William Tonet e
Arlindo Santana* - Folha 8 – edição 1144 de 1 junho 2013
A carreira de Sívio
Burity “ao serviço do seu país”, um país que não é Angola, mas um misterioso
território independente que só ele conhece, é o retrato exacto daquilo que a
corrupção é em Angola.
Variadíssimas vezes
denunciado por pessoas de diferentes quadrantes como protagonista de actos e tomadas
de atitude imorais, ilegais, e por demais incompatíveis com as suas funções e
responsabilidades, Burity sempre conseguiu dar a volta por cima às acusações de
que era alvo e mesmo agora, quando foi exonerado da chefia das alfândegas, foi
isso mesmo que aconteceu.
O F8, sobretudo na
pessoa do seu director, William Tonet, sabe do que está a tratar, uma vez que,
quando teve a oportunidade de confirmar algumas denúncias do que se estava a
passar na Alfândega e revelar até que ponto nessa instituição de Estado, entre
as mais importantes do país, reinavam assiduamente práticas do desvio de fundos,
de corrupção activa, passiva e peculato, foi, como já neste espaço relatámos,
levado à barra do tribunal para ser julgado e condenado a pagar uma indemnização
de USD 100 mil
dólares, solicitada, entre outras pessoas,pelo próprio Sílvio Burity, alegando
não serem verdadeiras as denúncias.
Claro está que a
sentença terá sido encomendada e pronunciada em favor dos interesses superiores de um
partido e seus interesses difusos, pelo juiz Manuel Manuel da Silva “Manico”,
que, sem a mais pequena réstia de bom senso, imparcialidade, sentido de justiça e
o que se pede de vergonha concedeu uma sentença adesão, mesmo tendo tudo ficado
provado.
Passou o tempo e,
num artigo publicado numa das nossas últimas edições, depois de termos feito
alusão ao facto de ter sido a sua própria mulher a revelar a dada altura até que
ponto esse dirigente podia ir na perfídia para levar avante os seus intentos, os
seus alicerces tremeram, mas o dirigente não caiu.
Recentemente,
porém, a situação agravou-se quando uma carta de queixa foi enviada ao Presidente
da República e ao ministro das Finanças de Angola,que não se deve confundir com república
das bananas por um grupo de quadros superiores e não só das Alfândegas, que,
atempadamente pensavam eles, avisavam os seus superiores hierárquicos do que se
estava a passar nos serviços alfandegários, sobretudo no porto de Luanda e demais
fronteiras.Foi como se não tivessem avisado, pois o superior JES, indirectamente,
estava na jogada por intermédio do seu filho Zenú, segundo relatam as fontes que
nos informaram sobre este caso da Bromangol.
Entre parênteses,
digamos desde já que até hoje não se sabe com exactidão quem são os donos da
Bromangol. Mas o rumor diz que José Filomeno dos Santos,“Zenu”, é apontado como um
dos sócios predominantes da empresa, em associação com o inefável Sívio Burity. Anotemos.
Voltando, porém, ao
nosso tema, verdade é que na missiva dos trabalhadores alfandegários podemos ler um
apanhado de todas as denúncias das trafulhices feitas antes, trata-se, portanto, de
uma confirmação do que já se sabia, sugerindo pela ocasião e com firmeza, que a Inspecção Geral do Trabalho ou o MAPESS se decidissem a fazer uma auditoria para
ver in loco o abuso de poder do Sílvio Burity e fazer um relatório a quem de
direito, que nestas ocasiões nunca se sabe bem quem é!... Nada se passou!
A páginas tantas,
inquietos, os trabalhadores denunciantes vão mais longe, ao assegurar que «é tempo de
este cidadão ir embora, mesmo sabendo nós que o mesmo é facilitador de negócios escuros
que entram e saem do Pais (Entrada de Drogas e mercadorias, Saída de Capitais de
forma clandestina). O país precisa de quadros capazes de levar o país a bom porto
e não dizimá-lo e/ou reduzi-lo a pó”, denunciaram.
Recorde-se ainda
ter Silvio Burity assumido publicamente que ganhava entre 100 a 200.000 USD
mensalmente.
