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Luanda, 18 mai
(Lusa) - O padre Pio Wacussanga, que em fevereiro lançou numa campanha contra a
fome na província angolana da Huíla, disse hoje à Lusa que receia que os
crescentes casos de subalimentação comecem a transformar-se em óbitos.
"A situação
continua igual à de há meses. Se não vier comida, se os idosos não forem
acolhidos, podem morrer", disse à Lusa.
Contactado
telefonicamente a partir de Luanda, o padre Pio Wacussanga acrescentou que a
fome provocada pela estiagem prolongada atinge sobretudo as populações que
vivem na área do corredor que parte de Chongoroi, na vizinha província de
Benguela, até Humpata, na do Namibe, passando pelas localidades de Quilengues,
Cacula, Chibia e Gambos, na Huíla.
Pároco de Nossa
Senhora de Fátima do Chiange, em Gambos, o padre Pio Wacussanga lançou em
fevereiro uma campanha de ajuda para combater a fome no município dos Gambos,
onde cerca de 155 mil pessoas continuam atualmente em risco.
Entretanto, a
agência Angop, citando a diretora provincial do Ministério da Assistência e
Reinserção Social, Catarina Manuel, noticiou hoje que quase 900 mil pessoas
precisam urgentemente de ajuda alimentar de emergência na província da Huíla,
centro sul de Angola.
Aquele número
representa mais de um quarto do total da população da província da Huíla.
Segundo aquela
responsável são necessárias mais de 100 mil toneladas de produtos alimentares
diversos para acudir mais de 835 mil pessoas, em consequência da escassez de
alimentos resultante da estiagem prolongada que se faz sentir desde janeiro.
Catarina Manuel
disse serem necessários produtos como arroz, farinha de milho, óleo, conservas,
massa alimentar, entre outros, e que as populações em piores condições
encontram-se nos municípios do Lubango, Chibia, Matala, Quilengues, Humpata,
Quipungo, Jamba, Cacula, Gambos, Kuvango e Chicomba.
A Direção da
Assistência e Reinserção Social distribuiu na passada semana mais de 36
toneladas de bens alimentares diversos a mais de três mil habitantes dos Gambos
e Mulondo, município da Matala, que se encontram nas mesmas condições.
A mesma responsável
salientou que atualmente os armazéns governamentais estão vazios, sem alimentos
para distribuir.
O alerta relativo à
província da Huíla segue-se a idêntico apelo lançado há cerca de duas semanas
pelo governador da província do Cunene, que faz fronteira com a Namíbia, e pelo
bispo de Ondjiva, capital provincial.
Pio Hipunyati,
contactado pela Lusa, disse que cerca de um milhão de pessoas estão ameaçadas
de fome no sul de Angola.
Segundo as
autoridades administrativas da comuna de Oshimolo, no município do Kwanhama,
desde o princípio deste mês já foi registada a entrada de mais de 150 mil
cabeças de gado bovino, provenientes de vários pontos da província, à procura
de pastos e água, face à grave seca que assola a região.
"O Oshimolo é
atualmente o único local na região com melhores condições de pastos e água,
facto que obriga as famílias a percorrerem mais de 300 quilómetros no
sentido de salvarem o gado que é considerado a fonte económica da população
local", realçou o administrador comunal.
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