NME - PJA - Lusa
Luanda, 08 mai
(Lusa) - A UNITA lamentou hoje em Luanda que centenas de milhar de pessoas
enfrentem uma situação de fome na província do Cunene, devido à seca, quando
Angola disponibiliza água à Namíbia a partir de um rio daquela região.
"Como é
possível termos um manancial em termos de água no rio Cunene, abastecermos a
população da Namíbia e deixarmos a população do Cunene morrer de fome e, não
só, o seu gado também? Isto é um crime", lamentou Vitorino Nhany,
secretário-geral do maior partido da oposição em Angola.
"Angola tem
cerca de 140 mil milhões de metros cúbicos de água, não se pode permitir que
não haja projetos de alternativa para poder socorrer todo aquele que esteja
afetado por essas calamidades", continuou o dirigente, numa conferência de
imprensa realizada para discutir a situação política e económica do país.
Vitorino Nhany
referiu que a UNITA já tinha alertado para esta situação na altura das
discussões para a aprovação do Orçamento Geral do Estado, solicitando que
fossem atribuídas verbas suficientes para se contrapor a situações de
calamidades naturais.
A situação de
emergência na província do Cunene, no sul de Angola, foi alertada terça-feira
pelo governador provincial, António Didalelwa, que aponta para pelo menos 300
mil pessoas sob ameaça de fome.
Segundo o
governador provincial do Cunene, o Governo tomou já medidas para acudir às
populações mais afetadas, mas o governante alertou que "há falta de
alimentos e de água para as pessoas e o gado".
"A população
dessas localidades estão a passar momentos difíceis, porque há dois anos que
praticamente não chove nas suas regiões, facto que está a prejudicar a economia
das famílias, cuja base de subsistência é a agricultura e a criação de
gado", descreveu António Didalelwa.
O secretário-geral
da UNITA disse que os cidadãos para fazer face à situação estão a adquirir bens
alimentares na vizinha Namíbia, lamentando que "a corrupção" esteja a
dificultar a alternativa encontrada, nomeadamente com os preços praticados
pelos serviços alfandegários.
"Como a
corrupção está institucionalizada e hierarquizada, os serviços alfandegários
não olham para o aspeto solidariedade, mas sim para o egoísmo", disse
Vitorino Nhany, acrescentando que é cobrada uma taxa correspondente a metade do
valor comercial do bem em causa, acusou.
Também o bispo de
Ondjiva, capital da província do Cunene, Pio Hipunyati, em declarações à Lusa,
disse que a seca que atinge a região é "a mais severa dos últimos
anos".
"A situação é
alarmante. Choveu pouquíssimo e não haverá colheita nenhuma. Este seria o mês
das colheitas, mas não há água, nem para as pessoas nem para os animais",
frisou o bispo.
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