FP – NS - Lusa
Bissau, 23 mai
(Lusa) - A União Europeia e a Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDAO) consideram importante para a Guiné-Bissau que haja mudanças
nas forças armadas e de segurança do país, "especialmente a renovação da
liderança militar superior".
"A União
Europeia (UE) e a CEDEAO concordam que reformas profundas e irreversíveis,
começando com a reestruturação radical das forças armadas e de segurança,
especialmente a renovação da liderança militar superior, bem como uma profunda
reforma dos setores de segurança e da justiça e do sistema político, são
essenciais para a estabilização e prosperidade do país", diz um comunicado
hoje divulgado.
O comunicado
refere-se a uma reunião ocorrida em Bruxelas no passado dia 16, mas cujo
conteúdo só hoje foi tornado público através de um comunicado do gabinete da
União Europeia em Bissau.
A reunião
realizou-se "no âmbito do regular diálogo político a nível
ministerial" e debateu temas como o papel da CEDEAO na promoção da paz,
segurança e boa governação na África Ocidental, a cooperação regional para o
desenvolvimento e as relações comerciais entre os dois blocos.
Além de debater a
crise no Mali e os desafios eleitorais na Guiné-Conacri e no Togo, as duas
delegações discutiram ainda, segundo o comunicado, a luta contra a corrupção e
o crime organizado, bem como a resposta à crise alimentar no Sahel.
Em relação à
Guiné-Bissau, UE e CEDEAO "expressaram ainda a sua profunda preocupação
com a infiltração inquietante em todas as estruturas do Estado pelo crime
organizado e o narcotráfico, observando que a detenção do ex-chefe da marinha,
sob acusação de narcotráfico, e a acusação ao atual chefe do Estado Maior General
das Forças Armadas, de alegada participação no narcotráfico, demonstram a
gravidade do problema".
Os dois blocos
manifestaram "a sua determinação em tomar todas as medidas necessárias
contra todas as pessoas e entidades condenadas pelos tribunais", e
salientaram a importância de "uma luta eficaz contra o crime organizado e
o narcotráfico", a proteção dos direitos humanos e o fim da impunidade.
A UE e CEDEAO pedem
"a todas as pessoas com cargos de responsabilidade em Bissau" para
que demonstrem "o seu firme compromisso na luta contra o
narcotráfico", e reiteram que "todas as pessoas ligadas com qualquer
violência e atividades anticonstitucionais e desestabilizadoras serão
responsabilizadas pela comunidade internacional, incluindo a CEDEAO e a
UE".
Ainda de acordo com
o comunicado, as duas entidades manifestaram "profunda preocupação"
quanto ao impasse nos esforços para resolver os vários desafios da Guiné-Bissau
e reiteraram "a sua firme condenação da interrupção do processo eleitoral
pelo golpe de Estado de 12 de abril de 2012, e a sua firme rejeição a
comportamentos anticonstitucionais e violações dos direitos humanos pelas
forças de segurança".
A União Europeia e
CEDEAO juntaram vozes ainda na exigência de um roteiro inclusivo e eleições
ainda este ano, tendo a União Europeia manifestado disponibilidade para apoiar
a realização das eleições.
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