Vai e Vem – Estrela
Serrano - ontem
O primeiro ministro
e a sua maioria deram hoje sinais de forte incomodidade, chamamos-lhe assim,
quanto à liberdade de expressão de personalidades que em declarações públicas
defenderam novas eleições.
“Há
um divórcio muito grande entre o que se vem dizendo no espaço público e aquele
que é o sentimento genuíno dos portugueses”, afirmou Passos Coelho,
acusando ”aqueles que estão mais impacientes, ou mais desesperados”, de
confundirem os seus desejos pessoais com a vontade do país”. Diz o
primeiro-ministro que “os portugueses não estão interessados em refregas
políticas, estão interessados em vencer a crise “.
Referia-se, claro
está, às palavras
de Mário Soares que afirmou que o governo já não tem legitimidade para se
manter no poder.
Imagina-se que com
as vaias que o esperam onde quer que vá e com a segurança que o rodeia sempre
que se desloca, o primeiro-ministro não tenha tido ultimamente oportunidade de
auscultar “os portugueses” para poder saber qual é o seu “sentimento genuíno” e
falar em nome deles. Ao contrário do que diz, ele, primeiro-ministro, é que
confunde “os seus desejos pessoais com a vontade do país”.
Outro episódio a
mostrar a intolerância da maioria governamental perante a manifestação de
opiniões não consonantes foi a acusação da
vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Teresa Leal Coelho, ao
provedor da Justiça, de não “dar garantias de imparcialidade” e de ter excedido
manifestamente o seu estatuto” em virtude das declarações que este prestou hoje
à
Antena 1, na qual afirmou que “poderia haver um refrescamento da situação
política se houvesse eleições legislativas antecipadas no mesmo dia das
autárquicas.” O vice-presidente da bancada do CDS-PP, Hélder Amaral, reagiu no
mesmo sentido, considerando que as declarações do provedor de Justiça não são
«compatíveis» com um cargo que tem deveres de isenção consagrados na
Constituição.
O PSD e o CDS
querem o Provedor caladinho e dizem-lhe para se deixar de “protagonismos
políticos”, isso é para eles e para os comentadores “amigos”. O provedor que se
guarde, em vez de andar a dar entrevistas. Responda às cartas que lhe escrevem
e remeta-se à sua condição de “ouvidor” de queixas.
Pelos vistos, segundo
o primeiro-ministro e a sua maioria, o “sentimento genuíno” dos portugueses é
empobrecerem e aguentarem calados.
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