Jornal i - Lusa
Adesão à greve foi
superior a 90%
Os sindicatos
estimam que a greve dos docentes se tenha fixado numa adesão próxima dos 93%,
com mais de 20 mil alunos impedidos de realizar exame nacional de Português, e
que muitos só se realizaram com “ilegalidades e arbitrariedades”.
Os números foram
avançados hoje, num hotel em Lisboa, por Mário Nogueira, secretário-geral da
Federação Nacional de Professores (Fenprof), que falava em nome de todos os
sindicatos que convocaram a greve de professores que hoje decorreu a nível
nacional.
“Em diversas
escolas onde os exames se realizaram isso só foi possível através do recurso a
ilegalidades, a irregularidades e a arbitrariedades que não deviam ter acontecido
e que agora, pensamos nós, competirá à IGEC (Inspeção-Geral de Educação e
Ciência) averiguar o que se passou e agir em conformidade. Só a título de
exemplo chegaram-nos informações de recurso a vigilantes que não são docentes.
Desde terapeutas a formadores”, referiu Mário Nogueira.
O líder da Fenprof enumerou
ainda várias situações denunciadas por professores de todo o país e que, no
entender dos sindicatos, configuram irregularidades ou até mesmo violações da
lei.
Entre as denúncias
recebidas pelos sindicatos estão a vigilância da prova de Português por
professores da disciplina, a distribuição de alunos de salas onde não se
puderam realizar exames por salas onde estes já estavam a decorrer, chegando a
haver 30 alunos por sala, a utilização de espaços que “não são próprios” para a
realização das provas ou a substituição “na hora” de docentes do secretariado
de exames por outros sem consulta do conselho pedagógico, “como exige o
regulamento”, e o recrutamento de docentes “à porta da escola” para vigilância
de provas sem que tivessem tido qualquer preparação para o efeito.
De algumas escolas
chegaram mesmo denúncias de terem sido recrutados pais para fazer vigilância
dos exames.
“É de legalidade
duvidosa, para nós não é certo que algumas destas substituições não configurem
uma efetiva violação da lei da greve. Iremos ainda tentar perceber o que se
passou”, declarou Nogueira.
O sindicalista
recusou ainda que a realização de exames de Português por 70% dos alunos
inscritos possa ser considerada uma derrota para os sindicatos, reafirmando que
a greve dos professores não era aos exames.
“Se 93% dos
professores tivesse feito greve e nenhum exame tivesse ficado por fazer isso
teria sido uma grande vitória dos professores”, disse.
Os professores, que
começaram por fazer uma greve ao serviço de avaliações, decidiram agendar uma
paralisação geral para hoje para contestar o regime de requalificação
profissional e a mobilidade geográfica proposta pelo Governo, bem como o
aumento do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais.
Face à ausência de
acordo entre Governo e sindicatos, um colégio arbitral decidiu pela não
realização de serviços mínimos.
O Ministério
da Educação ainda recorreu da decisão, mas não obteve resposta em tempo
útil, tendo garantido que as escolas estavam preparadas para a realização das
provas.
O ministro da
Educação, Nuno Crato, anunciou hoje que os alunos que hoje não conseguiram
realizar os exames de 12.º ano terão de faze-los no próximo dia 02 de julho.
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