quinta-feira, 20 de junho de 2013

Portugal: O MEDO DE PASSOS




Mariana Vieira da Silva – Económico, opinião

Passos Coelho pode dizer que não tem medo de eleições, mas quem vai a votos tem medo de se apresentar ao seu lado.

Num ano eleitoral autárquico normal estaríamos, a dois meses das eleições, a olhar para a situação política à luz dos prognósticos para umas eleições autárquicas que ocorrem precisamente a meio do mandato deste Governo: serão estas eleições um cartão amarelo ao Governo? Ou um cartão vermelho? Afirmar-se-á o PS com uma vitória clara e inequívoca? Mas este não é um tempo normal, e estes não são os termos do debate. 

O momento decisivo não serão as autárquicas, porque até lá governo tem duas provas de fogo, que funcionam como uma pré-campanha para os autarcas: a apresentação aos portugueses de um novo pacote de medidas de austeridade já negociadas com o FMI e a elaboração do Orçamento para 2014. 

O Governo comprometeu-se com a ‘troika' a legislar, até 15 de Julho, sobre o aumento da idade da reforma (sem dizer como), sobre um corte de grande dimensão nas atuais reformas dos aposentados da administração publica e sobre as regras de despedimento nos trabalhadores do Estado. E depois vai tentar esconder o Orçamento para 2014 onde, já sabemos, inscreverá medidas que concretizem a meta de 4 mil milhões de euros. É o aprofundamento de uma estratégia política que teve os resultados que conhecemos: 18% de desemprego, PIB a cair 2,2% e o falhanço das metas do défice e da dívida - é este insistir num caminho destruidor da economia e dos equilíbrios sociais que vai marcar politicamente e de forma decisiva o fim do ano 2013. Pensar nos danos que as eleições autárquicas podem provocar à coligação é inverter o problema.

É que é à coligação, é à forma insana como o governo responde a cada falhanço nas metas com uma nova dose dos mesmos erros que pode ser imputada uma provável derrocada eleitoral dos partidos de direita.

A dois meses das eleições, todos os candidatos autárquicos do PDS sabem o peso que carregam, mudaram a cor aos cartazes, apagando todos os vestígios que os liguem aos partidos no governo. Porque Passos Coelho pode dizer que não tem medo de eleições, mas quem vai a votos tem medo de se apresentar ao seu lado nesta pré-campanha desastrosa. E já não o escondem.

Sem comentários:

Mais lidas da semana