AYAC – APN - Lusa
Chimoio,
Moçambique, 29 mai (Lusa) - Pelo menos 72,5 por cento dos homens violados
sexualmente em Manica, centro de Moçambique, não denunciaram a ocorrência às
autoridades, segundo o Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) de 2011, hoje
divulgado.
O inquérito,
conduzido entre maio e outubro de 2011, com uma cobertura de 1.195 agregados
familiares em Manica (13.964 no país) indica que, do total dos homens violados
sexualmente, apenas 15,5 % pediu ajuda, uma percentagem baixa justificada pela
vergonha ou medo de nova agressão que está próxima da média regional e
nacional.
"Há mais
violência sexual contra homens que não é reportada. Ao nível do centro de Moçambique
o gráfico é mais alto na província de Tete", indica-se o estudo do
Instituto Nacional de Estatísticas de Moçambique (INE), a que a Lusa teve
acesso, que inquiriu homens entre os 15-64 anos e mulheres entre os 15-49.
Dados estatísticos
do Gabinete de Atendimento à Mulher e Criança Vítimas da Violência Doméstica
(GAMCVD) de Manica, ligado à Polícia, indicam que de janeiro a março de 2011, o
número de homens violados duplicou, com registo de 300 casos naquele período.
No estudo,
revela-se ainda que 38 das mulheres (com cônjuges) com autonomia financeira
decidem sozinhas como usar o rendimento, 30 por cento depende do marido e
apenas dois determinam juntos.
O documento
representa um diagnóstico da população e do parque habitacional, incidindo
sobre fecundidade, meios contracetivos, intenções reprodutivas, saúde,
mortalidade infanto-juvenil e infantil, nutrição da mulher e criança,
"A partir
desta informação os setores têm grandes desafios para melhorar as suas
políticas, ver o que não está a correr bem e o que pode ser melhorado. Os
resultados aqui divulgados para alguns sectores significam a necessidade de
redobrar de esforço para melhorar", disse Filipe Langa, delegado do INE em
Manica.
Este é o terceiro
inquérito que se realiza em Moçambique, depois de pesquisas idênticas em1997 e
2003.
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