NME - MLL – Lusa –
foto Paulo Novais
O líder da
Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel
Chivukuvuku, disse hoje que José Eduardo dos Santos deu mostras, na entrevista
à SIC, que está no poder "para ficar ali toda a vida".
Abel Chivukuvuku
reagia, em declarações à Lusa, à entrevista transmitida na quinta-feira pela
SIC ao Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Para o líder da
CASA-CE, foi importante José Eduardo dos Santos - que classificou como uma
pessoa "excessivamente reclusa" - ter falado após 22 anos, desde a
sua última entrevista, mas teria sido melhor, considerou, se tivesse falado
para a comunicação social angolana.
"De facto, foi
do ponto de vista de imagem, um ‘mais velho' simpático, sorridente, mas
completamente vazio, apagado e que deu pena sentir que não tem projeto para o
país. Não tem ideia para o país e que tem no seu quadro mental uma Angola
irreal", considerou.
Segundo Abel
Chivukuvuku, essa "Angola irreal" pode ser fruto "dos relatórios
que recebe e também consequência da tendência de reclusão (…) e não consegue
ter noção do que é Angola e por isso foi vazio".
Aquele dirigente
político, líder da terceira força política angolana, manifestou igualmente
preocupação com o facto de José Eduardo dos Santos ter dado a entender, nas
"entrelinhas", que pretende ficar no poder "para toda a
vida".
"Não tem em
consideração que está há quase 40 anos no poder - ele próprio reconheceu que
neste momento é um dos chefes de Estado mais antigos de África - e deu-me a
impressão que dá-lhe gozo isso, mas que também não tem noção de que está a
travar o país, que está a condicionar a vida do cidadão, que espera
transformações", frisou.
Abel Chivukuvuku,
referindo que José Eduardo dos Santos "não está à altura" para
transformar o país, disse que o Presidente angolano é "um cidadão
autoritário, com excessiva sede de poder, que concentra em si todo o tipo de
decisões".
"É lamentável,
mas precisamos de encontrar modelos para dialogar com ele, para reconhecer as
coisas boas que na vida fez, mas também chamar-lhe a atenção de que já não está
à altura para os desafios do país", realçou.
Sobre a resposta de
que as manifestações em Luanda têm sido realizadas por um grupo isolado de
cerca de 300 pessoas, Abel Chivukuvuku disse não se admirar, já que José
Eduardo dos Santos é uma pessoa "sem convicções democráticas e alguém que
subestima tudo".
"Para o PR,
por ser 300 pessoas dá-lhe legitimidade de mandar dar pancada, mandar prender,
quando ele deveria reconhecer que mesmo se forem cinco pessoas, elas têm
direito a exprimirem o seu ponto de vista", comentou.
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