Jornal i - Lusa
Durante a
manifestação em frente à residência oficial do Presidente da República, que
reuniu algumas centenas de pessoas, ouviram-se vários cânticos que visaram
diretamente Cavaco Silva
O PCP e o BE
acusaram hoje o Presidente da República de ser "o principal pilar da
coligação" e de permitir violações da Constituição, mas exigiram a Cavaco
que demita o executivo, "mesmo que isso pareça um milagre".
Durante a
manifestação convocada pelo movimento "Que se lixe a troika", em
frente ao Palácio de Belém, enquanto se realiza uma reunião do Conselho de
Estado, dirigentes bloquistas e comunistas ouvidos pela agência Lusa
convergiram na ideia de que esta iniciativa do chefe de Estado vem "no
seguimento do discurso do 25 de Abril" e pretende dar um sinal de apoio ao
Governo.
"Este é um
governo de iniciativa presidencial, o Presidente tem sido o principal pilar de
uma coligação que se desmorona à medida que os resultados da austeridade vão
sendo conhecidos e à medida que o país vai julgando o Governo pelas promessas
que fez e não está a cumprir", disse o dirigente e ex-deputado do BE José
Gusmão.
Segundo o antigo
deputado do BE, "o discurso do Presidente da República no 25 de Abril
assinalou o fim de qualquer disfarce de neutralidade" por parte de Cavaco
Silva.
"O Presidente,
que deve ser uma espécie de árbitro da nossa democracia, tomou um partido e um
partido muito claro em torno das políticas do seu partido, o PSD, isso
significa que atualmente o Presidente, perante o quebrar de todas as promessas
que este Governo tinha assumido na campanha eleitoral, tem de escolher, ou
demite o Governo ou demite-se a si próprio", defendeu.
Também para Miguel
Tiago, deputado do PCP, este Conselho de Estado "vem no seguimento da
declaração na Assembleia da República do senhor Presidente, em que deixou muito
claro que pretende estar ao lado do Governo nesta política de esbulho, de
afronta, de sacrifício da soberania nacional".
"Entendemos
que esse não é o compromisso que um Presidente da República deve assumir e por
isso mesmo é que nos associamos a todos os protestos que visem exigir a rápida
demissão do Governo e alteração da política", sustentou o comunista.
O parlamentar do
PCP considerou que o aumento dos protestos "mais cedo do que tarde fará
com que certamente o poder em Portugal tenha de ouvir a voz do povo".
"Não sabemos o
dia, mas o certo é que com a intensificação da luta esta política vai ter de
mudar", acrescentou.
Já o bloquista
Jorge Costa, ex-deputado e membro da Comissão Política do BE, defendeu que
"o povo faz milagres quando luta".
"Este protesto
hoje quer fazer a força necessária para que o Presidente da República faça
aquilo que jurou fazer, que é cumprir e fazer a Constituição e isso implica
demitir o Governo, porque toda a governação está a ser feita contra aquilo que
a Constituição consagra, os direitos sociais", disse Jorge Costa.
O dirigente do BE
referiu que "o chefe de Estado tem a incumbência constitucional de demitir
um Governo que não respeite a lei fundamental" e que essa "é uma
exigência do povo e das pessoas que se mobilizam, perante o Presidente da
República, para que ele cumpra o seu papel, mesmo que isso pareça um
milagre".
Costa apontou uma
"sondagem recente" que "revela que a grande maioria das pessoas
exige o rompimento com o memorando da ‘troika'", sublinhando que "a
rutura com a austeridade e por uma nova política na Europa cruza
fronteiras", referindo-se à manifestação internacional do próximo dia 01
de junho.
Durante a
manifestação em frente à residência oficial do Presidente da República, que
reuniu algumas centenas de pessoas, ouviram-se vários cânticos que visaram
diretamente Cavaco Silva.
"Sai do caixão
e pede a demissão" ou "a múmia continua a não os pôr na rua"
foram algumas das palavras dos manifestantes, que por diversas vezes também se
juntaram a rir enquanto de um sistema de som se ouviam declarações de Cavaco
Silva, de Paulo Portas ou de Vítor Gaspar.
Sem comentários:
Enviar um comentário