Daniel Ribeiro,
correspondente em Paris - Expresso
A votação na
extrema-direita ronda os 47 por cento numa eleição legislativa parcelar e os
franceses andam com os nervos à flor da pele.
Dezenas de montras de bancos e de comércios foram atacados, esta tarde, em
Paris, quando milhares de pessoas desfilaram numa manifestação
"anti-fascista", em memória de Clément Méric, jovem militante de
extrema-esquerda morto há duas semanas depois de ter sido agredido, durante uma
altercação, por um skinhead, membro de um grupo semi-clandestino da
extrema-direita.
Os militantes de
esquerda e extrema-esquerda, muitos vestidos de negro, atacaram com pedras
montras de dezenas de bancos e de comércios ou vandalizaram-nos com slogans
anti-capitalistas e anti-fascistas, mas a polícia não interveio e manteve-se à
distância.
Pouco depois, em
Villeneuve-sur-Lot, no sudoeste do hexágono francês, numa eleição legislativa
parcelar, o candidato da extrema-direita (da Frente Nacional-FN, de Marine Le
Pen) alcançou 47 por cento dos votos, sendo batido pelo seu adversário da
direita clássica, que apenas foi eleito por ter beneficiado dos votos, na
segunda volta, da "frente republicana anti-Le Pen" (direita,
socialistas, comunistas, centristas).
A subida da
extrema-direita, sublinhada por todas as recentes sondagens, provoca
inquietação em França, onde analistas prevêem que a FN vença as eleições
europeias de meados de 2014.
Esta situação,
designadamente o afastamento desde a primeira volta, no domingo passado, do
candidato socialista na parcelar de Villeneuve-sur-Lot, enerva os próprios
membros do Governo. "Durão Barroso é o carburante da FN", disse esta
tarde o ministro francês da Indústria, Arnaud Montebourg, a propósito da
polémica sobre as declarações do presidente da Comissão europeia sobre os
"reaccionários" que defendem a excepção cultural nas negociações
comerciais entre a UE e os EUA.
O ministro francês
acha que a principal causa da subida da FN em França não são os escândalos, nem
a subida do desemprego, nem os problemas com o poder de compra, nem os
escândalos, nem os conflitos provocados pelas religiões. "A UE exerce uma
pressão considerável sobre os Governos democraticamente eleitos, é inaceitável,
temos um presidente da Comissão que diz 'todos os que são contra a mundialização
são reacionários'... temos uma UE imóvel, que não mexe, que não responde às
aspirações populares dos europeus, que dá força aos partidos nacionalistas, aos
anti-europeus da UE", explicou Arnaud Montebourg.
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