terça-feira, 4 de junho de 2013

EMPRESÁRIOS ALEMÃES QUEREM MAIOR FATIA NOS NEGÓCIOS DE ANGOLA

 

 
Mais de 50 empresários alemães reúnem-se, a 4 e 5 de junho, em Luanda, com cerca de 200 interlocutores angolanos, no 5º Fórum Económico Alemão-Angolano. Pretendem aumentar o volume de negócios com Angola.
 
O 5º Fórum Económico Alemão-Angolano, que terá lugar num hotel na baixa de Luanda, é uma iniciativa conjunta da “Afrika-Verein”, a Associação Africana da Economia Alemã, assim como da Câmara Alemã de Comércio Externo em Angola. O objetivo é aproximar os empresários alemães do mercado angolano.

Ainda antes do encontro, Andreas Wenzel, o secretário geral da SAFRI, sigla em alemão da Iniciativa para a África Austral da Economia Alemã, mostrava-se otimista quanto ao êxito da reunião, pois “Angola oferece uma vasta gama de oportunidades comerciais”, explica.
 
Andreas Wenzel constata que, “mais de dez anos depois do fim de uma sangrenta guerra civil, o país atravessa uma fase de crescimento económico, baseado nas enormes receitas petrolíferas. As infra-estruturas estão a ser recuperadas”.

Face ao atual cenário da economia angolana, “as empresas alemãs poderão aproveitar as oportunidades inerentes, em sectores como os transportes, as telecomunicações, mas também a saúde e a agricultura”, sem esquecer a “energia, um setor vital para o país“, diz Andreas Wenzel.

Personalidades da política angolana no Fórum

A Iniciativa para a África Austral da Economia Alemã (SAFRI) foi fundada em 1996 pela Associação da Indústria Alemã (BDI) e pela Confederação das Câmaras alemãs do Comércio e Indústria.

Andreas Wenzel, o secretário-geral da SAFRI, sabe que em países como Angola, com uma economia controlada pelo Estado e por agentes ligados ao poder, os contactos têm que ser feitos sobretudo a nível político.
 
Por isso, algumas personalidades da vida política deverão participar no encontro: “esperamos a participação de diversos ministros, entre eles o ministro angolano da Economia, assim como a ministra da Saúde e o ministro dos Recursos Energéticos”, detalha Wenzel.

Da parte alemã, continua Wenzel, o “fórum conta com o patrocínio do ministério alemão da Economia, que é representando pelo ex-ministro Michael Glos, atualmente deputado no parlamento federal alemão”.

Angola é muito mais que Luanda

Após o encontro de dois dias, os empresários alemães terão a oportunidade de conhecer algumas das províncias de Angola. O país é vasto e as oportunidades de negócios estendem-se além da capital, Luanda.

“Muitas vezes, os empresários estrangeiros cometem o erro de se concentrarem demasiado na capital e na província de Luanda”, aponta Andreas Wenzel, esquecendo “as grandes oportunidades que as províncias angolanas oferecem. É por isso que vamos visitar o sul do país. Vamos, nomeadamente, às cidades do Lobito e do Lubango”, concretiza o secretário-geral da SAFRI.

Dificuldades do mercado angolano

Andreas Wenzel salienta as oportunidades que o mercado angolano oferece mas alerta também que é “um mercado difícil e complicado”.
 
As dificuldades sentem-se, por exemplo, a nível da administração angolana que ainda “não demonstra a eficácia e a transparência que os empresários alemães desejariam”, diz. Segundo o responsável da SAFRI “a transparência é cada vez mais importante pois, entretanto, também na Alemanha se exige cada vez mais transparência nas empresas, o que internacionalmente se designa de 'compliance'“.

Além disso, Andreas Wenzel reconhece que os empresários alemães sentem muitas vezes dificuldades em dominar a cultura comercial assim como a língua portuguesa.

Visita de Merkel impulsionou relações bilaterias

Uma coisa é certa: Angola deverá ocupar uma posição de destaque para as empresas alemãs. Um marco importante para as relações bilaterais foi a visita da chanceler Angela Merkel, a Luanda, em 2011.

A visita “traduziu-se num incremento das trocas comerciais entre os dois países. Os próprios angolanos também manifestam cada vez mais interesse em cooperar com empresas alemãs”, nota Andreas Wenzel.

Após a viagem de Angela Merkel, a Luanda, ficou acordado que deveria ser constituída uma parceria especial entre Angola e a Alemanha. E para estreitar os laços entre os dois países, a SAFRI redigiu a Folha de Estratégia para Angola, com várias sugestões que serão apresentadas e discutidas no 5º Fórum Económico Alemão-angolano.

Um dos pontos fulcrais da visita, em 2011, foi a planeada venda a Angola de fragatas de guerra, fabricadas num estaleiro alemão. Oficialmente, o material deverá ser utilizado para a patrulha das águas territoriais de Angola.

No entanto, Andreas Wenzel assegura que o tema da venda de material de guerra não deveria dominar as discussões do fórum.
 
Empresários alemães querem maior fatia nos negócios de Angola
 
Na opinião do secretário-geral da SAFRI: “foi muito infeliz o facto dos meios de comunicação terem falado sobretudo desse negócio, por ocasião da visita de Angela Merkel a Angola. É certo que Angola tem interesse em cooperar com a Alemanha na área da segurança militar, mas não nos devemos esquecer que uma grande parte das trocas comerciais entre os dois países nada tem a ver com material militar.

Angola, o 3º principal mercado da Alemanha em África

O volume das trocas comerciais entre a Alemanha e Angola ainda não é muito expressivo. Apesar de estar longe das trocas com países como Portugal, a China ou os Estados Unidos, o comércio germano-angolano aumenta de ano para ano.
 
A Alemanha quer uma fatia maior do bolo angolano: "as trocas comerciais bilaterais, entre Angola e a Alemanha, são atualmente de cerca de 800 milhões de dólares (mais de 615 milhões de euros) por ano. Significa isto que o volume foi multiplicado por 10, nos últimos seis anos”, precisa Andreas Wenzel.

Ainda que, à escala global, esse valor não seja muito significativo, “no contexto africano, Angola está a ganhar importância e já é o terceiro mais importante mercado para as empresas alemãs, depois da África do Sul e da Nigéria”, diz.

Os empresários alemães reconhecem que África é um mercado em que vale a pena investir. África não é apenas um continente para onde se envia ajuda ao desenvolvimento, mas sim um mercado capaz de absorver os produtos industriais e serviços da Alemanha. Por isso, o interesse dos empresários em participar em encontros como este Fórum Económico Angolano-Alemão tem vindo a aumentar a cada ano.
 

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