Mariana Vieira da Silva – Económico, opinião
Passos Coelho pode
dizer que não tem medo de eleições, mas quem vai a votos tem medo de se
apresentar ao seu lado.
Num ano eleitoral
autárquico normal estaríamos, a dois meses das eleições, a olhar para a
situação política à luz dos prognósticos para umas eleições autárquicas que
ocorrem precisamente a meio do mandato deste Governo: serão estas eleições um
cartão amarelo ao Governo? Ou um cartão vermelho? Afirmar-se-á o PS com uma
vitória clara e inequívoca? Mas este não é um tempo normal, e estes não são os
termos do debate.
O momento decisivo não serão as autárquicas, porque até lá governo tem duas
provas de fogo, que funcionam como uma pré-campanha para os autarcas: a
apresentação aos portugueses de um novo pacote de medidas de austeridade já
negociadas com o FMI e a elaboração do Orçamento para 2014.
O Governo comprometeu-se com a ‘troika' a legislar, até 15 de Julho, sobre o
aumento da idade da reforma (sem dizer como), sobre um corte de grande dimensão
nas atuais reformas dos aposentados da administração publica e sobre as regras
de despedimento nos trabalhadores do Estado. E depois vai tentar esconder o
Orçamento para 2014 onde, já sabemos, inscreverá medidas que concretizem a meta
de 4 mil milhões de euros. É o aprofundamento de uma estratégia política que
teve os resultados que conhecemos: 18% de desemprego, PIB a cair 2,2% e o
falhanço das metas do défice e da dívida - é este insistir num caminho
destruidor da economia e dos equilíbrios sociais que vai marcar politicamente e
de forma decisiva o fim do ano 2013. Pensar nos danos que as eleições
autárquicas podem provocar à coligação é inverter o problema.
É que é à coligação, é à forma insana como o governo responde a cada falhanço
nas metas com uma nova dose dos mesmos erros que pode ser imputada uma provável
derrocada eleitoral dos partidos de direita.
A dois meses das eleições, todos os candidatos autárquicos do PDS sabem o peso
que carregam, mudaram a cor aos cartazes, apagando todos os vestígios que os
liguem aos partidos no governo. Porque Passos Coelho pode dizer que não tem
medo de eleições, mas quem vai a votos tem medo de se apresentar ao seu lado
nesta pré-campanha desastrosa. E já não o escondem.
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