JSD – VM - Lusa
Cidade da Praia, 20
jun (Lusa) - A leitura da sentença do processo conhecido por "Lancha
Voadora", marcada inicialmente para 03 deste mês e ligada à apreensão de
1,5 toneladas de cocaína em Cabo Verde, em 2011, está prevista para sexta-feira
sob fortes medidas de segurança.
Iniciado a 18 de
março último, o julgamento terminou a 29 de abril com as alegações finais do
Ministério Público, que reiterou a condenação de todos os arguidos em regime de
prisão preventiva pelos crimes de tráfico de droga, lavagem de capitais e
associação criminosa, como consta dos autos, consultados pela Inforpress.
Segundo adianta
hoje a agência noticiosa cabo-verdiana, a acusação pediu ao coletivo de juízes,
presidido por Sebastião de Pina, a prisão efetiva para os arguidos que se
encontravam em regime de TIR (termo de identidade e residência) e a dissolução
das cinco empresas envolvidas no processo.
A operação
"Lancha Voadora" foi tornada pública a 08 de outubro de 2011, com a
maior apreensão de droga de sempre no país: uma tonelada e meia de cocaína em
estado de elevada pureza escondida numa cave de um prédio na Achada de Santo
António, na Cidade da Praia, e que foi incinerada a 25 de outubro, na presença
de autoridades e de jornalistas.
Além da droga, a
Polícia Judiciária apreendeu milhares de euros e de outras moedas, milhões de
escudos cabo-verdianos em notas e 15 viaturas, das quais cinco veículos topo de
gama, três jipes, quatro "jet-sky", duas "pick-up", uma
"moto-quatro" e várias armas e munições.
Durante a operação,
foram detidos Paulo Pereira, a sua mãe, Ivone, e a irmã Ernestina, e Quirino
dos Santos.
A 20 de dezembro, a
PJ deteve o então presidente da Bolsa de Valores, Veríssimo Pinto, e mais cinco
pessoas: Carlos Gomes Silva, os empresários da construção civil António
"Totony" Semedo e Luís Ortet, o mestre de pesca Jacinto Mariano e o
também empresário Djoy Gonçalves.
A 22 de dezembro, o
Tribunal da Praia decretou prisão preventiva de quatro dos seis detidos, tendo
Djoy Gonçalves e Jacinto Mariano ficado sob regime de TIR (termo de identidade
e residência).
O mesmo destino
teve, posteriormente, o empresário ligado ao setor imobiliário José Teixeira, a
10 de fevereiro de 2012, e os seus colaboradores Nilton Jorge, Sandro Spencer,
Nerina Rocha, além de José Oliveira, funcionário do Banco Africano de
Investimento (BAI).
Além destes 15
arguidos, estiveram sob investigação várias empresas cabo-verdianas ligadas
direta ou indiretamente aos acusados: Editur, ImoPraia, AutoCenter, Aurora
Internacional e TecnoLage, todas com sede na capital cabo-verdiana.
Contudo, a
instrução do processo, que deveria estar concluída em sensivelmente três meses,
viria a revelar-se mais complexa, porque a PJ dependia de outras instituições,
sobretudo das respostas às solicitações de informações, algumas das quais
pedidas formalmente a outros países.
Por isso, o
julgamento só viria a ter início a 18 de março de 2013, mas a sessão foi
suspensa devido à ausência de um arguido, Jacinto Mariano, que residia em São
Vicente.
Os trabalhos
prosseguiram de dia 21 de março a 11 de abril, altura em que os advogados se
recusaram a entrar na sala de audiência em protesto contra a diretiva de serem
revistados à entrada.
O juiz Sebastião de
Pina nomeou novos defensores oficiosos que, porém, em solidariedade aos
colegas, não compareceram, tendo o diferendo sido sanado após dois dias, quando
o tribunal cedeu às exigências da defesa.
Os trabalhos só
foram retomados a 15 de abril e prosseguiram sem interrupção até ao dia 29,
quando o juiz prometeu a leitura da sentença para 03 de junho, data adiada por,
segundo a imprensa, não ter sido possível concluir o documento do veredito.
Sem comentários:
Enviar um comentário