quinta-feira, 9 de maio de 2013

UNITA contesta fornecimento de água à Namíbia em vez de apoiar ameaçados pela fome




NME -  PJA - Lusa

Luanda, 08 mai (Lusa) - A UNITA lamentou hoje em Luanda que centenas de milhar de pessoas enfrentem uma situação de fome na província do Cunene, devido à seca, quando Angola disponibiliza água à Namíbia a partir de um rio daquela região.

"Como é possível termos um manancial em termos de água no rio Cunene, abastecermos a população da Namíbia e deixarmos a população do Cunene morrer de fome e, não só, o seu gado também? Isto é um crime", lamentou Vitorino Nhany, secretário-geral do maior partido da oposição em Angola.

"Angola tem cerca de 140 mil milhões de metros cúbicos de água, não se pode permitir que não haja projetos de alternativa para poder socorrer todo aquele que esteja afetado por essas calamidades", continuou o dirigente, numa conferência de imprensa realizada para discutir a situação política e económica do país.

Vitorino Nhany referiu que a UNITA já tinha alertado para esta situação na altura das discussões para a aprovação do Orçamento Geral do Estado, solicitando que fossem atribuídas verbas suficientes para se contrapor a situações de calamidades naturais.

A situação de emergência na província do Cunene, no sul de Angola, foi alertada terça-feira pelo governador provincial, António Didalelwa, que aponta para pelo menos 300 mil pessoas sob ameaça de fome.

Segundo o governador provincial do Cunene, o Governo tomou já medidas para acudir às populações mais afetadas, mas o governante alertou que "há falta de alimentos e de água para as pessoas e o gado".

"A população dessas localidades estão a passar momentos difíceis, porque há dois anos que praticamente não chove nas suas regiões, facto que está a prejudicar a economia das famílias, cuja base de subsistência é a agricultura e a criação de gado", descreveu António Didalelwa.

O secretário-geral da UNITA disse que os cidadãos para fazer face à situação estão a adquirir bens alimentares na vizinha Namíbia, lamentando que "a corrupção" esteja a dificultar a alternativa encontrada, nomeadamente com os preços praticados pelos serviços alfandegários.

"Como a corrupção está institucionalizada e hierarquizada, os serviços alfandegários não olham para o aspeto solidariedade, mas sim para o egoísmo", disse Vitorino Nhany, acrescentando que é cobrada uma taxa correspondente a metade do valor comercial do bem em causa, acusou.

Também o bispo de Ondjiva, capital da província do Cunene, Pio Hipunyati, em declarações à Lusa, disse que a seca que atinge a região é "a mais severa dos últimos anos".

"A situação é alarmante. Choveu pouquíssimo e não haverá colheita nenhuma. Este seria o mês das colheitas, mas não há água, nem para as pessoas nem para os animais", frisou o bispo.

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