PMF - HB – Lusa - foto João
Relvas
O ex-Presidente da
República Mário Soares leu na quinta-feira à noite, numa conferência
anti-austeridade, um texto de apoio escrito pelo social-democrata
"camarada" Pacheco Pereira, em que acusou o Governo de fazer dos
portugueses "ratos de laboratório".
Pacheco Pereira,
ex-dirigente do PSD, foi um dos promotores da conferência "Libertar
Portugal da austeridade", que encheu a Aula Magna, mas esteve ausente,
razão pela qual uma síntese da sua comunicação foi lida por Mário Soares.
"Vou ler uma
síntese do texto que me fez chegar o camarada Pacheco Pereira", anunciou
Soares, provocando gargalhadas na plateia, onde se encontravam muitos elementos
do PS, PCP e Bloco de Esquerda.
Pacheco Pereira
começou por justificar o apoio à iniciativa em nome do combate à ideia da
"inevitabilidade do empobrecimento" - uma ideia de que disse
"matar a política e as suas escolhas, sem as quais não há
democracia".
Depois, citou o
fundador do Partido Popular Democrático, Francisco Sá Carneiro, dizendo que os
sociais-democratas "não são a direita" e que "acima do partido e
das suas circunstâncias está Portugal".
"Os parentes
caem na lama é por outras coisas, é por outras cumplicidades, é por se renegar
o sentido programático, constitutivo de um partido que tem a dignidade humana,
o valor do trabalho e a justiça social inscritos na sua génese", defendeu
o ex-dirigente do PSD.
Pacheco Pereira fez
neste contexto uma crítica extensa aos últimos governos, advogando que Portugal
está a sofrer "a conjugação da herança de uma governação desleixada e
aventureira, arrogante e despesista, que conduziu o país à bancarrota, com a
exploração dos efeitos dessa política para implementar um programa de
engenharia cultural, social e política, que faz dos portugueses ratos de
laboratório de meia dúzia de ideias feitas que passam por ser ideologia".
"Tudo isto
associado a um desprezo por Portugal e pelos portugueses de carne e osso, que
existem e que não encaixam nos paradigmas da modernidade lampeira, feita de
muita ignorância e incompetência a que acresce um sentimento de impunidade
feito de carreiras políticas intrapartidárias", acrescentou.
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