De onde sai esse dinheiro
todo? Quem lho dá? É lícito? Quanto ganha o Presidente da República e o ministro
das Finanças, se o vosso subordinado assumiu perante o juiz que ganha 100.000.00
(cem mildólares)?»
A “volta por cima” de
Burity graças aos dólares
Neste lance de
exoneração para cima de Sílvio Burity, o que desencadeou terá sido o papel da
estranha empresa Bromangol, de inspecção de produtos alimentares, com
todas as suas derrapagens e atropelamentos das leis.
O sentimento de
culpabilidade dos mais altos dirigentes das instituições sob égide de Burity
reflecte-se no nervosismo do mesmo e no esbanjamento de dinheiro, tirado ele
também dos cofres do Estado, para defesa dos seus chefes em tribunal.
Dizer que ao
serviço da Alfândega Nacional oficia uma enorme brigada de mais de 20 (vinte)
juristas e advogados, parece denunciar que trabalho não falta no que toca a
diferendos e makas de toda a espécie, mas como porta de fuga de dinheiro dos cofres
públicos,são sempre recrutados os serviços de advogados de fora, inclusive
estrangeiros.
O resultado, como
se vê, sai exactamente ao contrário do que estava programado por esses
auto-servidores dos seus Estados, de alma e de finanças.
Se formos ao fundo
da questão, vemos primeiro que a demissão de Burity, formalmente ordenada pelo novo
ministro das Finanças, Armando Manuel,foi, segundo
fonte de F8, “decidida” pelo Presidente, José Eduardo dos Santos (JES) por estar
intimamente relacionada com o chamado “caso Bromangol”.
Isso parece estar
provado
Esta instituição
privada foi criada em condições consideradas opacas em fins de 2012, tendo-lhe
sido atribuída a faculdade de efectuar, a título obrigatório, análises bromatológicas
a todos os produtos alimentares importados por Angola.
Sem delongas,
verificaram-se exageros nos custos das análises efectuadas pela empresa, assim
como se lamentava a lentidão da entrega dos resultados aos importadores das
mercadorias, que espontaneamente, se lançaram em campanhas de protestos muito
contundentes.
Armou-se uma frente de
protesto alargada num clima de descontentamento geral, pois eram os próprios consumidores
as principais vítimas do agravamento causado aos preços pelas práticas da
Bromangol.
Perante esta
situação de protestos dos importadores, secundados por manifestações de
descontentamento de distribuidores e do público consumidor o que é que aconteceu?
- estamos em Angola -, o Serviço Nacional das Alfândegas correu ao socorro da
Bromangol “com uma campanha de imprensa, inspirada em métodos de agitação
considerados insidiosos”.
Dá vontade de meter
toda essa gente na cadeia, mas não é possível, pois em Angola, quem vegeta as
cadeias são os inocentes, acusados injustamente.
Entretanto, sabe-se
que existe uma instituição pública com o mesmo fim, o Laboratório Central
Agro-Alimentar, dependente do Ministério da Agricultura, habilitado a realizar
análises bromatológicas a preços aceitáveis. Brincadeira! Não tutelada pelas
Finanças, foi, num primeiro tempo, enviada às favas. A Bromangol do filhote e
amigo estava ali para as encomendas.
Só que, agora,
neste exercício para apagar o calor insuportável do descontentamento geral, o novo
ministro das Finanças pôs também termo ao monopólio da Bromangol. Mas, faz
calma, não te precipites…
Na preocupação
superior de poupar Sílvio Burity - e temos aqui com certeza uma das chaves das
denúncias de corrupção em Angola - explica-se o facto de ele ter sido
automaticamente nomeado Director Nacional do Património, um departamento do Ministério das Finanças, que tem sob sua alçada os
imóveis do Estado, no país e no estrangeiro, o parque automóvel, etc – o que de
certeza alimentará com sucesso a sua polimorfia, dinheiro, riqueza acumulada e negócios sujos.
E JES, tem agora
mais uma batata quente, pois acolhe mais uma vez, alguém que todos contestam. Assim terá de fazer alguma coisa para que não digam estar ele por trás de tudo
isso.
Como se diz estar
provado, ficamos por aqui e está tudo explicado!
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