terça-feira, 18 de junho de 2013

Centenas em Lisboa e no Porto em solidariedade com manifestantes brasileiros



Jornal i - Lusa

Cerca de três centenas de pessoas, de acordo com fonte da PSP, manifestaram-se hoje na Avenida dos Aliados, no Porto, em solidariedade com manifestantes e ativistas brasileiros. Em Lisboa também se juntaram algumas pessoas na Praça Luís de Camões, em Lisboa, juntando-se aos protestos contra o Governo em curso no Brasil desde o início de junho, marcados pela violência policial.

Em Lisboa, entre muitas bandeiras do Brasil, caras pintadas de verde e amarelo e até cravos vermelhos, os manifestantes saíram à rua porque “Um país mudo não muda”, como se lia num cartaz, cantaram o hino brasileiro e repetiram palavras de ordem acompanhadas de batucada.

“Um, dois, três, quatro, cinco mil, a revolta no Busão vai parar todo o Brasil!” e “O povo ‘tá na rua, ô Dilma, a culpa é sua!”, ou ainda “Ô-ô-ô-ô, o gigante acordou!” e “Da Copa do Mundo, eu abro mão! Quero dinheiro p’ra Saúde e Educação!”.

A multidão que se juntou no Porto, composta sobretudo por estudantes brasileiros, mas também alguns portugueses, partiu "de forma ordeira", segundo a PSP, das traseiras da câmara do Porto, por volta das 17h00, e percorreu os Aliados com cartazes em que se liam mensagens como "+ pão - circo", "Fim da corrupção" ou "Unidos pela Nação".

Convocados através das redes sociais, os estudantes quiseram demonstrar o "apoio ao povo brasileiro" e aos protestos que na última segunda-feira reuniram cerca de 240 mil pessoas em todo o país.

"A última manifestação gigantesca que houve, como está a haver agora, foi na década de 1990, quanto houve o ‘impeachment’ [impugnação] do presidente Collor de Melo", disse à Lusa José Pimentel, estudante de 26 anos natural da Paraíba, no nordeste brasileiro.

"Agora, 2013, estamos de volta ao ativo para reivindicar os nossos direitos", frisou o estudante residente em Braga mas que se deslocou ao Porto para se "manifestar e dar apoio ao povo brasileiro, que está a passar um momento difícil".

Entre a multidão pintada e vestida em verde, amarelo e azul, Peterson Santos, 31 anos, passeava mascarado de ecrã de televisão, em protesto contra "a falta de apoio dos grandes media brasileiros".

Para o advogado natural de Matogrosso do Sul, a questão do transporte público foi "responsável pelo rompimento de uma cultura no Brasil" em que as pessoas "não vão às ruas", pelo que critica os meios de comunicação brasileiros por "classificarem os movimentos como vândalos", no que considera uma ação "repressora".

Para Carina de Fátima, estudante de mestrado em História, "o Brasil já tem um histórico de acumulação de problemas em relação à política. Desde o processo de redemocratização de 1985, que [o país] nunca conseguiu, de facto, atingir uma democracia que atingisse as necessidades do povo brasileiro".

Para a estudante de 25 anos natural do Curitiba, no estado de Paraná, foi devido a "tanta corrupção, tanta falta de investimento em educação, na saúde", que o "aumento das tarifas foi o rastilho para um movimento muito maior que tinha que iniciar".

A residir em Portugal há um ano e dez meses, a estudante concorda com o paralelismo, feito nas redes sociais, com as manifestações na Turquia, ressalvando que "no Brasil foi diante de outra realidade cultural e social, mas também um bom exemplo de manifestações realizadas através da internet."

As acusações ao Governo da Presidente Dilma Rousseff são várias – corrupção e falta de investimento na saúde e educação estão entre elas -, mas o que desencadeou a revolta popular foi a subida dos preços dos transportes públicos em 0,20 centavos de real (seis cêntimos).

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