se na quarta-feira, a comentar o atraso no pagamento das pensões aos reformados, sugerindo que falar sobre o assunto é "pactuar com golpes de Estado".

A governante falava em conferência de imprensa sobre a missão de oito dias do Grupo de Ajuda Orçamental (GAO), constituído por elementos do Banco Mundial, Banco Africano do Desenvolvimento e União Europeia, e que teve por objetivo analisar questões relacionadas à reforma de Estado e competitividade.

Quando questionada pelos jornalistas sobre esta situação, a ministra escusou-se a responder à pergunta dos jornalistas.

"Boa tentativa, mas geralmente não compactuo com golpes de Estado. Aproveitar uma transmissão em direto para me perguntar sobre o pagamento em atraso, penso que não se coaduna com o conteúdo da reunião", disse a ministra, acrescentando que vai ter outra oportunidade de passar todas as informações sobre o assunto à Comunicação Social.

As pensões de reforma da Administração Pública, inscritas Orçamento do Estado, são pagas geralmente no dia 13 de cada mês, mas, segundo declarações dos pensionistas a vários órgãos de comunicação social cabo-verdianos, muitas não foram pagas ainda neste mês.

Manuel Santos, reformado da Polícia Nacional, em São Vicente, disse ao Jornal Asemanaonline que já foi várias vezes ao banco, sem sucesso, e que as Finanças não dão quaisquer informações sobre os motivos deste atraso.

"Entrei para a reforma há cinco anos e é a primeira vez que isto acontece. Deveríamos ter recebido a pensão no dia 13, mas até agora nada. Temos planos, contas para pagar e por causa deste atraso estamos sem crédito diante dos nossos fornecedores", explicou.

A professora reformada, Maria Purificação Martins, também disse ao jornal que não recebeu e não sabe quando vai receber.

"Estranhei porque normalmente fazem o pagamento entre os dias 13, 14 e 15 e nunca tinha atrasado. É a primeira vez que isto acontece", afirmou.

Apesar de não saber quais as reais causas desse atraso, os reformados acreditam que as mudanças ocorridas no Departamento da Contabilidade Pública - responsável pelo processamento das pensões -, na sequência de um desvio no Ministério das Finanças, podem estar a dificultar o pagamento das pensões.

"Acho que este atraso no pagamento deve-se ao escândalo que aconteceu no Ministério. Mas queremos que nos expliquem o que está acontecer e quando é que vão depositar o nosso dinheiro", pede o pensionista Fernando Souto.

Sobre as recomendações da GAO, Cristina Duarte assumiu que tem que acelerar as reformas de Estado, mas quer também o reforço da capacidade de arrecadação de receitas.

"Há necessidade de o Governo acelerar o programa de implementação das reformas, nomeadamente para que os parceiros se sintam mas confortáveis nos desembolsos em termos de ajuda orçamental", referiu.

No seu entender, o alinhamento fiscal não poderá vir só pelo lado da despesa do programa de investimento, mas também tem que vir pelo aumento da eficiência em termos de arrecadação de receitas.

Sem comentários:

Mais lidas da semana