segunda-feira, 6 de maio de 2013

Portugal: Manuel Alegre diz que "crise política já está dentro da própria coligação"




RRL – SMA - Lusa

O histórico dirigente socialista Manuel Alegre considerou hoje que as declarações de Paulo Portas sobre as novas medidas de austeridade do Governo mostram que “há uma crise política que já está dentro da própria coligação”.

“Dá impressão que a coligação não funciona, ou isto é combinado ou não é combinado. É muito estranho que tenham estado num Conselho de Ministros, que tenham aprovado aquelas medidas que são muito gravosas e que, depois, Paulo Portas venha dizer aquilo que disse”, argumentou Manuel Alegre.

Segundo o histórico socialista, esta situação “mostra que há, realmente, uma crise política e que a crise política já está dentro da própria coligação”.

Manuel Alegre falava à agência Lusa em Castro Verde, no distrito de Beja, à margem do 1.º Fórum "Construir a Mudança", promovido pela candidatura socialista de António José Brito à presidência da câmara municipal nas autárquicas deste ano.

Questionado pela Lusa, o antigo dirigente do PS reagia às declarações do presidente do CDS e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no domingo, sobre as mais recentes medidas de austeridade apresentadas pelo primeiro-ministro, Passos Coelho.

Paulo Portas disse não concordar com a introdução de uma contribuição sobre pensões e adiantou que o Governo vai negociar com a 'troika' para encontrar medidas de redução da despesa do Estado equivalentes.

O novo pacote de medidas anunciado por Passos Coelho pretende poupar nas despesas do Estado 4,8 mil milhões de euros, até 2015, mas Manuel Alegre qualificou-o hoje como um “atentado ao Estado social”.

“Atingem o coração do Estado social, como foi dito por alguém”, acusou o também poeta e escritor, afirmando não ter dúvidas de que as medidas vão “atingir profundamente a democracia, tal como ela está consagrada na Constituição”.

“O ataque aos pensionistas é um roubo, porque os pensionistas descontaram toda a vida e aquilo é dinheiro que pertence a cada um deles. Isto é um esbulho”, disse.

Para Alegre, as medidas anunciadas pelo Governo, que constituem um “ataque às funções sociais do Estado”, são “uma maneira de tentar ultrapassar a decisão do Tribunal Constitucional, mas, no fundo, para fazer a mesma coisa”.

Na opinião do antigo dirigente do PS, só há uma “maneira” de sair desta situação: “É dar a palavra ao povo, destituir o Governo, convocar eleições” antecipadas.

“Porque este Governo não tem condições para continuar, sob pena de provocar uma explosão social de consequências incalculáveis”, alertou.

A atuação do executivo “está a pôr em causa o regular funcionamento das instituições” disse ainda Alegre, considerando que se fala “muito em consenso”, mas “o único consenso que há é a recusa destas políticas, a recusa deste Governo”.

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