Jornal i - Lusa
Cerca de três
centenas de pessoas, de acordo com fonte da PSP, manifestaram-se hoje na
Avenida dos Aliados, no Porto, em solidariedade com manifestantes e ativistas
brasileiros. Em Lisboa também se juntaram algumas pessoas na Praça Luís de
Camões, em Lisboa, juntando-se aos protestos contra o Governo em curso no
Brasil desde o início de junho, marcados pela violência policial.
Em Lisboa, entre
muitas bandeiras do Brasil, caras pintadas de verde e amarelo e até cravos
vermelhos, os manifestantes saíram à rua porque “Um país mudo não muda”, como
se lia num cartaz, cantaram o hino brasileiro e repetiram palavras de ordem
acompanhadas de batucada.
“Um, dois, três,
quatro, cinco mil, a revolta no Busão vai parar todo o Brasil!” e “O povo ‘tá
na rua, ô Dilma, a culpa é sua!”, ou ainda “Ô-ô-ô-ô, o gigante acordou!” e “Da
Copa do Mundo, eu abro mão! Quero dinheiro p’ra Saúde e Educação!”.
A multidão que se
juntou no Porto, composta sobretudo por estudantes brasileiros, mas também
alguns portugueses, partiu "de forma ordeira", segundo a PSP, das
traseiras da câmara do Porto, por volta das 17h00, e percorreu os Aliados com
cartazes em que se liam mensagens como "+ pão - circo", "Fim da
corrupção" ou "Unidos pela Nação".
Convocados através
das redes sociais, os estudantes quiseram demonstrar o "apoio ao povo
brasileiro" e aos protestos que na última segunda-feira reuniram cerca de
240 mil pessoas em todo o país.
"A última
manifestação gigantesca que houve, como está a haver agora, foi na década de
1990, quanto houve o ‘impeachment’ [impugnação] do presidente Collor de
Melo", disse à Lusa José Pimentel, estudante de 26 anos natural da
Paraíba, no nordeste brasileiro.
"Agora, 2013,
estamos de volta ao ativo para reivindicar os nossos direitos", frisou o
estudante residente em Braga mas que se deslocou ao Porto para se
"manifestar e dar apoio ao povo brasileiro, que está a passar um momento
difícil".
Entre a multidão
pintada e vestida em verde, amarelo e azul, Peterson Santos, 31 anos, passeava
mascarado de ecrã de televisão, em protesto contra "a falta de apoio dos
grandes media brasileiros".
Para o advogado
natural de Matogrosso do Sul, a questão do transporte público foi
"responsável pelo rompimento de uma cultura no Brasil" em que as
pessoas "não vão às ruas", pelo que critica os meios de comunicação
brasileiros por "classificarem os movimentos como vândalos", no que
considera uma ação "repressora".
Para Carina de
Fátima, estudante de mestrado em História, "o Brasil já tem um histórico
de acumulação de problemas em relação à política. Desde o processo de
redemocratização de 1985, que [o país] nunca conseguiu, de facto, atingir uma
democracia que atingisse as necessidades do povo brasileiro".
Para a estudante de
25 anos natural do Curitiba, no estado de Paraná, foi devido a "tanta
corrupção, tanta falta de investimento em educação, na saúde", que o
"aumento das tarifas foi o rastilho para um movimento muito maior que
tinha que iniciar".
A residir em
Portugal há um ano e dez meses, a estudante concorda com o paralelismo, feito
nas redes sociais, com as manifestações na Turquia, ressalvando que "no
Brasil foi diante de outra realidade cultural e social, mas também um bom
exemplo de manifestações realizadas através da internet."
As acusações ao
Governo da Presidente Dilma Rousseff são várias – corrupção e falta de
investimento na saúde e educação estão entre elas -, mas o que desencadeou a
revolta popular foi a subida dos preços dos transportes públicos em 0,20
centavos de real (seis cêntimos).
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