NME – APN - Lusa
Luanda, 29 mai
(Lusa) - A diretora do Instituto Nacional de Luta contra o SIDA (INLS),
Dulcelina Serrano, manifestou hoje em Luanda a sua preocupação com a
subestimação de informação sobre o real número de mortes causadas pelo VIH/SIDA
em Angola.
Em declarações à
agência Lusa, Dulcelina Serrano, que falava à margem das II Jornadas
Científicas sobre o VIH/SIDA, organizada pelo INLS, disse que anualmente são
registadas uma média de 1500
a 2000 mortes.
Segundo a
responsável, "há um sub-registo de óbitos, porque geralmente nos atestados
de óbito não é atestada a causa real (da morte)".
"A informação
é subestimada, porque há aqueles que não estão identificados como pessoas
seropositivas e que falecem, mas estes óbitos não estão registados, não chegam
ao nosso conhecimento", referiu Dulcelina Serrano.
"O que me
preocupa hoje é registar que ainda há um grande número de pessoas que é
identificada já num estado de sida. Isso leva-nos a crer que ainda há a
ocorrência de óbitos nas comunidades e mesmo no hospital sem a identificação
real da causa, sem associação da doença à infeção por VIH/SIDA", realçou.
Na sua intervenção,
no ato de abertura do evento, a diretora do INLS sublinhou que, apesar do
registo de melhorias na expectativa de vida das pessoas infetadas, a redução de
novas infeções ainda não atingiu o nível desejado pelas autoridades sanitárias
angolanas, bem como a redução do número de óbitos.
Dulcelina Serrano
disse que Angola continua a manter estável o seu nível de epidemia desde 2005,
com uma taxa de prevalência média de dois por cento.
"Porém, a
prevalência varia ao longo do país. Cerca de 11 províncias têm prevalência
acima da média nacional, entre os três e cinco por cento", descreveu.
Entre as 11
províncias, a responsável citou as regiões fronteiriças e as de maiores rotas
viárias, nomeadamente Huambo, Bié e Benguela, pelas suas características
comerciais.
Dos cerca de 270
mil casos registados, as mulheres continuam a ser as mais acometidas pela
infeção, com mais de 60 por cento do total de casos. A faixa etária mais
afetada vai dos 25 aos 35 anos, nas mulheres, e dos 30 aos 35 anos, nos homens.
Encontram-se a
receber tratamento com antirretrovirais cerca de 54 mil pessoas, disse
Dulcelina Serrano, acrescentando que a prevenção da transmissão vertical (de
mãe para filho) é um desafio no país.
"Das
avaliações feitas em algumas unidades de saúde, a percentagem de transmissão é
inferior a dois por cento. O nosso grande desafio é aumentar a cobertura. À
custa do estigma e da discriminação, as mulheres não aderem ao programa de
prevenção da transmissão vertical, mesmo depois de identificadas positivas, a
adesão é baixa, é inferior a 50 por cento", lamentou.
As II Jornadas
Científicas sobre VIH/SIDA visam partilhar experiências internacionais,
contando com a presença fundamentalmente de especialistas brasileiros,
portugueses, cubanos e dos Estados Unidos da América.
"Estamos a
discutir os novos avanços que se têm estado a realizar, quer as descoberta de
uma vacina preventiva ou curativa, quer o surgimento de novos antirretrovirais
ou a utilização de novos esquemas terapêuticos, mas também a partilhar o ponto
da situação da epidemia no país e a necessidade de sermos mais responsáveis principalmente
os profissionais de saúde no atendimento e no tratamento das pessoas
infetadas", frisou Dulcelina Serrano.
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