Portas aceitou taxa
sobre pensões. A medida só será aplicada em último caso. CDS diz que não houve
cedências
O governo esteve
por um fio e só a cedência de Paulo Portas em relação à chamada TSU dos
pensionistas permitiu evitar a queda do executivo em plena sétima avaliação da
troika. Em troca, o líder do CDS conseguiu que a troika aceitasse que a taxa
sobre as pensões deixasse de ser obrigatória. Ou seja, a medida não desaparece,
como pretendia o CDS, mas será apenas aplicada em último caso. Ao fim de poucos
minutos de terminar o Conselho de Ministros, fonte oficial do governo anunciava
que “o CDS aceitou que excepcionalmente pudesse vir a ser considerada a
introdução de uma contribuição de sustentabilidade sobre as pensões”.
Foi o próprio governo a sugerir que Paulo Portas cedeu, mas o CDS nega que
tenha havido da sua parte qualquer mudança de posição. O porta-voz dos
centristas, João Almeida, escreveu no Facebook que “sobre a informação que foi
posta a circular, dizendo que o CDS cedeu na taxa a aplicar aos pensionistas,
só há uma coisa a dizer. É falso”.
As diferentes versões no final da reunião do Conselho de Ministros mostram bem
as dificuldades que existem entre os dois partidos da coligação e a meio da
tarde os dois partidos não colocavam de lado a hipótese de o governo cair.
“Pode estar em causa uma ruptura”, admitiu ao i um alto dirigente do PSD,
perante o risco de a taxa sobre as pensões criar um bloqueio impossível de
ultrapassar.
Paulo Portas assumiu publicamente o seu desagrado com esta medida – anunciada
ao país pelo primeiro-ministro – e garantiu tratar-se da “fronteira” que não
poderia deixar passar, mas não conseguiu afastá-la completamente. O compromisso
feito com a troika e que permite fechar a sétima avaliação da troika contempla,
porém, uma solução “significativamente diferente” da que estava prevista “no
início da sétima avaliação”. Ou seja, segundo apurou o i, no início estava
previsto, por imposição da troika, que “o governo se comprometia a tomar a
medida da TSU dos pensionistas”, a nova solução prevê que o governo só recorra
a esta medida “como último recurso” e apenas “se for necessário”. Além de que a
troika exigiu até ontem que a inclusão da medida fosse obrigatória para a
transferência da sétima tranche – neste momento, por pressão de Portas, o
dinheiro vem sem que o governo esteja obrigado ao compromisso de incluir
a medida com carácter obrigatório. Um acordo com que o PSD se congratulou
ao final do dia. Em comunicado, os sociais--democratas defenderam que o acordo,
entre governo e a troika, relativamente à conclusão da sétima avaliação
regular do Memorando ”é essencial”.
“Não apenas para a
transferência de mais uma tranche de financiamento trimestral, mas também para
a confirmação da decisão, em simultâneo para Portugal e para a Irlanda, do
alongamento dos prazos de pagamento dos empréstimos contraídos por Portugal,
facilitando o regresso ao financiamento através do mercado”, acrescenta o
comunicado do PSD após a reunião da Comissão Permanente do partido com Pedro
Passos Coelho.
Com Ana Sá Lopes e
Liliana Valente
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