segunda-feira, 17 de junho de 2013

Brasil: Dilma poderá ter surpresa nas urnas, avalia o publicitário Duda Mendonça




Correio do Brasil, São Paulo

O publicitário Duda Mendonça, responsável pela área de marketing da campanha vitoriosa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, alertou à presidenta Dilma Rousseff que, mesmo com a popularidade em alta, novos candidatos podem significar uma supresa nas urnas.

– Para quem está hoje com 70% de popularidade, não faz sentido não ganhar no primeiro turno. Significa que tem alguma coisa que está mexendo aí”. Ele se refere à taxa da aprovação pessoal da presidente em algumas pesquisas. No Datafolha, a administração dilmista é aprovada por 57%.

Com 68 anos, Duda deverá voltar às campanhas políticas em 2014, provavelmente na candidatura do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),Paulo Skaf, que visa o governo do Estado de São Paulo, pelo PMDB. Segundo afirmou ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, o “risco maior” para Dilma na corrida presidencial é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

– Ele é realmente novo. Ele é a surpresa. O Aécio (Neves) já tem muito tempo aí. A Marina (Silva) também. Já não são novidades – disse.

Segundo Mendonça, “a eleição é uma coisa que mexe muito com o país. Mexe muito com as pessoas pobres. Mistura tudo. É uma emoção só”.

Mesmo que o país viva hoje um panorama mais positivo do que há 10, 20 anos “depois de quatro anos, depois de oito anos, as pessoas se habituam com as conquistas. Querem outras. Na hora que elas sentem que qualquer coisa mexeu, elas esquecem um pouco tudo de bom que elas ganharam. Querem mais”, adianta o publicitário.

Para Duda Mendonça, as manifestações de rua nos grandes centros, sobretudo em São Paulo, aparentemente contra o aumento da passagem de ônibus, são um exercício de democracia. Mas querem dizer muito mais:

– As pessoas têm o direito de se manifestar contra aquilo que acham errado, contra aquilo que incomoda. Contra aquilo que bate no bolso, sobretudo. Agora, é lógico que sempre no período de eleição essas coisas ganham uma dimensão…

Segundo o marketeiro político, as eleições do ano que vem já estão na rua.

– É só você ler os jornais (…). A eleição está na rua. Ainda mais quando tem uma eleição de presidente por trás. Acelera a eleição de governador, acelera a eleição de deputado. Então, o calor está na rua – afirmou.

Embora a situação do país tenha melhorado, “na hora que tem uma derrota, o pau quebra”, disse. “Depois de quatro anos, depois de oito anos, as pessoas se habituam com as conquistas. Querem outras. Na hora que elas sentem que qualquer coisa mexeu, elas esquecem um pouco tudo de bom que elas ganharam. Querem mais”.

– No plano nacional, o PT governa há 10 anos. Em São Paulo, o PSDB governa há 20 anos – acrescentou dizendo que não há uma fórmula capaz de evitar a fadiga de material na política.

Para Duda Mendonça, se tal fórmula existisse seria “muita responsabilidade para quem lida com isso”.

– Acontece que as pessoas querem mais. E querem, às vezes, atitudes mais jovens. Querem reviravoltas mais importantes. Ninguém pode deixar de dizer que o Brasil melhorou muito nos últimos anos. Mas, essa melhora as pessoas assimilaram e querem mais. Elas estão esperando que isso aconteça – afirmou.

“Os governos da presidente Dilma e do presidente Lula foram uma sequência. E isso tem vantagens. Não há uma interrupção. Só que o eleitor hoje está muito mais sábio. Muito mais experiente, muito mais maduro”, continua.

– Bobo é achar que o eleitor é bobo. Na televisão, antigamente, quem batia no outro, eles (os eleitores) aceitavam tudo. Depois descobriam que aquele que batia, que criticava, que levantava críticas, ele era pior. Era pior do que quem estava sendo acusado. Ele (o eleitor) entendeu que a televisão não é o espaço para bater nem para agredir ninguém. É um espaço para se falar de planos, de progresso – acrescentou.

Outro fator a ser levado em conta nas próximas eleições é o papel da internet que, ainda segundo o publicitário, “cresce assustadoramente” e está muito maior agora no Brasil.

– A televisão é, sem dúvida, o grande veículo para uma campanha política. Mas a internet cada vez mais cresce. Vai crescer e até superar a televisão em algum prazo. Sobretudo, com um público jovem e com acesso das pessoas mais pobres. Antigamente, isso era uma coisa de elite. Hoje, não. Hoje, todo mundo tem internet. Todo mundo vê – concluiu.

Na foto: O governador Eduardo Campos (PE)

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