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Lusa
Luanda, 08 mai
(Lusa) - A UNITA, maior partido da oposição em Angola, classificou hoje como
"precipitada" a remodelação de dois ministros, entre os quais o das
Finanças, anunciada na segunda-feira pela Casa Civil da Presidência angolana.
A posição da UNITA
foi expressa, numa conferência de imprensa convocada para falar sobre a
situação politica em Angola, pelo secretário-geral, Vitorino Nhany, que
acentuou que se trata de uma remodelação que ocorre somente cerca de sete meses
após a formação do executivo.
Para Vitorino
Nhany, a única alteração que faz sentido foi a substituição do governador
provincial de Benguela, o general Armando da Cruz Neto, exonerado por razões de
saúde.
"Passados
cerca de sete meses estamos a notar já remodelações. Talvez se justifique para
o caso da província de Benguela, por questões de saúde, mas para os outros
talvez não se justifiquem. Porque isto significa que o PR ainda não conhece os
quadros com quem trabalha", disse.
O secretário-geral
da UNITA considerou ainda que a remodelação não vai ao encontro do interesse
dos angolanos.
"Isto entra na
mesma lógica dos interesses, que para nós não são interesses coletivos. O que
estamos a notar é um determinado nepotismo, porque não se justifica - por mais
que tivesse habilidades para tal - que as áreas estratégicas todas estejam sob
tutela dos homens afins ao Presidente", destacou.
Vitorino Nhany
referia-se ao facto de o futuro ministro das Finanças, Armando Manuel, ter sido
conselheiro do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e presidido ao
conselho de administração do Fundo Soberano de Angola.
O professor
universitário e analista político Belarmino Van-Dúnem, disse à Lusa que a
entrada de Armando Manuel no Executivo não deverá traduzir-se "numa
mudança de políticas".
"Há uma espécie
de mudança na continuidade. À luz do ordenamento jurídico-constitucional
angolano, o detentor do poder executivo é o Presidente, pelo que
independentemente dos nomes que façam parte do governo, a política
macroeconómica e financeira vai continuar a ser a mesma", defendeu.
Belarmino Van-Dúnem
acredita ainda que por essa razão, a remodelação "não vai provocar
constrangimentos".
"Nos últimos
10 anos, a política económica e financeira prosseguida por Angola tem dado
resultados positivos, pelo que as substituições não vão alimentar
clivagens", adiantou.
Na remodelação
anunciada na segunda-feira, José Eduardo dos Santos exonerou ainda o ministro
da Construção, Fernando Fonseca, que será substituído por Waldemar Pires
Alexandre, que era coordenador adjunto da Comissão de Gestão do Instituto
Nacional de Estradas de Angola (INEA).
Quanto aos
governadores provinciais, as mudanças atingiram Benguela, litoral-sul de
Angola, e Namibe, sul.
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