Catarina Falcão –
Jornal i
Avenida da
Liberdade abaixo, Avenida Almirante Reis acima, a UGT e a CGTPsaem hoje às ruas
de Lisboa para assinalar o 1.o de Maio – mais uma vez separadas, mas não de
costas voltadas. Os respectivos secretários-gerais, Carlos Silva e Arménio
Carlos, deixam aberta a porta ao diálogo e a um possível entendimento. Ao i, a
CGTP afirma que está disposta a assumir “compromissos para encontrar
alternativas às políticas de austeridade”. A UGT diz estar pronta para mudar as
dinâmicas existentes, “procurando a unidade na acção dos trabalhadores”.
Assumindo os “objectivos comuns” entre as duas centrais, Carlos Silva – que
tomou posse como secretário-geral da UGT há menos de uma semana e se estreará
hoje à frente de uma manifestação do 1.o de Maio – reconhece as diferenças de
acção entre as duas centrais, especialmente porque ambas têm “conceitos
distintos do que é a luta dos trabalhadores”.
Ao i, o recém-eleito secretário-geral, distinguiu também as formas de actuação
das UGT e da CGTP, explicando que “uns dão privilégio às acções de rua e outros
à negociação colectiva”. No entanto, reconhecidas estas diferenças, o sucessor
de João Proença é peremptório ao proclamar a mudança na acção da UGT: “Vamos
manter a nossa génese sindical que é a negociação colectiva, o diálogo e a
Concertação Social, misturando isto com outra dinâmica, de maior proximidade
aos trabalhadores e mais algumas acções de rua, procurando a unidade da acção
com outros sindicatos.”
Mais o que os une Arménio Carlos terá este ano o seu segundo 1.o de Maio à
frente da CGTP e diz que a altura não é para “querelas” entre sindicatos. “O
que interessa aos trabalhadores é a resposta aos seus problemas concretos e é
isso que nos move e que nos leva a dizer que estamos disponíveis para conversar
com todos, independentemente dos seus posicionamentos político-sindicais”,
afirmou Arménio Carlos ao i, incluindo a UGT no leque de possíveis parceiros
com que a CGTP quer dialogar, de forma a “travar as políticas de austeridade
impostas pelo governo”.
Após a sua eleição, Carlos Silva enviou um pedido de reunião à CGTP, esperando
que esse seja o primeiro passo de reaproximação à central liderada por Arménio
Carlos. Uma aproximação que, tal como o próprio líder da UGT admitiu ao i (ver
respostas ao lado), encontra resistências mesmo no interior da sua central
sindical. A oposição histórica explica-se em boa parte pelo passado político
das duas centrais sindicais (CGTP conotada com o PCP e UGT com o PS e o PSD) e
alguns conflitos que daí advieram no passado.
No entanto, o primeiro passo para um possível entendimento deu-se logo no
desfile das comemorações do 39.o aniversário do 25 de Abril, quando Arménio
Carlos e Carlos Silva se encontraram na Avenida da Liberdade, se
cumprimentaram, caminharam lado a lado e apontaram o dedo ao Presidente da
República em quase perfeito uníssono.
Hoje, como está há muito propositadamente planeado, as duas manifestações não
se cruzam nas ruas de Lisboa, com a UGT a sair do Marquês de Pombal e a
concentrar-se nos Restauradores e a CGTP a partir do Martim Moniz, subindo a
Almirante Reis em direcção à Alameda.
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