Correio do Brasil,
São Paulo
O publicitário Duda
Mendonça, responsável pela área de marketing da campanha vitoriosa do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, alertou à presidenta Dilma Rousseff
que, mesmo com a popularidade em alta, novos candidatos podem significar uma supresa
nas urnas.
– Para quem está
hoje com 70% de popularidade, não faz sentido não ganhar no primeiro turno.
Significa que tem alguma coisa que está mexendo aí”. Ele se refere à taxa da
aprovação pessoal da presidente em algumas pesquisas. No Datafolha, a
administração dilmista é aprovada por 57%.
Com 68 anos, Duda
deverá voltar às campanhas políticas em 2014, provavelmente na candidatura do
presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),Paulo
Skaf, que visa o governo do Estado de São Paulo, pelo PMDB. Segundo afirmou ao
diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, o “risco maior” para Dilma na
corrida presidencial é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
– Ele é realmente
novo. Ele é a surpresa. O Aécio (Neves) já tem muito tempo aí. A Marina (Silva)
também. Já não são novidades – disse.
Segundo Mendonça,
“a eleição é uma coisa que mexe muito com o país. Mexe muito com as pessoas
pobres. Mistura tudo. É uma emoção só”.
Mesmo que o país
viva hoje um panorama mais positivo do que há 10, 20 anos “depois de quatro
anos, depois de oito anos, as pessoas se habituam com as conquistas. Querem
outras. Na hora que elas sentem que qualquer coisa mexeu, elas esquecem um
pouco tudo de bom que elas ganharam. Querem mais”, adianta o publicitário.
Para Duda Mendonça,
as manifestações de rua nos grandes centros, sobretudo em São Paulo,
aparentemente contra o aumento da passagem de ônibus, são um exercício de
democracia. Mas querem dizer muito mais:
– As pessoas têm o
direito de se manifestar contra aquilo que acham errado, contra aquilo que
incomoda. Contra aquilo que bate no bolso, sobretudo. Agora, é lógico que
sempre no período de eleição essas coisas ganham uma dimensão…
Segundo o
marketeiro político, as eleições do ano que vem já estão na rua.
– É só você ler os
jornais (…). A eleição está na rua. Ainda mais quando tem uma eleição de
presidente por trás. Acelera a eleição de governador, acelera a eleição de
deputado. Então, o calor está na rua – afirmou.
Embora a situação
do país tenha melhorado, “na hora que tem uma derrota, o pau quebra”, disse.
“Depois de quatro anos, depois de oito anos, as pessoas se habituam com as
conquistas. Querem outras. Na hora que elas sentem que qualquer coisa mexeu,
elas esquecem um pouco tudo de bom que elas ganharam. Querem mais”.
– No plano
nacional, o PT governa há 10 anos. Em São Paulo, o PSDB governa há 20 anos –
acrescentou dizendo que não há uma fórmula capaz de evitar a fadiga de material
na política.
Para Duda Mendonça,
se tal fórmula existisse seria “muita responsabilidade para quem lida com
isso”.
– Acontece que as
pessoas querem mais. E querem, às vezes, atitudes mais jovens. Querem
reviravoltas mais importantes. Ninguém pode deixar de dizer que o Brasil
melhorou muito nos últimos anos. Mas, essa melhora as pessoas assimilaram e
querem mais. Elas estão esperando que isso aconteça – afirmou.
“Os governos da
presidente Dilma e do presidente Lula foram uma sequência. E isso tem
vantagens. Não há uma interrupção. Só que o eleitor hoje está muito mais sábio.
Muito mais experiente, muito mais maduro”, continua.
– Bobo é achar que
o eleitor é bobo. Na televisão, antigamente, quem batia no outro, eles (os
eleitores) aceitavam tudo. Depois descobriam que aquele que batia, que
criticava, que levantava críticas, ele era pior. Era pior do que quem estava
sendo acusado. Ele (o eleitor) entendeu que a televisão não é o espaço para
bater nem para agredir ninguém. É um espaço para se falar de planos, de
progresso – acrescentou.
Outro fator a ser
levado em conta nas próximas eleições é o
papel da internet que, ainda segundo o publicitário, “cresce
assustadoramente” e está muito maior agora no Brasil.
– A televisão é,
sem dúvida, o grande veículo para uma campanha política. Mas a internet cada
vez mais cresce. Vai crescer e até superar a televisão em algum prazo.
Sobretudo, com um público jovem e com acesso das pessoas mais pobres.
Antigamente, isso era uma coisa de elite. Hoje, não. Hoje, todo mundo tem
internet. Todo mundo vê – concluiu.
Na foto: O
governador Eduardo Campos (PE)
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