quinta-feira, 20 de junho de 2013

SENTENÇA DO CASO “LANCHA VOADORA” EM CABO VERDE MARCADA PARA SEXTA-FEIRA



JSD – VM - Lusa

Cidade da Praia, 20 jun (Lusa) - A leitura da sentença do processo conhecido por "Lancha Voadora", marcada inicialmente para 03 deste mês e ligada à apreensão de 1,5 toneladas de cocaína em Cabo Verde, em 2011, está prevista para sexta-feira sob fortes medidas de segurança.

Iniciado a 18 de março último, o julgamento terminou a 29 de abril com as alegações finais do Ministério Público, que reiterou a condenação de todos os arguidos em regime de prisão preventiva pelos crimes de tráfico de droga, lavagem de capitais e associação criminosa, como consta dos autos, consultados pela Inforpress.

Segundo adianta hoje a agência noticiosa cabo-verdiana, a acusação pediu ao coletivo de juízes, presidido por Sebastião de Pina, a prisão efetiva para os arguidos que se encontravam em regime de TIR (termo de identidade e residência) e a dissolução das cinco empresas envolvidas no processo.

A operação "Lancha Voadora" foi tornada pública a 08 de outubro de 2011, com a maior apreensão de droga de sempre no país: uma tonelada e meia de cocaína em estado de elevada pureza escondida numa cave de um prédio na Achada de Santo António, na Cidade da Praia, e que foi incinerada a 25 de outubro, na presença de autoridades e de jornalistas.

Além da droga, a Polícia Judiciária apreendeu milhares de euros e de outras moedas, milhões de escudos cabo-verdianos em notas e 15 viaturas, das quais cinco veículos topo de gama, três jipes, quatro "jet-sky", duas "pick-up", uma "moto-quatro" e várias armas e munições.

Durante a operação, foram detidos Paulo Pereira, a sua mãe, Ivone, e a irmã Ernestina, e Quirino dos Santos.

A 20 de dezembro, a PJ deteve o então presidente da Bolsa de Valores, Veríssimo Pinto, e mais cinco pessoas: Carlos Gomes Silva, os empresários da construção civil António "Totony" Semedo e Luís Ortet, o mestre de pesca Jacinto Mariano e o também empresário Djoy Gonçalves.

A 22 de dezembro, o Tribunal da Praia decretou prisão preventiva de quatro dos seis detidos, tendo Djoy Gonçalves e Jacinto Mariano ficado sob regime de TIR (termo de identidade e residência).

O mesmo destino teve, posteriormente, o empresário ligado ao setor imobiliário José Teixeira, a 10 de fevereiro de 2012, e os seus colaboradores Nilton Jorge, Sandro Spencer, Nerina Rocha, além de José Oliveira, funcionário do Banco Africano de Investimento (BAI).

Além destes 15 arguidos, estiveram sob investigação várias empresas cabo-verdianas ligadas direta ou indiretamente aos acusados: Editur, ImoPraia, AutoCenter, Aurora Internacional e TecnoLage, todas com sede na capital cabo-verdiana.

Contudo, a instrução do processo, que deveria estar concluída em sensivelmente três meses, viria a revelar-se mais complexa, porque a PJ dependia de outras instituições, sobretudo das respostas às solicitações de informações, algumas das quais pedidas formalmente a outros países.

Por isso, o julgamento só viria a ter início a 18 de março de 2013, mas a sessão foi suspensa devido à ausência de um arguido, Jacinto Mariano, que residia em São Vicente.

Os trabalhos prosseguiram de dia 21 de março a 11 de abril, altura em que os advogados se recusaram a entrar na sala de audiência em protesto contra a diretiva de serem revistados à entrada.

O juiz Sebastião de Pina nomeou novos defensores oficiosos que, porém, em solidariedade aos colegas, não compareceram, tendo o diferendo sido sanado após dois dias, quando o tribunal cedeu às exigências da defesa.

Os trabalhos só foram retomados a 15 de abril e prosseguiram sem interrupção até ao dia 29, quando o juiz prometeu a leitura da sentença para 03 de junho, data adiada por, segundo a imprensa, não ter sido possível concluir o documento do veredito.

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