FP – MLL - Lusa
Bissau, 16 mai
(Lusa) - O representante da ONU na Guiné-Bissau disse hoje acreditar que a
situação política se defina na próxima semana e que, se tudo correr como
previsto, haverá uma conferência de doadores em 2014 para apoiar o país.
José Ramos-Horta
falava após uma reunião com o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP)
da Guiné-Bissau, Ibraima Sori Djaló, a quem deu conhecimento dos contactos que
fez na sua recente viagem a Nova Iorque e de quem recebeu informações sobre o
evoluir da situação política no país.
Na sequência do
golpe de Estado do ano passado e da formação de um Governo de transição, a
comunidade internacional tem exigido a formação de um Governo mais inclusivo, a
aprovação de uma agenda de transição e a realização de eleições este ano.
Se, quanto à
realização de eleições, os políticos, sociedade civil e militares já se
entenderam, até agora não houve entendimento quanto aos outros dois pontos.
Ramos-Horta afirmou-se, no entanto, otimista e disse acreditar que tudo ficará
resolvido até à próxima semana.
"Sabemos que
há muita imprevisão e desenvolvimentos inesperados nas negociações
políticas", disse José Ramos-Horta, acrescentando saber também que estão a
ser feitos "esforços", nomeadamente pelos dois principais partidos,
PAIGC e PRS.
Para a manhã de
hoje chegou a estar marcada a assinatura de um memorando de entendimento entre
os dois partidos, na sede da União Africana (UA), que tem estado a mediar as
negociações. A assinatura foi adiada para o fim da tarde.
O Presidente de
transição, Serifo Nhamadjo, ausente no estrangeiro, também deverá chegar na
tarde de hoje, pelo que Ramos-Horta acredita que até à próxima semana será
anunciado um novo Governo e o roteiro de transição, para que posteriormente
seja assinado "um pacto de regime para o pós eleições".
"Continuo
otimista, é preciso dar tempo, não pressionar demasiado. O ideal seria que o
acordo e a formação do (novo) Governo de transição tenha lugar antes da cimeira
da União Africana, no fim do mês em Adis Abeba, o que abriria as portas para a
readmissão da Guiné-Bissau", suspensa da UA depois do golpe de Estado,
disse.
O chefe do gabinete
da ONU em Bissau (UNIOGBIS) referiu ainda que o novo Governo não tem de
corresponder às expectativas da comunidade internacional, mas sim da sociedade
guineense e que para isso é preciso que o PAIGC participe, sendo a distribuição
de pastas da forma que os políticos guineenses entenderem.
Ramos-Horta
salientou que nos Estados Unidos se encontrou "com mais de 50
embaixadores", incluindo todos os da União Europeia, e com o
secretário-geral da ONU, para debater a questão do país.
"Devo dizer
que conseguimos colocar a Guiné-Bissau no mapa pela positiva, e não só pela
negativa, não só pela questão da droga", disse, acrescentando que "há
boa vontade e determinação da comunidade internacional para voltar a apoiar a
Guiné-Bissau com força, para que a paz e a estabilidade voltem de vez".
No caso de se
cumprir a agenda de transição, eleições e se forme um Governo estável haverá
então uma conferência internacional para angariar fundos para o país.
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