PMA – VM - Lusa
Maputo, 04 jun
(Lusa) - Centenas de profissionais de saúde moçambicanos cumpriram hoje o 15.º
dia de greve com uma marcha em Maputo, amordaçados, em protesto contra o
alegado silêncio do Governo, e com pratos vazios, como símbolo das más
condições salariais.
Com os médicos
maioritariamente vestidos de branco e os restantes funcionários de azul, os
profissionais de saúde partiram da sede da Associação Médica de Moçambique, no
centro da capital, seguindo pela Avenida Eduardo Mondlane até à Praça da Paz,
onde entoaram o hino de África e oraram pela resolução do diferendo laboral.
O trajeto que os
grevistas seguiram teve de ser definido à última hora, depois de a polícia os
ter desaconselhado a marchar até ao Circuito António Repinga, que se situa nas
imediações do gabinete do primeiro-ministro moçambicano, local que às
terças-feiras acolhe as sessões do Conselho de Ministros.
"Continuamos
com o mesmo espírito, que é de cuidar do povo, mas à espera que alguém cuide de
nós, que é o Governo. Mas do Governo estamos a receber o silêncio", disse
o porta-voz da Associação Médica de Moçambique, Paulo Samo Gudo.
Paulo Samo Gudo
acusou o executivo de não pretender dialogar com os profissionais de saúde e de
apostar na ameaça e intimidação para travar a greve.
"Este movimento
não vai parar enquanto as exigências dos profissionais de saúde não forem
resolvidas. A nossa luta é contra a desigualdade no tratamento dos funcionários
do Estado", acrescentou o porta-voz da Associação Médica de Moçambique.
Os profissionais de
saúde moçambicanos rejeitam o aumento de 15 por cento de salário decretado pelo
Governo e exigem um incremento de 100 por cento, uma subida de 35 por cento no
subsídio de risco e a aprovação do Estatuto Médico pela Assembleia da
República.
Por sua vez, o
Governo diz-se incapaz de atender às reivindicações, defendendo um aumento
faseado dos ordenados dos profissionais de saúde, face à alegada
insustentabilidade financeira de um aumento salarial de 100 por cento.
O executivo e os
profissionais de saúde moçambicanos têm leituras diferentes sobre o impacto da
greve, com o Ministério da Saúde a garantir que as unidades de saúde estão a
funcionar normalmente e a Associação Médica de Moçambique a defender que a ação
por si convocada tem a adesão de mais de 90 por cento dos profissionais.
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